terça-feira, 30 de outubro de 2007

A outra Fernanda.

No episódio anterior

"Não lute uma batalha se não ganhar nada ao vencê-la."
Erwin Rommell.

Por semanas, Jonas e Fernanda não se falaram. O único contato que tiveram foi pelos recados que mandaram um ao outro. O garoto estava abalado. Todo esse tempo sem conversar com Fernanda, suas dúvidas e o recado que ela recebeu, faziam Jonas se perguntar se realmente deveria investir naquele sentimento.
Jonas continuava a olhar as fotos de Fernanda, e a lembrar de suas conversas. Ele ainda a achava a menina mais linda do mundo e ainda tinha um carinho especial por ela. Jonas ainda queria conhecê-la pessoalmente, mas não se sentia mais apaixonado. Não tinha mais aqueles frios na barriga ao lembrar da garota e não conseguia mais sonhar com ela. Será que aquele sentimento estava morrendo?
Por um lado, Jonas queria lutar por Fernanda, queria ficar ao seu lado. Afinal, ela era a menina que ele sempre sonhou, tinha tudo que ele mais gostava. Se ele desistisse, talvez nunca mais encontrasse outra. Por outro lado, ele estava preso à Guanabara. Não tinha a menor condição de ir atrás dela. Muitos disseram "se você a ama de verdade, distância não é problema!" Realmente não é quando se tem um transporte ou grana pra comprar passagens. E mesmo que ele fosse atrás dela, onde iria ficar? Teria coragem de chegar e pedir pra ficar na casa dela? E será que Fernanda (ou melhor, os pais dela) confiaria num cara que nunca viu na vida?
Então, depois de tanto tempo, finalmente Fernanda apareceu. Jonas mal podia controlar a ansiedade, estava doido pra falar com ela. Não sobre o recado, não sobre suas dúvidas! Decidira que não iria falar nada daquilo. Só queria conversar com ela, do jeito que faziam antes de tudo acontecer.
"Oi Fê, como vc tá?" perguntou Jonas
Nada...
Jonas esperou, esperou, esperou e nada.
Será que ela não ouviu? Talvez esteja ocupada... Ou será que ela está ignorando?
Não, não poderia estar ignorando, Jonas não fez nada de errado. Mas ela sempre respondia, por que agora não?
Ele esperou mais um tempo, mas Fernanda foi embora, calada, do jeito que chegou. O que era mais estranho é que ela havia respondido aos recados, por que não conversaria?
Decepcionado e com o amor por Fernanda ainda mais abalado, Jonas foi dormir. Não conseguiu. Ficou revirando na cama, com mais dúvidas na sua cabeça, já cheia. Será que Fernanda era aquela garota ideal que ele imaginou que fosse, ou ela era mais uma menina comum? Talvez no dia seguinte ela aparecesse e esclarecesse tudo.
No dia seguinte, Fernanda apareceu e não disse nada. Jonas esperou por alguma reação, mas a garota ficou quieta. Estava estudando, ou fingia estar. Ele chegou manso, não queria atrapalhá-la. Mostrou uns desenhos a ela, mas Fernanda não disse nada novamente. Nem sequer olhou para os desenhos. Em outros tempos, ela olhava, e até elogiava antes de voltar a estudar. Ainda dizia "você não me atrapalha" quando o garoto se desculpava por tê-la interrompido. Dessa vez não. Não disse nada. Era como se ele não estivesse ali.
Decepcionado, Jonas decidiu então sair de perto dela. Talvez estivesse a sufocando demais. Seja como for, o garoto não a amava mais. Pelo menos não a garota que estava ali. Aquela não era a Fernanda que ele conheceu e que se apaixonou. A Fernanda que estava ali era fria, distante. Parecia ter sido dominada pelo lado sombrio, ou algo assim.
Aquele era o fim. Jonas não queria que terminasse assim. Queria ter ficado ao lado dela, tê-la conhecido pessoalmente, ter se tornado seu grande amigo, seu namorado e, quem sabe, num futuro distante, os dois estariam juntos e umas criancinhas ao redor brincando e gritando "uai" e "tchê"... (tá, foi viagem demais!)
Por mais que Jonas não gostasse, o amor por Fernanda estava morto. Pelo menos parecia estar. A ele, não restou outra opção, senão voltar a desenhar garotas de cabelos cacheados. Enquanto não a encontra...

Por enquanto, fim

Se você perdeu, aqui está a saga completa:
1 - Meninas sem rosto e de cabelos cacheados
2 - Fernanda
3 - Tão, tão distante
4 - Tudo que sobe...
5 - A outra Fernanda

Lucas C. Silva

domingo, 28 de outubro de 2007

Tudo que sobe...

No episódio anterior

"Oi, tudo sim" respondeu Fernanda. Jonas começou a conversar com a garota, queria quebrar o gelo. Então chegou a hora, não agüentava mais esperar. Como ele sabia que acabaria se enrolando se falasse, havia escrito uma declaração à ela e a entregou.
Cinco minutos depois, Jonas perguntou a Fernanda o que ela achou. Fernanda gostou, disse que gostava de conversar com ele e o elogiou. O garoto não sabia direito o que ela tinha pensado, estava em dúvida se ela sentia o mesmo que ele. Mesmo assim, estava muito feliz por ter se declarado a ela.
Quando terminaram de conversar, Jonas foi dormir. Feliz, como não se sentia havia muito tempo. Na noite seguinte, Jonas esperou por Fernanda no mesmo lugar. Sabia que ela apareceria, e ele queria muito conversar com a garota.
Antes dela aparecer, Jonas decidiu deixar um recadinho. Ao chegar no quadro de recados dela, leu o de outro rapaz, que dava a entender que os dois, ou tinham algo, ou estavam muito próximos de ter. Toda a felicidade de Jonas foi transformada em desgosto e raiva! Não era possível! Por que as coisas nunca davam certo para ele?
Não, não estava certo, não podia estar! Afinal, se aquilo estivesse acontecendo, por que ela falou aquelas coisas com ele? Jonas sabia o que fazer. Quando ela chegasse, ele perguntaria se estava acontecendo alguma coisa.
Não, ele não poderia perguntar... não poderia se meter assim na vida dela. Afinal, eles estavam muito distantes um do outro, ela não o esperaria pelo resto da vida. Mas e se ele não perguntasse, não saberia se aquilo era sério ou não. Poderia haver ainda uma esperança... Mas a esperança poderia ser falsa... Jonas estava completamente perdido.
Fernanda não apareceu naquele dia. Não apareceu na semana seguinte, nem na outra... Em todo esse tempo, Jonas ficou se perguntando o que estaria acontecendo e se um dia estaria junto de Fernanda...

Continua

Lucas C. Silva

sábado, 27 de outubro de 2007

Tão, tão distante...

No episódio anterior

Jonas sempre via Fernanda ir e vir e queria falar com ela. Por vezes, caminhou até perto dela, mas se distanciou antes da garota perceber sua presença. Ele não queria ser incoveniente, não queria forçá-la a conversar.
Num dia frio, ela apareceu. Jonas criou coragem e decidiu conversar com ela de novo. Chegou até ela e falou um tímido "Oi, tudo bem?". "Oi, tudo sim, e contigo?" perguntou Fernanda. Os dois começaram a conversar e se conheceram melhor. Fernanda, além de linda, era muito inteligente e alguém muito boa para conversar. Depois daquela conversa, Jonas teve certeza que os dois seriam grandes amigos, talvez poderia haver até algo a mais... Só havia um problema, uma pedra no meio do caminho.
Essa pedra tinha pelo menos 1500 km. Fernanda morava nos Sete Povos, muito longe de Jonas, que não tinha como ir até lá, já que estava na Guanabara. Mesmo assim, eles continuaram conversando. A medida que as semanas passavam, Jonas percebia que não a via do mesmo jeito.
Ele esperava ansiosamente para conversar com ela e quando os dois conversavam, tudo parecia estar na mais perfeita harmonia. Cada vez que eles conversavam, Jonas gostava mais de Fernanda e tinha mais certeza que ela era a garota que ele sempre sonhou. Ela o entendia, falava sobre coisas interessantes, não era como as pessoas que conviviam com Jonas e só queriam saber de vestibular. Fernanda não achava que antigas civilizações, curiosidades e outras coisas eram "cultura inútil".
O sentimento de Jonas passou a atormentá-lo. Ele não agüentava mais esconder o segredo. Ele estava louco para contar a ela o que sentia, queria arriscar tudo. À noite ele não conseguia dormir, ficava virando de um lado para o outro da cama só imaginando qual seria a reação dela. Será que ela sentia o mesmo? Ou será que ela era igual às outras meninas e fugiria dele?
Para aumentar seu desespero, pesadas chuvas desabaram em Sete Povos. Fernanda ficou sem aparecer por duas semanas.
Então, num sábado, Fernanda apareceu. Aquele era o dia. Jonas caminhou até ela e disse "Oi Fê, tudo bem?"

Continua

Lucas C. Silva

Fernanda

No episódio passado...

Jonas desenhou muito mais meninas de cabelos castanhos e cacheados. Com o tempo, os narizes foram melhorando. Não ficaram como ele queria, mas Jonas desistiu de apagar os desenhos.
Um dia, meio que por acaso, o garoto a viu pela primeira vez. Ela havia respondido uma pergunta dele. Era linda, tinha os mesmos cabelos cahceados das garotas dos desenhos, mas o rosto era diferente, muito mais bonito que ele havia imaginado.
"Devo falar com ela?" pensou. "Não, se eu chegar assim, de repente, ela vai ficar assustada, não vai querer falar comigo." E com esse pensamento, Jonas ficou a observando de longe, vendo suas perguntas e respostas e, por vezes, chegou a falar com ela, mas como outra pessoa qualquer.
Certo dia, criou coragem e foi falar com ela. Tudo que ele sabia é que a garota era chamada de Fê, que ela gostava do mesmo filme que ele e que ela era a garota mais linda dali.
Num fim de semana, eles se falaram pela primeira vez. Tímido e com medo de estar sendo chato, Jonas não se soltou muito. A garota ideal, além dos cabelos castanhos e cacheados, agora tinha rosto e um nome, Fernanda.
Mas Jonas achava que ela não tinha gostado dele e, por medo de forçar a barra, voltou a apenas olhar pra ela de longe. E ficou assim por meses...

Continua

Lucas C. Silva

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Meninas sem rosto e de cabelos cacheados

Jonas estava em seu quarto desenhando. Se não fosse pela fome, pelo sono ou pelo vestibular, o garoto desenharia por dias sem parar. Era seu modo de escapar dos problemas do mundo e de poder chegar mais perto de seus sonhos.
Seu tema favorito era aviação. A parede de seu quarto estava coberta de Boeings, Airbus, Tucanos, Dorniers, Spitfires e tantos outros aviões preto e brancos, já que Jonas não coloria seus desenhos. Mas há algumas semanas, o garoto não desenhava mais aviões.
O garoto passava horas desenhando, apagando, redesenhando e xingando quando errava. Queria fazer os traços perfeitos, queria fazer a garota perfeita. Sentia muita falta de uma, então decidiu criá-la. "Quem sabe assim não posso encontrar uma?" pensava o garoto. Nas folhas dos cadernos, nas capas dos livros e nos papéis sulfite multiplicavam meninas de cabelos cacheados e sem rosto.
Todas tinham os mesmos longos cabelos cacheados que, na imaginação do garoto, eram castanhos. Ao contrário da maiora dos rapazes, que preferiam cabelos lisos e loiros, Jonas, há muitos anos, gostava mais dos castanhos e cacheados. Sua garota ideal deveria ter os cabelos assim.
Ao terminar os cabelos, e os traços da cabeça, Jonas partiu para o rosto. Queria que fosse bonito como o da menina que sempre sonhava e ainda tinha esperança de encontrar. Começou traçando a boca, passou para os olhos, sombrancelhas, cílios. Estava ficando linda, como ele queria. Agora só faltava o nariz, o mais difícil.
Desenhou as narinas e a ponta do nariz. Ficou estranho. Apagou e recomeçou. Passando levemente o lápis, redesenhou aqueles detalhes... ainda não ficou legal. Apagou e refez os traços. O rosto ficara tão lindo, o nariz não poderia ficar feio. Foi-se passando o tempo, e a paciência do garoto foi-se esgotando. Ainda não estava bom, não estava simétrico. Ele apagou novamente. Só que dessa vez, o desenho ficou manchado. Tomado pelo cansaço e pela raiva, o garoto apagou todo o rosto e jogou o papel com a menina ideal junto com tantas outras, que também tinham cabelos cacheados, mas não tinham rosto...

Continua

Lucas C. Silva

Sugestão do Meus Pensamentos

20 Mil Léguas Submarinas - Júlio Verne
Ainda não terminei o livro, mas já recomendo. Em 1866 um monstro marinho começa a atacar vários navios por todo o mundo. Uma expedição da marinha dos EUA sai a procura do monstro e o professor Aronnax, um famoso pesquisador da vida marinha é convidado para a expedição. Então conhecem o misterioso capitão Nemo e a tripulação do submarino Nautilus.
Assim como outros livros de Júlio Verne, 20 Mil Léguas é uma excelente aventura, com uma linguagem prazerosa e muitas coisas que vimos na escola, tipo eletricidade, pilhas e geografia, mas não se preocupem. Não precisa decorar isso pra provas nem nada...
Se estão procurando um ótimo livro, Meus Pensamentos recomenda 20.000 Léguas Submarinas.

Ah, e por falar nisso, vejam esse trecho do livro:
"E capitão Nemo encarou-me como querendo ler meus pensamentos..."

Se já tiverem lido o livro, ou se tiverem interessados, comentem aqui. Se não tiverem, também podem comentar...

Lucas C. Silva

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Brasil Fora do Eixo

Hoje estou começando um novo blog, o Brasil Fora do Eixo.
Nesse blog estarei dando notícias, falando sobre curiosidades, fatos e coisas legais sobre os Brasil de fora do eixo Rio-SP.
Espero poder colocar dicas de viagem, vídeos, fotos e um pouco de tudo que acontece nesse Brasilzão de Deus e a imprensa bairrista não mostra.
Então, se você mora fora do eixo, ou se tem alguma curiosidade de lá, me manda um scrap.

Estou também querendo a colaboração de pelo menos um blogger de cada região do país. Se você estiver interessado, comenta aqui.

Valeu! Abração!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Domingo à tarde, na praça

Estamos sentados num banco da praça numa tarde de domingo. Só nós dois. Os únicos sons que ouvimos são nossas conversas, os pássaros nas árvores, os carros que cortam a BR 116 e a música no fone de ouvido que compartilhamos. Nada podia estar melhor.
Conversamos sobre tudo. Desde antigas civilizações até o Gloster Meteor* que está no meio da praça. Falamos sobre nosso passado, os antigos amigos, a escola, as viagens. Falamos sobre nosso futuro, nossas espectativas, nossos sonhos. Sobre nossas alegrias, tristezas, medos e realizações. Ficamos horas ali, sentados naquele banco, nos conhecendo melhor e tentando aproveitar os poucos instantes que temos para ficar juntos.
Enquanto estamos lado a lado, rindo juntos, percebo que não preciso de mais nada no mundo para ser feliz. Aliás, só preciso de mais uma coisa para ser verdadeiramente feliz. A gente está se olhando. Meu estômago está gelado, meu coração, disparado. Meio tímido, pego sua mão e acaricio. Já cheguei até aqui, não vou desistir agora. Não. Estendo a outra mão e afago seu lindo cabelo. O que será que ela está pensando? A gente está se olhando e...
É... para evitar mais sofrimento, vou parar de sonhar aqui. Parece que o inevitável aconteceu e o que estava distante, se distanciou mais ainda...
Só queria olhar nos olhos dela e dizer (e ouvir) 2 palavrinhas, que juntas dão apenas 5 letrinhas. Apesar de pequenas, elas têm um grande significado.

Lucas C. Silva

* para saber o que é Gloster Meteor, clique aqui

POSTAGEM DEDICADA A MEU TIO, PADRINHO E AMIGO GENTIL!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Você é um bom amigo, mas...

Se tem uma coisa que a vida me ensinou é que, quando uma menina vem com essa história de que "Você é um bom amigo..." se prepara, porque aí vem merda! Essa é daquelas frases que a gente não quer ouvir, mas sabe que acabará ouvindo. E muito do que eu sou hoje se deve a essa frase.
As meninas do meu antigo colégio são muito estranhas. Na verdade a maioria das meninas do mundo (gente, reparem bem o que eu disse, a maioria) são estranhas. Dizem que querem um cara legal, fiel, inteligente e que as faça rir. É, mas sempre acabam escolhendo um bonitão sem cérebro, ou um feioso com lábia. Os caras que realmente se preocupam com elas, que as querem ver feliz, ouvem "Ah, gosto muito de você, você é muito legal mas é só amizade."
Elas não sabem como dói ouvir isso.
O que dá mais raiva são os caras que escolhem! Geralmente é um bonitão sem cérebro, ou um mal caráter completo. Daqueles que jogam terra na sua cara para conquistar a menina e ainda tiram sarro disso. Eu passei por isso! O pior é que elas, ou não percebem isso, ou fazem de bobas. Afinal, não são elas que estão sozinhas mesmo! Parecem não gostar do cara que as quer bem de verdade, daquele que é fiel, que tem algum conteúdo.
Não sou perfeito, longe disso! Mas sei que posso fazê-las muito mais feliz que esses caras que elas escolhem. E estou disposto a fazer isso... Só falta esperar que elas abram os olhos e percebam isso...

É o que dizem:
"Amor é um negócio horroroso e terrível praticado por tolos. Vai partir seu coração e te deixar na pior.
E o que sobra pra você, no final?
Nada além de incríveis lembranças que não se esquecem.
A verdade é que haverá outras garotas por aí. Quero dizer, espero eu."

E tenho dito!

Lucas C. Silva

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Histórias de Cordeirinho

O Campeonato Brasileiro de Pênaltis

São José do Cordeirinho, Minas Gerais. 12 de abril de 1999
Cinco garotos, ainda com os uniformes da escola, estavam sentados no meio da Quadra Municipal. Um deles, rolava uma bola enquanto esperava a decisão dos amigos. Como estavam em cinco e ninguém queria ficar de fora, não dava para formar duplas para jogar futebol.
"Por que a gente não faz um campeonato de pênaltis?" perguntou o que estava brincando com a bola.
"Boa idéia, Cláudio! Vocês querem?" perguntou Lucas.
"Sim!" responderam os outros garotos.
"Tá legal, mas então vamos fazer tudo direitinho" disse Cláudio arrancando uma folha de seu caderno e tirando um lápis da mochila. "Que times vocês vão ser? Eu sou Grêmio!"
"Eu sou Inter!" disse seu irmão, Carlos.
"Eu sou Galo!" falou Marcos.
"E eu, Cruzeiro!" disse João.
"Não, Cruzeiro sou eu!" esbravejou Lucas.
"Mas eu falei primeiro!"
"Mas eu sou o mais velho! Por isso eu que tenho que ser o Cruzeiro!"
Marcos (que não se conformava como alguém poderia brigar para ser o Cruzeiro), Carlos e Cláudio acompanhavam a discussão sem dizer nada. Então Marcos disse:
"João, você não é fã do Pelé?"
"Sou."
"Então fica sendo o Santos! É melhor que essa bosta azul!"
"Ei! Olha como você fala do Zêro! Mas gostei da idéia, eu sou o Santos!"
Terminada a confusão dos times, a tabela dos jogos foi feita. O primeiro jogo seria entre Carlos e João, ou melhor, Internacional e Santos. Os meninos caminharam até uma das traves e tomaram suas posições.
"Mas, gente, vamos jogar esse campeonato até o fim! A gente sempre diz que vai terminar e nunca acaba!" disse Cláudio.
Os garotos aceitaram e a partida começou.
Por ser o mais novo da turma, Carlos, com seus sete anos, saiu derrotado por 3 a 0. Então veio o segundo jogo, Grêmio e Atlético Mineiro. Deu empate em 2 a 2. O Cruzeiro estreou contra o Santos com vitória de 4 a 0. Como Lucas era um bom goleiro, marcar gol nele era extremamente difícil.
Então chegou a rodada dos clássicos. O próximo jogo seria um Gre-Nal seguido por um Atlético e Cruzeiro. Para Cláudio e Carlos, aquilo era uma final de campeonato. Além da rivalidade entre gremistas e colorados, aquilo era a velha disputa entre irmãos.
Cláudio começaria chutando. Imaginou-se usando a camisa tricolor no Estádio Olímpico lotado. Ele pegou distância, o juiz apitara. Ele correu e...
"Cláudio! Carlos! Bah, então foi aí que vocês se meteram!" disse Lílian, a mãe dos garotos.
"É, mãe, a gente avisou que vinha jogar bola!" respondeu Cláudio.
"Vocês se esqueceram do médico! Vamos pra casa, já estamos atrasados!"
"Mas mãe..."
"Nada de mas! Vamos, se despedem dos seus amiguinhos."
Desapontados, os irmãos pegaram a bola, se despediram dos garotos e seguiram a mãe pela rua Olegário Maciel.
"A gente termina o campeonato outro dia!" gritou Lucas para os amigos, que já haviam atravessarado a rua.
Marcos, João e Lucas pegaram suas coisas e foram embora. Ao lado da trave, ficou a tabela daquele campeonato que, como muitos outros, nunca foi terminado.

Lucas C. Silva

sábado, 13 de outubro de 2007

Queria ser piloto...

Sabem aqueles nossos sonhos de infância que, quando crescemos, ficamos chateados por não termos realizado? Pois é, ser piloto é o meu. Nossa, pra mim não tem coisa mais legal que voar! Poder ver o mundo lá de cima, vestir aquele uniforme superlegal, sentir o friozinho na barriga na decolagem, ter a sensação que não existe limites... Ser pago para voar! Dá pra imaginar isso? Deve ser muito bom ser piloto!
Me lembro de quando eu tinha 5 anos e as tias da pré-escola me perguntavam "o que você quer ser quando crescer?" e eu respondia "quero ser piloto de caça supersônico!" Não fazia a menor idéia do que queria dizer "supersônico", mas sabia muito bem o que era um caça e queria estar no comando de um!
Acho que queria ser piloto porque cresci cercado de aviões. Meu pai trabalhou por muitos anos na Varig (trabalhava em solo, mas era numa empresa aérea) e sempre trazia revistas e contava histórias do aeroporto. Até os 3 anos de idade, sempre meus pais me levaram ao Domingo Aéreo, um show aéreo que sempre ocorre no fim de outubro no Campo de Marte (SP). Depois disso, me mudei para a Zona Leste de São Paulo, há uns 10 km do aeroporto de Cumbica. Então passei 11 anos vendo aviões subirem e descerem. Isso sem contar com os filmes, vídeos, jogos de computador e brinquedos (muitos aviõezinhos que ainda tenho guardado em uma caixa de sapato).
Infelizmente descobri que não posso pilotar. Tive traumatismo craniano aos 9 anos de idade e, por causa da cirurgia que fiz na época, a ANAC não me deixa voar... O estranho é que na Segunda Guerra houve um grande ás, que voou sem as duas pernas. Ele usava pernas mecânicas e deixaram ele voar. Já eu, por causa de um traumatismo, que não deixou seqüelas, não posso...
Ah, tudo bem... Fazer o que, né? Bem, é isso... Agora me dêem licença, porque vou pilotar um pouquinho aqui no meu simulador de vôo.

(cmte) Lucas C. Silva

ESTE BLOG VALE A PENA CONFERIR

É com grande alegria que informo que o Meus Pensamentos recebeu o selo "Este Blog Vale a Pena Conferir". Primeiro prêmio ninguém esquece! Fui indicado pela Jéssica, a dona do Devaneios Bobos, um blog "Totalmente Excelente"!. É graças a esses reconhecimentos e essas críticas construtivas que continuo postando aqui. Confesso que no início, pensei até em desistir do blog, mas continuei escrevendo e aperfeiçoando até chegar aqui.

Agora, 5 blogs excelentes, que merecem este selo:
Bastarda Alienação
Mundo Simpson
Sozinho na Noite
Não se Perca ao Entrar no Meu Universo Particular
Laboratório de Geografia

Jéssica, muito obrigado pela indicação! E um muito obrigado a você, leitor (a) que sempre posta aqui!
Também quero agradecer à Prof. Juliana que me deu a idéia de fazer esse blog!

Um grande beijo pras meninas e um grande abraço pros caras!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O que sete raios não fazem...

Roy C. Sullivan era um guarda florestal ianque que sobreviveu a sete raios ao longo de sua vida. Não, você não leu errado nem eu me enganei. O cara resistiu realmente a sete raios mesmo!
O primeiro foi em 1942, quando ele estava numa torre de observação. Ele perdeu a unha do dedo do pé (só não me perguntem qual). O segundo raio o atingiu em 1969, enquanto ele dirigia. Ele perdeu as sombrancelhas. Em 1970 Roy estava no quintal de casa quando o terceiro raio o atingiu no ombro esquerdo. Em 1972, enquanto ele estava num posto de patrulha, o quarto raio o pegou. Seu cabelo pegou fogo e ele passou a acreditar que "forças superiores" queriam matá-lo. Em 1973, o quinto raio atingiu sua cabeça, o jogando para fora do carro. Seu cabelo pegou fogo novamente. Em 74 foi a vez do sexto, queimando seu tornozelo. E finalmente em 1977 o último raio o atingiu. Ele foi levado ao hospital com queimaduras no peito e na barriga e viveu pra contar a história.
Infelizmente, Roy morreu em setembro de 1983. Não, não foi por causa de um raio. Ele teve uma desilusão amorosa e se matou com um tiro.
Coitado, sobreviveu a sete raios mas morreu por causa de uma mulher...
Se acham que estou mentindo, leiam a história dele no Wikipedia.

Lucas C. Silva

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Sugestão do Meus Pensamentos

Lighthouse Family

Procuram uma boa música para relaxar em casa, no carro ou em qualquer lugar? Então aqui está a resposta. Lighthouse Family era uma dupla britânica formada em 1995 e desfeita em 2004. Tunde Baiyewu, o vocalista, lançou ainda um cd solo mas não fez tanto sucesso quanto os que lançou na época de sua parceria com o compositor Paul Tucker.
A dupla lançou 3 cds. Ocean Drive, em 1995, Postcards From Heaven, em 1997, e Whatever Gets You Through the Day (foto) em 2001, além dos cds Greatest Hits, de 2002, e Relaxed & Remixed, de 2004. Suas músicas são uma mistura de lounge, com soul e baladas românticas. Lighthouse foi lançado no Brasil pela Antena 1 e chegou a fazer sucesso com as músicas High e Loving Every Minute, que fizeram parte da trilha sonora de novelas da Globo e ainda são lembradas hoje em dia, mas muita gente não associa o nome à música. Eles vieram ao Brasil apenas uma vez, para gravarem o clipe de Lost in Space (assistam abaixo), porém nunca fizeram um show por aqui. Apesar da separação da dupla, em 2004, as músicas ainda fazem sucesso nas rádios do tipo da Antena 1, JB FM, Paradiso e outras do gênero. Prova do sucesso que a banda ainda faz foram os shows que Tunde Baiyewu fez na Inglaterra em janeiro de 2007.
Se estão procurando música para relaxar que fazem seus ouvidos agradecerem, recomendo Lighthouse Family.

Abaixo, alguns clipes do Lighthouse Family:

High (Forever You and Me)


Loving Every Minute


Lost in Space


Free


Lucas C. Silva

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Lições de um fim de semana.

Nesse fim de semana confirmei algo que venho pensando há muito tempo. Viver é muito parecido com andar de bicicleta. É algo extremamente prazeroso, que faz bem e que deve ser feito com um certo cuidado. Mas mesmo com todo o cuidado do mundo, a gente acaba caindo. Pode ser uma quedinha mais leve, que só dá uma ralada, ou uma queda mais grave, que nos machuca sériamente. O que devemos fazer quando caimos? Nos levantar, ver se está tudo bem e continuar pedalando.
A vida é assim. Sempre temos uma queda que nos machuca. Como no caso da bicicleta, algumas quedas são mais leves, outras são mais graves e nos ferem mais. Mas, independente de quanto nos ferimos, sempre devemos reunir forças e continuar seguindo nosso caminho. Não podemos desistir logo na primeira dificuldade, pois assim perdemos o prazer de viver.
Estou escrevendo isso para dar forças aos que tiveram alguma queda, assim como eu tive nesse fim de semana. Não desistam. Se for preciso, pedalem por outro caminho, mas sempre continuem pedalando.
Bem, é isso. Não estou muito inspirado pra escrever, mas queria dar esse recado aos leitores do Meus Pensamentos.

Para terminar, uma frase de William Shakespeare:
"Há quedas que vêm para ascenções maiores."

Um grande abraço aos caras e um grande beijo pras meninas!

Lucas C. Silva

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Eu quero...

Eu quero acordar de manhã ao som dos pássaros, quero passear pelas ruas tranqüilo, sem medo de ser assaltado ou morto. Quero dormir a noite sem medo de uma bala perdida atravessar minha cabeça enquanto eu sonho. Quero ligar a TV, assistir aos jornais e não ver que outra criança foi baleada enquanto ia pra escola, que outra pessoa foi seqüestrada e que outro grupo de turistas foi roubado ao chegar aqui.
Eu quero dizer que sou de Divinópolis e não ouvir ninguém rindo disso. Quero sair com minhas camisetas do Atlético e não ser chamado de botafoguense. Quero acordar e ver as montanhas de Minas, passear pela lagoa da Pampulha, dirigir meu Stilo pelas ruas de Belo Horizonte e ouvir Willy Gonser narrando os jogos do Atlético. Comer pão-de-queijo no café da manhã, pão com mortadela e guaraná Pon Chic no lanche da tarde e tropeirão aos domingos no Mineirão.
Quero abraçar uma garota, beijá-la e dizer ‘eu te amo’. Quero ser abraçado por uma garota, ser beijado e ouvi-la me dizer ‘eu te amo’. Quero andar de bicicleta com uma menina, viajar com ela, afagar seus cabelos, deitar em seu colo enquanto ela me acaricia. Quero agradecer a Deus todas as noites por ser feliz ao lado dela. Quero me apaixonar e não sofrer por isso. Amar e ser amado. Quero me casar, formar uma família e viver com a mesma mulher pelo resto da vida.
Quero viajar. Acordar num lugar e dormir em outro completamente diferente. Pegar minha bicicleta e sair sem rumo. Quero esquiar em Bariloche, andar de camelo no Saara, ver as horas no Big Ben, dar um mergulho na Austrália e gritar para ouvir o eco no Grand Canyon. Quero ser um aventureiro. Dar a volta ao mundo em oitenta dias, voar da Terra à Lua, e viajar vinte mil léguas submarinas. Quero aprender novas línguas, conhecer novas culturas e fazer novos amigos. Poder dizer aos meus netos que já visitei todos os países e contar a eles sobre as pessoas e lugares incríveis que conheci.
Quero falar o que penso sem ser castigado, julgado ou caçoado. Quero brincar na neve, jogar futebol na chuva, andar de bicicleta no barro, deitar na grama e olhar as estrelas. Quero tomar sorvete numa pracinha do interior, conversando com meus primos e vendo a tarde passar. Quero voar, ver o mundo inteiro lá de cima. Levar meus filhos ao Mineirão. Assistir a um Atlético e Cruzeiro sem medo de apanhar dos cruzeirenses. Quero assistir esse jogo cercado pelas duas torcidas, com pais e filhos nas arquibancadas assistindo ao espetáculo usando suas camisas azuis e alvi-negras lado a lado. E sair do estádio rindo com o torcedor adversário sem me importar se o Galo ganhou ou perdeu.
Quero viver num mundo onde valemos mais que dinheiro. Onde corrupção seja uma mentira. Onde as crianças tenham educação, os doentes tenham hospitais, não existam policiais, pois não existe crime. Onde os políticos nos ouçam e atendam nossas necessidades. Quero morar num país onde o eixo Rio-São Paulo não seja o “centro”. Onde o Acre seja tão importante quanto o Rio de Janeiro.
Quero viver num mundo onde as guerras sejam só de travesseiros, bolas de neve ou bexigas d’água. Onde violência fique só nos livros de história, pra nos lembrar dos erros do passado. Onde o planeta não esteja esquentando, as florestas diminuindo e os animais sumindo. Quero que meus filhos vejam os animais em seus habitats, não em zoológicos ou em documentários da National Geographic. Quero ver os seres humanos fazendo contato com os ETs e aprendendo com eles como viver mais e melhor.
Tudo o que eu quero se resume em três palavras:
Quero ser feliz.

Lucas C. Silva

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Sugestão do Meus Pensamentos

ABC do Amor (Little Manhattan - EUA 2005)

Não sou muito fã de filmes românticos, mas esse é muito bom! ABC do Amor conta a história de Gabe (Josh Hutcherson) , um garoto de 10 anos, cujos pais estão se separando, que se apaixona por Rosemary (Charlie Ray), uma amiga da escola. O problema é que ela é sua primeira paixão e ele não sabe direito o que fazer. A graça do filme está nas dúvidas do garoto e em tudo o que ele passa. É exatamente o mesmo que muitos de nós enfrentamos no passado e até hoje em dia mesmo. Além da história muito bem contada, a trilha sonora é excelente, apesar de muitos dos músicos e bandas não serem das mais conhecidas.
Se vocês procuram uma boa história de amor (e como Gabe diz no começo, é uma verdadeira história de amor) ou um bom filme pra se assistir com a família, esse é uma boa sugestão.

Aqui está o trailer em inglês:


Quem assistir ou já tiver assistido poste aqui dizendo o que achou.

Lucas C. Silva