quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ansiedade

Ele anda de um lado para o outro, levanta, senta, rabisca numa folha de papel, olha o corredor, olha o relógio e nada. Ouve uma música, mexe nas suas coisas, conversa com os amigos - que nem desconfiam o que passa em sua mente e em seu coração - e volta a se sentar e a esperar.
Uma pessoa passa pelo corredor e, com ela, vem o frio na barriga e o coração disparado. Não é quem ele espera. "Não, isso não está certo! Não tenho motivos para estar ansioso!" pensa. Se levanta e vai caminhar. Caminha pelos corredores da universidade tentando se convencer de que não há motivos para estar assim. Pára no bebedouro, bebe um golinho d'água. Pára na frente de um painel de avisos e procura por um estágio. Nada. Passa o olho também na programação cultural, nos anúncios esportivos, nos avisos de objetos perdidos sem prestar atenção em nada que leu. Sua mente está longe. Onde? Não se sabe. Ele senta numa cerca e começa a conversar com um amigo, pra ver se distrai.
Pessoas passam por ali, muitas delas em grupos, conversando sobre os mais variados assuntos. Algumas passam correndo, atrasadas, enquanto outras passam tranqüilas, rindo. Outras passam lendo uma das inúmeras xerox e alguns casais de namorados passam de mãos dadas. Mas quem ele espera, não passa.
Está na hora de entrar, quem ele espera não chegou, assim como o professor. Ele se senta em sua cadeira habitual. Um grupo de alunos, alguns sentados na mesa do professor, conversa e ri. Outros dois, estão no quadro, desenhando e conversando. E ele está ali, sentado, com o pensamento ainda longe. Se assusta quando Lucas o pergunta o que acha do desenho que acabou de fazer no quadro. Responde que gostou sem prestar atenção e volta a seus pensamentos.
Por mais que odeie admitir, ele sabe, está... Não, não pode estar! Acabaram de se conhecer, não pode estar assim, tão cedo. A imagem de sua prima lhe dizendo "você se empolga muito fácil" vem a sua mente, como se fosse sua consciência lhe dizendo isso. "Não, não estou apaixonado!" diz para si mesmo com convicção.
Alguém entra e o cumprimenta. É ela! Controlando a voz para que sua alegria não seja notada, responde, com um sorriso. Ela se senta ao seu lado e os dois conversam um pouco, antes de o professor chegar e começar mais uma entediante aula. Resistindo à tentação de olhar para ela, ele se restringe a olhar para o professor. E volta a amá-la em silêncio.

Lucas C. Silva

5 comentários:

Anônimo disse...

AAhh meu!! que lindooo

tenhu uma historia meio por aii tbem lucão
se quiser confira depois
http://ksmeira.spaces.live.com/


quero saber viu...a continuação dessa historia aqui ...

"Jonas & Leticia - University!!"

=P

te cuida

Jonas Drumond disse...

isso e muito legal, sei como e essa ansiedade, passo por isso de vez em quando, deve ter uns 4 anso que passei por isso rsrrsrsrsrsrs...
Fui cara até mais...

Euzer Lopes disse...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh, que bonito...
Essas saudáveis (e saudosas) paixões universitárias.
Muitas ainda passarão por estas carteiras.
Por que foi que eu tive a impressão de ter lido um texto autobiográfico?

Wander Veroni Maia disse...

Oi, Lucas! Vc tem um talento enorme com as palavras. A descrição chega a ser tão rica que as cenas vem na nossa cabeça como um flash. Acho que o Euzer tem razão: esse texto pode ser auto-biogáfico.

Abração e vou ler o próximo!

=]
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http://cafecomnoticias.blogspot.com

Anônimo disse...

Muito bom mesmo!! Gostei pra caramba, parecia q eu tava lá!!
(Até pq me identifiquei um pouco!! hehehehehehe)
Continue usando esse dom!!
Abraço!!