sábado, 23 de fevereiro de 2008

Histórias de Cordeirinho

A Briga - Parte Final

São José do Cordeirinho, Minas Gerais. 24 de janeiro de 2008
Júlio não conseguia acreditar que sua filha tinha dormido com o namorado e não tinha dito nada. Se ela tivesse contado antes, ele teria aceitado sem problemas.
“Será que teria mesmo?” disse uma voz em sua cabeça.
Júlio chegou na casa dos Menezes na hora que Luiz estava saindo para o trabalho.
“Cadê seu filho?” perguntou com rispidez.
“Tá tomando o café. Aconteceu alguma coisa?” perguntou Luiz surpreso.
“Chama ele lá pra mim!”
Sem entender porque o chefe estava procurando seu filho naquela hora da manhã, e usando pijama, Luiz buscou Mateus, que chegou dizendo:
“Bom dia, Júlio, tudo bem?”
“Na verdade, não! Que história é essa de você ir morar junto com a Fernanda em BH?”
“Morar com a Fernanda? Não! Ele vai morar com meu irmão, o Augusto!” disse Luiz sem saber da conversa que o filho e a namorada tiveram na noite anterior.
“Era só uma idéia! Não tem nada combinado ainda.” disse Mateus com sinceridade.
“Não foi isso que a Fernanda veio me contar hoje de manhã não! Ela veio falar que vocês estavam planejando morar juntos!”
“Júlio, era só uma idéia! A gente só comentou isso!”
“Tá me chamando de mentiroso? Porque se tem um mentiroso aqui, é você!”
“Olha só, Júlio, não vou aceitar você tratando o Mateus desse jeito, não!” rosnou Luiz para o amigo.
“Ele não te contou, né? Não contou do mesmo jeito que a Fernanda não me contou que eles dormiram juntos! Eles quebraram a promessa que fizeram comigo!”
Luiz olhou surpreso para o filho, que avançou para cima de Júlio.
“Dormi com ela mesmo, e daí? Vai querer que eu me case com ela? Se é isso que você quer, vamos lá no cartório que me caso com todo o prazer! Talvez casada, a Fernanda possa crescer!”
“Me trate com respeito, moleque! E você, Luiz, o que tá esperando pra ir trabalhar?”
“Pra começar, quem veio com falta de educação foi você, Júlio. Então, você que o trate com respeito! E não vou trabalhar enquanto você não se acalmar! Se quiser me demitir, me demita!”
“Não, pai, vai lá! Quero conversar de homem pra homem com o Júlio!”
Luiz olhou para Mateus que insistiu. Então pegou suas coisas e se dirigiu para a redação do Diário de Cordeirinho.
“Júlio, pelo amor de Deus, deixa de ser antiquado! A Fernanda não é mais uma menininha! Ela já é uma mulher! Uma mulher de família e responsável! E, mesmo que ela não more com você, ela sempre será sua filha! Sempre vai te amar e te respeitar!” disse Mateus tentando controlar a voz.
“Então por que vocês fizeram aquilo?”
“Porque a gente se ama! Pelo mesmo motivo que a gente quer morar juntos! Poxa, Júlio, sei que a gente deveria ter te contado o que aconteceu, mas ficamos com medo da sua reação. Eu e a Fê nos conhecemos há 7 anos, namoramos há 5, tem muito casamento que dura muito menos. Já passamos por muitas dificuldades e sempre saímos delas mais fortes do que entramos. Não quero morar com ela pra levar ela pra cama! Não! A gente quer morar juntos pra se ajudar, se proteger, pra se cuidar. Você morou sozinho em São Paulo e sabe como é difícil! Você acha que a Fê merece passar pelas mesmas dificuldades que você passou?”
“Não, e é por isso que ela está indo morar com a tia.”
“Bem, se essa é sua decisão, não vou discutir. Faça o que achar melhor.” disse o garoto dando as costas ao sogro e caminhando para casa.
Júlio ficou parado na entrada da casa de Mateus por alguns instantes, então voltou para casa. Ao chegar, foi direto para o quarto da filha, que estava trancado.
“Nandinha, a gente pode conversar?” perguntou calmo, batendo na porta.
A garota não respondeu. Júlio ouviu passos e o barulho da chave girando na fechadura. Fernanda nem olhou para o pai. Voltou para a cama e se deitou para continuar chorando.
“Queria pedir desculpa, pai. Desculpa pelo que eu fiz e pelo que eu disse. Você não sabe como tô me sentindo horrível!”
“Não, amor, eu que peço desculpas.” disse Júlio acariciando a nuca da filha.
Sem entender, Fernanda se virou para o pai que disse:
“Eu peço desculpas por ter te prendido esses anos todos, por não ter deixado você mais livre. Não fiz isso porque não gostasse de você, ou porque eu era mau. Fiz isso porque te amo muito e sempre quis te proteger. Não queria te ver sofrer ou em problemas.”
“Eu sei, pai. E também sei que não deveria ter feito aquilo com o Mateus.”
“Não, Fê. O Mateus tem razão, vocês não fizeram nada errado! Eu é que fiz errado, quando proibi vocês de dormirem juntos. Ainda mais depois de 5 anos de namoro! Eu adoro ter ele como genro e já disse várias vezes que se eu pudesse escolher um namorado pra você, teria escolhido ele. Além disso, sei que se fosse qualquer outra pessoa, você não teria feito nada.”
“É o que eu pensei na hora, pai. Você me conhece como ninguém e sabe que eu só faria aquilo com a pessoa certa pra mim. E o Mateus é essa pessoa. E...”
“Não, Fê... Não diga mais nada. Você não sabe como me sinto culpado por tudo isso. Então, você me desculpa?”
“Você não tem porque pedir desculpas, pai.” disse Fernanda abraçando Júlio e beijando sua bochecha. “E vou morar na casa da tia Luiza sem problemas.” disse triste.
“Você quer isso de verdade?”
“Quero...” mentiu a garota.
“Que pena, porque não vejo problema nenhum em você e o Mateus morarem juntos.”
“Sério, pai?”
“Sério!” disse Júlio sorrindo e abraçando a filha. “Só não quero saber de netos... por enquanto!” brincou.
“Pode ficar tranqüilo, que nem eu não quero te dar netos... por enquanto!”
Na segunda semana de fevereiro, depois de muitas conversas e muito planejamento, finalmente Mateus e Fernanda conseguiram morar juntos.

10 comentários:

Gabriel de Oliveira disse...

Cara, at� que enfim os dois conseguiram morar juntos, n�o �?

Muito bom o seu texto...

Parab�ns pelo blog e tudo de bom!

Bruno Moura disse...

Lembrei de Eduardo e monica. hehehe

Flá Romani... disse...

Obrigadaaaaa pelo comantário

é Star Wars na veia hihihihih

^^

Hericson Duarte disse...

hauhauaha

comentarios = pensamentos

hauhauahauahu

Lucas o Pensador !

vlws

Euzer Lopes disse...

Em dois tópicos anteriores eu falei dos conflitos de opiniões entre a geração do pai de Fernanda e a geração de Fernanda e do namorado.
Agora eu falo de uma coisa muito mais séria que muitos jovens namorados fazem que, embora sem intenção (ou talvez com as melhores delas), acabam fazendo um perigoso test-drive de casamento.
Corto os pêlos brancos do meu saco, um a um (e são muitos) que eles vão viver uma vida de casados, vão enfrentar problemas de "marido-e-mulher", a barra de administrar não apenas a vida a dois mas "a casa dos dois". Será que esse namoro resistirá a um chuveiro que queima às 11 da noite?
Se não houver gás encanado, será que sobrevive ao botijão que resolveu acabar bem na hora que assavam aquela pizza?
Resistirão a ônibus lotado em dia de chuva voltando da faculdade.
E, pior: resistirão à cara amassada, ao mau humor e ao mau hálito do outro quando o ato de "acordar junto" será agregado ao tão sonhado "dormir junto"?
Tomara que sim!
Assim, será realmente AMOR

Henrique Monteiro Alive disse...

Finais felizes não é o meu estilo, mas o conto teve um ótimo desenrolar dos fatos.
Se bem que eu colocaria uma briga entre o pai e o namorado, e deixaria a estória com mais um capítulo.
:D


Um errinho, que eu percebi:
“Pode ficar tranqüila, que nem eu não quero te dar netos... por enquanto!”

No caso seria "tranqüilo", já que ela se refere ao pai.
:)


Abração.

Henrique Monteiro disse...

Finais felizes não é o meu estilo, mas o conto teve um ótimo desenrolar dos fatos.
Se bem que eu colocaria uma briga entre o pai e o namorado, e deixaria a estória com mais um capítulo.
:D


Um errinho, que eu percebi:
“Pode ficar tranqüila, que nem eu não quero te dar netos... por enquanto!”

No caso seria "tranqüilo", já que ela se refere ao pai.
:)


Abração.
[postei esse coment de novo, pois eu estava logado com a outra conta, sendo que quase não a uso]

Tyler Durden disse...

Muito legal essas estórias que retratam a vida real...

Já fazia um tempo que nao passava por aqui, meu blog já tá abandonado e vou acabar finalizando ele, já que estou com idéias para um novo blog, com um estilo diferente....
Mas é bom saber que ainda existe alguém que ainda passa por lá....

M. disse...

E agora, acabou? Faz uma continuação alternativa só pra botar um final triste, vai? hehehe.

Terminou tudo tão certinho, só faltou um "E viveram juntos para sempre"!

beijos
www.outroblogdamary.com

Anônimo disse...

concordo com a mary.. ficou bem folhetim... precisa de um final supreendente... mas tá bão de ler, gosto muito desse diálogo intenso.

Eu tenho um blog que escrevo os 'dialogos' que tenho comigo mesmo... acessa lá :D

boa sorte..


www.baobas.blogspot.com