quarta-feira, 30 de abril de 2008

De BH a Diamantina

Parte 4 - O fim da viagem

"Edu, olha aquilo" disse Mariana apontando para uma estátua ao lado da estrada, bem no meio da Serra do Cipó.
Eduardo estacionou o carro e o casal caminhou até a estátua de um homem sentado. Seu Juquinha, o homem da estátua, era um andarilho que morava numa gruta na Serra do Cipó. Ele apanhava flores e as presenteava, vivas, aos visitantes da Serra. Em troca, recebia comida e roupas. É considerado o guardião da Serra do Cipó.
O casal tirou uma foto junto da estátua e seguiu seu caminho. Já passava das 4 horas e ainda tinha muito chão até Diamantina. Os salgadinhos que comeram quando estavam perdidos na serra não substituíram um almoço e a fome que sentiam enquanto tentavam achar o caminho certo, estava mais forte.
A Serra do Cipó estava ficando para trás e agora Eduardo e Mariana seguiam a MG 010 paralela à Serra do Espinhaço, cada vez mais para o norte de Minas. 20 quilômetros a diante, estava Conceição do Mato Dentro, onde abasteceriam o carro e comeriam alguma coisa, se não encontrassem alguma lanchonete na estrada. Para sua sorte, encontraram uma.
Comeram uns pães de queijo com refrigerante e compraram mais para levarem no carro. Assim que saíram, Mariana olhou para a serra e viu uma cachoeira altíssima.
"Olha que cachoeira linda, amor!"
Eduardo, que estava dirigindo, deu uma olhada rápida e perguntou à noiva se queria dar uma passada por lá.
"Ah, não sei. Não tá ficando tarde?" disse Mariana.
"Agora são 4:30. O sol só se põe às 7:30, 8... se a gente encontrar um caminho daqui da estrada, dá pra ir."
"Ah, então vamos!"
Eles seguiram a estrada até chegar na cidade, e não viram nenhuma sinalização para chegar à cachoeira. Ao pararem num posto para abastecer, ficaram sabendo que aquela era a Cachoeira do Tabuleiro, a maior de Minas Gerais e terceira maior do Brasil, com 273 metros de altura. Como ficava dentro de um parque que estava fechado no dia, não dava para chegar até ela. E para alcançá-la, era preciso fazer uma caminhada de 1 hora e 20 por uma trilha, além de estar acompanhados de um guia, e tempo era algo que Eduardo e Mariana não tinham.
"Aqui perto tem o Salão de Pedras, fica a uns 3 quilômetros daqui do centro e o caminho é bem sinalizado." disse o frentista.
O casal aceitou a sugestão e fez uma visita ao parque, que ficava numa colina nos arredores da cidade. A formação de pedras era belíssima e o silêncio do local, quebrado apenas pelo barulho do vento, dos pássaros e a conversa de uns escaladores que planejavam subir as pedras mais altas, faziam dali um ótimo lugar para passar o dia.
"É, Mari, acho que não quero ir embora daqui não..." disse Eduardo sentado numa pedra e abraçado a noiva.
"Imagina como deve ser o pôr do sol daqui!"
"Nossa, deve ser lindo! Quer ficar pra ver?"
"Ah, amor, eu até queria ficar, mas ainda falta umas duas horas até Diamantina. Vamos continuar viajando." disse Mariana beijando o noivo
"Tá..."
O casal tirou várias fotos no parque e voltou para o carro. Saíram de Conceição do Mato Dentro às 5. Passaram por Serro por volta das 6 e um pouco mais de uma hora depois estavam chegando a Diamantina, onde procuraram por uma pousada para passarem a noite.
Pela manhã, Eduardo e Mariana saíram para conhecer a cidade. Como o dia estava nublado, com ameaça de chuvas fortes, o casal decidiu não se aventurar pelas estradinhas de terra que os levaria às diversas grutas e riachos da região. E apesar de passarem o dia apenas no perímetro urbano, o passeio não deixou de ser maravilhoso.
Conheceram o casarão onde a famosa Chica da Silva viveu. Entre lenda e realidade, dizem que a linda escrava seduziu o rico contador de diamantes João Fernandes de Oliveira e se tornou uma das mulheres mais ricas - e cruéis - da região. Dentro do casarão, viram dados e quadros da ilustre moradora. Ao saírem, passaram pela igreja barroca de Nossa Senhora do Carmo, a única do gênero no Brasil a ter sua torre nos fundos. Dizem que foi Chica da Silva que mandou construir a torre nessa posição para que os sinos não atrapalhassem seu sono.
"Mas será que ali atrás os sinos não incomodavam a Chica não?" perguntou Eduardo.
Mariana sorriu e o casal continuou seu passeio. Passaram pela Catedral Metropolitana de Santo Antônio da Sé, uma grande igreja construida em 1940, no lugar onde ficava a velha matriz. Ainda passaram pela praça JK, pela casa onde Juscelino Kubitschek nasceu, pela antiga prefeitura entre tantos outros lugares da cidade. No casal, ficava sempre a mesma impressão de terem voltado ao tempo. As pessoas com roupas de época que andavam entre os turistas, combinadas com a arquitetura das casas e as ruas de pedras, davam ainda um clima mais romântico e histórico à cidade.
Depois do almoço, cansados de tanto subir e descer ladeiras, Eduardo e Mariana voltaram para o carro, debaixo de uma forte chuva, e pegaram a estrada de volta a Belo Horizonte. Dessa vez fariam outro caminho para a capital, passando por Curvelo e Sete Lagoas, no lado oposto da Serra do Espinhaço ao que foram para Diamantina.
"Não vejo a hora de chegar em casa e descansar." disse Mariana.
"É, somos dois! Se parasse de chover só um pouquinho, a gente podia chegar em casa mais rápido"
"É verdade."
Mariana deu um beijo em Eduardo e ligou o som do carro. O CD do Victor e Léo que estavam ouvindo na ida já havia terminado e a moça procurava por outro para ouvirem.
"Edu, cadê a bolsa de CDs?"
"Não tá aí no porta-luvas?" perguntou o rapaz olhando rapidamente para a noiva.
"EDUARDO, CUIDADO!!!" gritou Mariana desesperada.
Eduardo não conseguiu frear nem desviar do carro que vinha na contra mão.


Continua...

Lucas C. Silva

ps. Não percam o último episódio da viagem e se vocês quiserem saber mais sobre os lugares visitados (e não visitados também) nessa série, minha dica é o site Desvendar. Foi dele que tirei as informações dessa viagem, que eu nunca fiz, mas espero fazer um dia.

* Fotos de: Emilio Paulo, Fernando Bezerra, rmartinipoa

terça-feira, 29 de abril de 2008

De BH a Diamantina

Parte 3 - A procura do Cânion

O carro parou naquela estradinha deserta e o casal se olhou. Mariana, assustada, disse:
"Perdidos? Como assim?"
"Uai, perdidos! Não sei onde a gente tá indo!"
"Pro cânion, não?"
"Eu também pensei que a gente ia pro cânion, mas a gente já andou uns 30 quilômetros e nem sinal do bendito! Já era pra gente ter chegado nele!"
"Mas também, amor, o tanto de desvios que a gente pegou, não é de surpreender que a gente não tenha chegado."
"Claro, não tem uma bosta duma placa pra indicar o caminho! " disse Eduardo enfurecido, dando meia volta.
Enquanto voltavam, Mariana permaneceu em silêncio. Sabia que o noivo estava a ponto de explodir e não queria uma discussão ali.
"Pode desligar o rádio, por favor?" perguntou Eduardo e Mariana o fez.
Para ajudar, já passava do meio dia e nenhum dos dois havia almoçado. E o carro havia chegado num lugar onde a estrada se dividia em duas. Eduardo olhou para as estradas, que pareciam exatamente iguais e procurou ao redor por alguém que pudesse dizer como se chegava ao Cânion Travessão, ou pelo menos na MG 010.
"Você lembra por onde a gente veio?" perguntou Eduardo com uma falsa calma na voz.

"Lembro não, Edu."
O rapaz saiu do carro, pegou uma pequena picareta que usou semana anterior na reforma de casa e se esquecera de tirar do carro, caminhou até a estrada da esquerda e deu duas batidas raivosas no meio da terra seca. Então voltou ao carro, jogou a picareta atrás de seu banco e seguiu pela estrada onde acabara de cavar um pequeno buraco.
"O que você tá fazendo, Edu?"
"Marcando o caminho que estamos fazendo, além de descontar um pouco da minha raiva." disse Eduardo rindo. "Quero saber por onde a gente foi, pra não corrermos o risco de passar 2 vezes pela mesma estrada."
Aquela estradinha foi parar num riacho. Voltaram até o entroncamento e pegaram a estrada da direita, onde cairam em outro entroncamento. Nessas idas e voltas, ficaram rodando a Serra do Cipó por horas. Os salgadinhos e refrigerantes já foram comidos e a fome já estava voltando. Era umas 3 da tarde, quando Mariana disse:
"Edu, eu lembro dessa cachoeira. Acho que estamos voltando."
Minutos depois voltaram à estrada. Eduardo parou no acostamento e perguntou:
"Quer tentar chegar no cânion?"
"Ah, amor, mexe com isso não... A gente pode acabar se perdendo de novo."
Eduardo ia falar alguma coisa, então viu uma placa atrás de uma moita, perto do desvio onde quase entraram. Ele desceu do carro e chamou sua noiva para acompanhá-lo. Ao chegarem, tiveram uma enorme surpresa.
"Cânion Travessão, a 7 km."

Numa mistura de alegria e raiva, os noivos voltaram correndo ao carro e pegaram a estradinha. Chegaram ao Travessão 20 minutos depois. Até ali era a vista mais bonita que tiveram. Do lugar que estavam, o cânion se estendia mais 1 quilômetro e meio à direita, até o fim da chapada e mais três quilômetros à esquerda até se abrir no vale do Travessão. Os paredões de pedra se distanciavam cerca de 500 metros e bem no meio do desfiladeiro, o Rio Cipó descia na mesma calma que teve para esculpir aquela linda paisagem nos últimos milhões de anos. Eduardo olhou para o paredão oposto, pensou um pouco e gritou:
"GALO!!!"
Mariana se assustou com a atitude do noivo e antes de perguntar o porquê daquilo, um grito identico chegou a seus ouvidos, como se houvesse outro Eduardo do outro lado do cânion. Rindo, o rapaz perguntou:
"Nossa, então assim é minha voz? Não é isso que eu ouço quando eu falo."
"É essa, sim. Linda, né?" perguntou a moça abraçando o noivo e beijando sua bochecha.
"É... ai, se eu não fosse eu mesmo, me apaixonava por mim!" brincou Eduardo "Amor, foi a maior burrice a gente ter virado pra esquerda. O Rio Cipó está à direita da estrada..."
Mariana não disse nada, apenas concordou com a cabeça.
"Bem, mas eu tava pensando aqui. A gente tá seguindo a Estrada Real. Quer ir nela até Diamantina?" perguntou Eduardo.
"Ah, não sei... Diamantina é meio longe."
"Mari, a gente tá sem compromisso nas férias... Vamos, vai?"
“O problema é que se a gente for lá, só vai voltar pra casa de madrugada. Eu não quero andar em BH tão tarde.”
“Mari, se o problema for esse, a gente para em Serro, ou Diamantina, passa a noite por lá numa pousada e no dia seguine a gente termina a viagem.
Um pouco mais animada, Mariana concordou. Afinal, adorava ir à pousadas com o noivo e desde menina queria ir a Diamantina.

Continua...

Lucas C. Silva
É o que eu disse antes, as fotos são dos lugares descritos aqui. Se quiserem mais fotos, recomendo o Google Earth e o site Panoramio.

* Foto de Heitor M.B. Moraes

domingo, 27 de abril de 2008

De BH a Diamantina

no episódio anterior...
Parte 2 - Informações erradas


"Quer ir naquele paredão das pinturas rupestres que o guia nos falou?"
"Ah, Edu, tá chovendo. Esses lugares são legais de ir quando tá fazendo sol. Vamos outro dia."
"Tá legal... Mas e nossa viagem, quer continuar, ou quer ir embora? A gente ainda tá perto de BH."
"Uai, você que sabe. Quem tá dirigindo é você." disse Mariana, que queria continuar a viagem.
"Ah, pra mim chuva não tem problema não. Vamos continuar então."
Eles voltaram para a estrada pensando nas pinturas rupestres que deixaram de visitar. A região de Lagoa Santa está repleta dessas pinturas e de outros vestígios humanos pré-históricos, fazendo dela um dos principais sítios arqueológicos do país.
Quilômetros após Lagoa Santa, o sol voltara a brilhar, os obrigando a abrir as janelas do carro, que estava abafado. A Serra do Cipó estava cada vez mais próxima.
"É... aquela chuvinha só foi pra atrapalhar. São Pedro definitivamente não gosta de mim." brincou Eduardo.
"Brinca com isso não, amor!" disse Mariana arrancando risadas do noivo.
Sorrindo, a moça beijou Eduardo e ligou o rádio. Tentou procurar alguma estação, mas nenhuma pegava direito ali.
"Bota no CD, gata." disse Eduardo para a noiva que começou a cantar, com sua voz doce, junto de Victor e Léo.
"Ah, Mari, tô me lembrando aqui de um cânion muito bonito que tem pertinho de onde a gente vai passar. Eu tava pensando..."
"Vamos lá, se é bonito mesmo, deve valer a pena." disse Mariana antes do noivo a convidar.
"É, só tem um probleminha... não sei como chegar lá." Mariana olhou séria para Eduardo, que completou: "Mas eu pergunto, fica tranqüila!"
Naquela hora, o casal passou por uma placa que dizia "Venha visitar a Cachoeira Grande. A 2 km da MG 010, no próximo desvio." Em baixo do aviso, a foto de uma cachoeira muito larga e bela. Eduardo e Mariana não disseram nada, apenas trocaram um olhar e viraram na estradinha de terra, logo após a ponte sobre o rio Cipó.
Minutos depois estavam estacionando o carro, vestindo roupa de banho e caminhando para a beira de um belo rio. A cachoeira tinha 10 metros de altura por 60 de largura e, apesar de não estar tão cheia quanto na foto, ainda era muito bonita.
"Vamos entrar?" perguntou Eduardo.
"Uai, vamos!" disse Mariana correndo na direção da água.
No momento em que o casal pisou no rio, voltaram para a terra. A água estava extremamente gelada. Rindo, sentaram na beira d'água e ficaram admirando a beleza do local. Depois de trocar uns beijos e tirar umas fotos, voltaram para o carro e seguiram a viagem. Eduardo parou numa lanchonete na beira da estrada onde comprou salgadinhos, refrigerante e água e perguntou como chegavam ao Cânion Travessão. O funcionário da lanchonete respondeu enquanto limpava uns copos.
"Olha, segue aqui nessa estrada uns 16 ou 17 quilômetros. Aí você vai ver uma entrada pra... esquerda. Vira nela e segue direto."
Eduardo agradeceu e junto da noiva entrou no carro. Assim que entraram na estrada, o dono do bar chegou no balcão, virou-se para o funcionário e perguntou:
"Eles querem ir na Serra Morena?"
"Não, Cânion Travessão..." respondeu o funcionário.
"Você mandou eles pro lugar errado! Pro Cânion eles têm que virar pra direita!"
A pick up já estava no pé da serra, no lugar onde a estrada passava a ser de terra. A vista era incrível. Na frente, um paredão de centenas de metros de altura que cortava o estado. Atrás, o mar de montanhas mineiras, misturado com algumas casinhas e rios. O casal parou no mirante, no meio da subida da serra, e tirou lindas fotos.
"É, amor, um dia eu ainda compro uma casa na serra pra gente ter essa vista." disse Eduardo.
Eles entraram no carro e seguiram a estradinha estreita que ziguezagueava a serra. Chegaram no topo, onde andaram mais uns 10 quilômetros. Eduardo ia virando num desvio à direita, quando Mariana disse:
"Amor, não é aqui não! A gente tem que pegar um desvio à esquerda."
"Nó! É mesmo! Quase que a gente entra no caminho errado." disse Eduardo saindo da estrada certa. "É naquele que a gente tem que virar."
Eduardo e Mariana seguiram pela estradinha de terra e depois de meia hora de lindas serras e cachoeiras, não viram nenhum sinal do cânion, ou do rio Cipó. Eduardo se virou para a noiva e disse:
"Mari, acho que estamos perdidos..."

Continua...

Lucas C. Silva

Fotos reais dos lugares descritos no texto

*Fotos de Nicholas Moura, Leandro Durães

sexta-feira, 25 de abril de 2008

De BH a Diamantina

Parte 1 - Gruta da Lapinha

No primeiro dia de suas férias, Eduardo e Mariana estavam em seu carro, ouvindo Victor e Léo e deixando para trás todo estresse e confusão de Belo Horizonte. Estavam viajando para a Serra do Cipó, na região central de Minas Gerais.
Se iam parar na Serra do Cipó, ou seguir a diante, ainda não sabiam. Na verdade, a viagem foi decidida de uma hora para outra na noite anterior, numa conversa que o casal teve um pouco antes de dormir:
"Mari, eu tava aqui pensando" disse Eduardo acariciando os cabelos da noiva.
"O que, amor?"
"Lembra que eu sempre quis pegar o carro e sair sem rumo por aí?"
"Lembro."
"Vamos fazer isso? Pegar o carro e sair sem destino pelo interior?"
"Mas sem planejar nada, Edu?"
"É, uai! Ah, todas as férias é a mesma coisa. A gente vai pra Divinópolis ou pra Guarapari. Ou então a gente fica aqui, indo pra Pampulha, Parque Municipal e Mineirão... Vamo fazer alguma coisa diferente!"
"Tá, mas pra onde a gente vai?"
"Ah, a gente sempre quis ir na Serra do Cipó. Vamo lá!"
Mariana hesitou um pouco, mas acabou aceitando o convite do noivo.
Naquela hora estavam em Vespasiano, pegando a MG 010. Em poucas horas estariam chegando na Serra. Mariana se virou para o noivo e disse:
"Aqui, eu preciso de ir no banheiro, vamos parar?"
"Vamos, sim. Deixa só eu achar uma lanchonete, que a gente também já toma o café."
"Tá."
Passaram por duas lanchonetes em Vespasiano, mas Mariana não quis parar nelas. Então só foram parar quilômetros a frente, em Lagoa Santa. Era uma lanchonete limpinha e acolhedora. Suas paredes estavam cheias de pôsteres dos times da capital e de fotos de pessoas famosas que ali passaram, a maioria, jogadores do time que tinha um CT na cidade. A não ser pelo dono do bar, um velho de olhar amigável, não havia mais ninguém ali.
Mariana foi ao banheiro enquanto Eduardo ia fazendo os pedidos. O dono do bar, perguntou ao rapaz:
"Estão viajando pra onde?"
"Pra ser sincero, nem nós mesmo sabemos direito. A gente tá querendo ir pra Serra do Cipó, mas a gente tá conhecendo a região também. O senhor tem alguma sugestão de lugar aqui perto que a gente possa conhecer?"
"Tem a Lapinha."
"Lapinha?"
"É, um vilarejo a uns quilômetros daqui. Lá tem uma gruta muito bonita, que recebe visitantes de todo o Brasil."
"Legal. Mas como que eu chego lá?"
O dono do bar contou para Eduardo o caminho e este contou à noiva sobre a gruta assim que ela chegou. Mariana, que já tinha visto fotos do local, entusiasmou-se muito com a idéia e antes do rapaz convidar, ela já disse que queria fazer uma visita.
15 minutos depois, Eduardo e Mariana estavam chegando ao vilarejo de Lapinha, a cerca de 3 quilômetros da gruta. Eduardo estacionou o carro numa pracinha no centro do vilarejo e seguiu a pé com a noiva. O dia claro e o clima de interior estavam deixando o passeio ainda melhor.
Na Gruta da Lapinha, o casal foi acompanhado do guia Ricardo. Enquanto caminhavam pelas fascinantes formações, que a água esculpiu na pedra por milhões de anos, o guia contou que a gruta havia sido descoberta pelo arqueólogo dinamarquês, Dr. Peter Lund em meados de 1835. Ali haviam sido encontrados vários fósseis, sendo o mais importante, de um ser humano que viveu ali há 12 mil anos. As formações de pedra eram impressionantes, pareciam ter sido esculpidas à mão. Após quase uma hora de passeio, eles sairam e o sol que brilhava ao entrarem na caverna, havia dado lugar a uma chuva pesada.
Sem guarda-chuvas, Eduardo e Mariana andaram os três quilômetros que os separavam do carro. Não se importavam com a chuva que caía, estavam querendo mesmo é aproveitar o passeio. Ensopados, entraram na pick up e seguiram seu caminho.

Continua...

Lucas C. Silva

ps. as fotos desse conto são reais, dos lugares onde os personagens estão passando.

*Fotos de Carlos Fabiano Braga, felixaustria

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Terremoto, Isabella, Simulação de Guerra, Meme e um pouquinho de Galo

Gente, esse mundo tá ficando louco! Ontem a terra tremeu em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro! Tá, terremotos no Brasil não são tão novos assim. No fim do ano passado uma menininha morreu em Minas por causa de um terremoto e eles são relativamente comuns em certas regiões do país. O povo lá da minha amada Carmo do Cajuru, MG, conta que as vezes sentiam a terra tremer e tem até um sismógrafo na cidade. Mas, pelo menos eu, nunca vi um terremoto tão grande em Terra Brasilis.
Por um lado é até bom isso ter acontecido. Porque tô de saco cheio de assistir jornais e acessar sites de notícias só falando da Isabella Nardoni. Cara, que sensasionalismo chato esse! Eu queria ver se ela fosse negra, pobre e tivesse sido arremessada de uma janela na favela se Xuxa e Ivete Sangalo iam fazer show pedindo o fim da violência. O pior é que a imprensa fica o dia inteiro falando as mesmas coisas que falam há dias. Esse assunto já encheu! Acho que com o terremoto, os jornais variem um pouco.
Agora, notícia do site Globo.com. "Tropas internacionais fazem simulação de guerra no litoral do Rio" Ô soldados ianques! Pra que simular uma guerra no litoral se aqui na cidade do Rio já estamos em guerra? A guerra aqui existe desde que a cidade foi fundada! Pra aqueles que não estudaram história, a região onde está o Rio era ocupada pelos franceses. Os portugueses chegaram aqui, mataram (quase) todos os franceses e fundaram a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Pra uma cidade que foi fundada após massacrarem estrangeiros, pouco me surpreende como as coisas estão hoje em dia. Mande uns soldados pra cá e verão que aqui tá quase um Iraque ou um Afeganistão. (Exagerei, né? Aqui ainda não tem carro bomba...)

É... pra quem ficava meses sem receber um meme e era doido pra receber, o mês de abril está muito bom. O meme de hoje, eu recebi da Debby e é o seguinte:
"Se você encontrasse o Gênio da Lâmpada e ele lhe concedesse três desejos materiais e três desejos imateriais, quais seriam? As respostas devem ser em trechos de músicas."

Materiais:

"Moro num lugar, numa casinha inocente do sertão de fogo baixo aceso no fogão, fogão a lenha. Tenho tudo aqui, umas vaquinha leiteira um burro bão, uma baixada ribeira e um violão, umas galinha. Tenho no quintal uns pé de fruta e de flor e no meu peito por amor planetei alguém."
Victor e Léo - Vida Boa

"Wanna get a car and just drive away looking at the view and listening to tunes."
Lighthouse Family - Run

"Quero mais dinheiro."
Jammil e uma Noites - Praieiro.

Imateriais:
"I wish I could be like a bird in the sky. How sweet it would be if I found I could fly."
Lighthouse Family - Free

"Lá pro meu sertão eu quero voltar."
Chitãozinho e Cororó - Saudades da Minha Terra

"Quero as meninas de Minas Gerais"
Jammil e uma Noites - Praieiro

Indico pro meme a Bahh, o Fábio e o Petter

Hoje a noite o Galo enfrenta o Náutico pela Copa do Brasil marcando a estréia dos gringos Petkovic e Castillo (e eu que reclamava do excesso de estrangeiros no futebol europeu). Essa será nossa Batalha dos Aflitos. Esperos que sejamos tão heróicos quanto o Grêmio por lá e que o árbitro não seja tão safado quanto o Djalma Beltrami...
Saudações atleticanas!

Lucas C. Silva

sábado, 19 de abril de 2008

Mais um meme? Legal!!!

Esse meme eu recebi do Fábio, do blog Futebol e Discussões. Nele, eu devo listar 8 coisas que quero fazer, ou que aconteçam antes de morrer.
Lá vai então:

1 - Me casar, ter filhos, morar em Minas e ficar a vida inteira com a mesma mulher.
2 - Me tornar um grande repórter e escritor.

3 - Cobrir muitas Copas do Mundo, Olimpíadas, Campeonatos Mineiros, Brasileiros, Mundiais de Fórmula 1 e o mais importante: o Brasileiro, a Libertadores e o Mundial Interclubes conquistados pelo Atlético Mineiro.
4 - Ganhar um Galo de Prata (prêmio dado aos atleticanos que se destacam) e vários prêmios Jabuti (prêmio dado aos melhores escritores).
5 - Voar num avião da Esquadrilha da Fumaça
.
6 - Completar minha coleção dos livros do Júlio Verne
.
7 - Ter um livro meu transformado em filme.

8- Quando me aposentar, quero comprar um sítio na beira da Barragem de Carmo do Cajuru.


Os meus indicados pro meme são:
Euzer
Debby
Bahh

Isso NÃO é uma história de futebol

Diz meu pai que quando ele tinha por volta de 4 anos de idade, minha vó lhe deu uma camiseta do Atlético Mineiro. Como todo atleticano, ele vestiu a camisa na hora e não a tirou por dias! Não é igual a mim que (quase) sempre que vai sair veste o Manto Sagrado, ele literalmente não tirava a camisa.
Quando ia dormir, usava a alvi-negra, quando acordava, o uniforme do Galo era sua companhia. Almoçava, jantava, bricava, fazia de tudo com a camisa do Atlético. Só não me perguntem como, ou se, tomava banho. Mas por que ele não trocava de roupa? Amor à camisa? Fanatismo, desses que só os atleticanos têm? Uma aposta ou promessa?
Segundo meu pai, que hoje torce pelo time errado é cruzeirense, ele não tirava a camisa porque a gola era muito apertada e quando ele a vestiu, machucou as orelhas. Mas será que é isso mesmo? Afinal, as golas dos meus Mantos Sagrados não me machucam e também é um custo para eu tirá-las.

Acho que herdei mais do meu pai do que o gosto por Phil Collins e o jeito (quase sempre) sério.

Saudações Atleticanas e vamos pra cima do Tupi de Juiz de Fora hoje!!!
Rumo ao Bi do Campeonato Mineiro!!!

Lucas C. Silva

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Os três tipos de homem

Eu ia postar sobre outra coisa aqui hoje (postarei amanhã, ou depois) mas hoje vou começar uma nova seção no Meus Pensamentos, a Dedo na Ferida. Aqui vou falar o que penso e cagar e andar pros que pensarem que sou isso ou aquilo.

Acabou de acontecer algo que me fez querer falar sobre esse assunto que penso há muito tempo. Cheguei em casa, e liguei o computador. Ao entrar no orkut, vi que "alguém" queria me adicionar como amigo. Algo que sempre acontece, um belo rosto de mulher (as vezes seios), um nome acima de qualquer suspeita, mas um endereço de e-mail completamente estranho, do tipo anb1345321235464323246@hotmail.com. Vem cá, que pessoa normal teria um e-mail desses?
Outra coisa estranha, quando você entra no perfil da pessoa, sempre é a mesma coisa. Nenhuma comunidade, nenhuma foto, 15 ou 16 amigos, 8 ou 9 recados. E aí que cheguei onde eu queria. Se você der uma olhada nos amigos da figura, você verá que são quase todos homens, geralmente sem camisa nem cérebro, mas cheio de músculos. Aí que eu tive a curiosidade de olhar a caixa de recados da figura.
"Fala gata, beleza? Vem cá, você tem msn? Se 'poder' me add ae. blablabla@hotmail.com"
Cara, tem homem que é otário mesmo!!!
Não quero generalizar. Afinal, sou homem e não caio nessas. O que acontece é que existem três tipos de homem:
1 - O que pensa com a cabeça de cima - Esse tipo de homem está cada vez mais raro hoje em dia. Respeita a mulher, dá mais valor à personalidade do que ao corpo e pode até ter seus desejos sexuais, mas fica na dele. Pode fazer um comentário ou outro, mas geralmente são comentários mais discretos. Pra ele, a mulher é mais que um par de peitos e uma vagina que anda. E ele nunca cai nessas armadilhas de orkut. Geralmente são vistos sozinhos em festas, mas quando estão acompanhados, pode ter certeza que é de uma mulher que vale a pena estar junto.
2 - O que pensa com a cabeça de baixo - É o tipo cada vez mais comum ultimamente. Acha que pra ser macho, o cara tem que pegar 35 mulheres numa festa, e levar pra cama no mínimo 20. Se você não quiser ficar com uma mulher, pra ele você é "viado" (não concordo com o termo, mas é o que eles dizem). Diz que no fim de semana passado, pegou umas 15 loiraças, daquelas de propaganda de cerveja, quando, na verdade, tomou uns 42 "nãos". Briga com você, homem, pra provar que é machão e com você, mulher, porque não quis ficar com ele. E adiciona essas "mulheres" do orkut e pede o msn delas. E, apesar de tudo isso, ainda há mulheres que preferem eles ao invés dos que pensam com a cabeça de cima...
3 - O que não pensa - Bah, esses dispensam comentários!
Esses que pensam com a cabeça de baixo são os piores, quase entram na categoria 3. Só não entram porque eles pensam... única e exclusivamente em mulheres. Se alguém que pensa com a cabeça de baixo tiver chegado até aqui (eles também costumam comentar blogs sem ler o texto), certamente estará pensando que sou homossexual. Eu estou tranquilo que não sou e se fosse também estaria tranquilo. A questão aqui não é essa, e sim o respeito com as moças. Aí vai ter gente pra falar que elas também não se dão valor. Não é bem assim. Tem casos e casos. Existe muita mulher sim que não se dá valor (e ainda reclama quando aparece grávida, como se a culpa fosse só do cara), mas eu conheço várias meninas que, tenho certeza, não gostariam de estar andando na rua e um cara desconhecido gritar "EI GOSTOSA!!!" ou falar que quer enfiar não sei o que não sei onde nelas... Se estou errado, me prove!
Bem, então é isso. Não quero e nem gosto ficar falando de homem, mas esse assunto me voltou a cabeça quando eu li o scrap que aquele "machão" deixou. Se você pensa com a cabeça de cima e, ao respeitar uma mulher foi chamado de "viado", não discuta, nem ligue... O cara não passa de um otário mesmo! E se a menina te trocar por um que pensa com a cabeça de baixo, lembre-se daqueles dois mandamentos de um texto que postei aqui semanas dessas pra trás:
1 - Ame a si mesmo mais do que ama a garota.
6 - Se ela disser um "não" (o que geralmente faz), mande um belo "foda-se então!" (não precisa necessariamente de dizer isso, mas aja como se dissesse)

Saudações Atleticanas
Lucas C. Silva

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Inside the Bloggers Studio

Depois de responder alguns memes, resolvi criar um. O Inside the Bloggers Studio.
São 10 perguntas feitas aos atores convidados no programa Inside the Actors Studio. Se você fosse uma estrela do cinema e fosse convidada a esse programa, o que responderia? Aqui estão minhas respostas:
1 - Qual é a sua palavra favorita?
Não sei se é minha palavra favorita, mas acho "menina" uma palavra bonitinha.

2 - Qual é a palavra que você menos gosta?
Hemograma Completo.

3 - Qual é o seu som favorito
Barulho de um avião, de preferência avião à hélice.

4 - Qual é o som que você mais odeia?
Aspirador de pó e funk.

5 - Qual é o seu palavrão favorito?
Puta que pariu. Soa bonito... hehehehehehehehee

6 - O que te anima?
Chegar em Carmo do Cajuru, pegar minha bicicleta e passear com ela. Não há nada melhor no mundo.


7 - O que te repugna?
Política brasileira, impunidade e a arbitragem (principalmente árbitros cariocas e gaúchos).

8 - Qual profissão, diferente da sua, você gostaria de ter?
Piloto de avião.

9 - Qual profissão você nunca gostaria de ter?
Policial no Rio de Janeiro

10 - Se existir o Paraíso, o que você gostaria de ouvir Deus te dizendo quando você chegasse na porta do Céu?
Lucas, valeu a pena tudo o que você passou.

Os meus "entrevistados" no Actors Studios são:
Solitário, Antonio, Dona Jeh, César, Debby, Bahh e Euzer
Mas se você quiser, mesmo que não foi indicado, pode responder.

Saudações Atleticanas!!!

domingo, 13 de abril de 2008

Infelizmente, me reconheceram como atleticano...

Em fevereiro, postei aqui reclamando da mania dos cariocas de chamar atleticanos de botafoguenses, só por causa da camisa listrada em preto e branco. Tudo bem, realmente, olhando rápido, um observador desatento pode até confundir, mas chamar um atleticano de botafoguense, ainda mais depois daquele assalto ocorrido na Copa do Brasil, era, no mínimo, chato.
Mas houve uma vez que quis ser confundido com botafoguense aqui no Rio de Janeiro...

No começo de novembro de 2006, a Fifa estava realizando a primeira Copa do Mundo de Futebol de Areia, em Copacabana. Meu Galo jogava as últimas partidas da Série B do Brasileirão e eu, assim como outros tantos apaixonados, fui ao jogo usando o Manto Sagrado.
Ao chegar no estádio, percebi que havia um grupo de flamenguistas hostilizando qualquer torcedor que usava camisas de outros times (depois não gostam de serem esteriotipados como maloqueiros) e comigo não foi diferente. A coisa mais bonita que gritaram pra mim foi "SEGUNDA DIVISÃO! SEGUNDA DIVISÃO!" (Que eles estariam disputando se houvese um mínimo de honestidade no futebol brasileiro, mas isso é outro assunto). Tentando aproveitar meu jogo, os ignorei e continuei dando atenção à partida.
Depois dos jogos daquele dia, minha mãe, meu irmão e eu fomos até um ponto de ônibus na avenida Princesa Isabel e foi nessa hora que, pra minha infelicidade, fui reconhecido como atleticano.
Ao lado do ponto, estava estacionado um ônibus. E as janelas estavam cheias de cabeças pra fora que olhavam raivosas pra mim e me xingavam. Dei uma olhada rápida e pensei "não acredito, flamenguistas pensando que eu sou botafoguense." O pior é que não eram. Olhei para a placa do ônibus e naquela hora, congelei. Ao ler a cidade do ônibus, li "Belo Horizonte - MG"
Acontece que naquele dia, o Cruzeiro ia enfrentar o Fluminense, aqui no Rio e nada mais, nada menos que a Máfia Azul, a maior torcida organizada do Cruzeiro estava ali, parada ao lado de um atleticano solitário.
Por que diabos naquela hora não me confundiram com um botafoguense? Com tantas oportunidades de eu ser chamado de atleticano, fui ser reconhecido justamente quando eu estava ao lado do maior rival...
Com o * na mão, decidi mudar de ponto. Andei o mais perto possível das paredes dos prédios olhando para dentro do ônibus. Os marias cruzeirenses, para minha sorte, não estavam olhando pra fora naquela hora. Acredito eu que estavam planejando a minha captura. A porta do ônibus estava aberta e, de costas pra mim, um ármário parado, com aquela camisa branca com uma raposinha azul nas costas.
Cheguei no outro ponto, a uns 50 metros daquele e um carioca parou ao meu lado e disse:
"Cara, você viu aquele ônibus ali parado?"
"Pois é, eu tava naquele ponto e vim pra esse por causa deles..."
"Se eu fosse você, tirava essa camisa." me aconselhou o rapaz. "Quando eles passarem por aqui, com certeza vão fazer alguma coisa com você!"
Para a minha sorte, naquela hora meu ônibus chegou. E os cruzeirenses, graças a Deus, não passaram dos xingamentos...

Bem, mas nem todos os cruzeirenses são ruins, assim como nem todos os flamenguistas o são. E justamente um cruzeirense, o Fábio Bustamante do blog Futebol e Discussões, indicou o atleticaníssimo Meus Pensamentos ao selo Este Blog Vale Medalha de Ouro. Obrigadão, Fábio!






Os meus indicados ao selo são:
Candy
Devaneios Bobos
Like Sybil
Limpo no Lance (que está completando 1 ano de idade, e gente, dêem uma olhada e votos no "Texto para o centenário" escrito pelo Gérson e que está concorrendo ser publicado num livro sobre o centenário do Internacional, no ano que vem)
Metendo o Bedelho

Olhanças

Saudações Alvi-Negras e Centenárias!!!

Lucas C. Silva

sábado, 12 de abril de 2008

Da arte de multiplicar os corações

Estamos em março de 3008. Um historiador, um filósofo, um matemático, um sociólogo e um especialista em física quântica se debruçam sobre um dos mais admiráveis mistérios da natureza humana. O dilema está lá no painel, projetado a laser: "Como transformar 22 em milhões?". A um esperto bastaria agregar uma coleção de zeros. Mas aí se teria um resultado meramente virtual.
Meses e meses de estudo sem palavra final, decidiram importar um sábio do Tibet. Veio com aquelas roupas de monge. Se postou diante deles, alisou a barba por horas. E resumiu: restaria confiar na paciência e se render à rotação espontânea da natureza, que ela cuidaria de tudo. Insatisfeitos, resolveram consultar um apaixonado. Seguindo recomendação histórico-estatística, optaram por um brasileiro. Foi escolido a esmo um que comia um feijão-tropeiro numa região cercada por montanhas e vales. Por acaso, mineiro.
Fizeram então a pergunta a ele: "Como transformar 22 em milhões?". Ele foi sucinto: "Com paixão, ora". Peralá!!! "Mas como assim?", retrucaram os acadêmicos. Em seus manuais constava que a paixão era um sentimento individual. Leram e releram os capítulos dedicados ao tema e pediram mais explicações ao entrevistado. Ele logo desaconselhou a utilização de máquinas calculadoras ou computadores de última geração, porque ali não encontrariam pistas.
Daí sugeriu: "Pensem num sonho; se concentrem agora em duas cores que formam o mais equilibrado e insinuante matiz da face da Terra. Por fim reflitam sobre o que é fidelidade, o que é acreditar na capacidade de derrotar as tempestades e seus fantasmas. Adicionem a isso a magia de um futebol em que a raça e técnica formam um conjunto imbatível". Os estudiosos já estavam quase em transe, os batimentos cardíacos se acelerando, quando ele intercedeu: "Agora, todos juntos gritem 'Galo, Galo, Galo', gritem cem vezes 'Galo'!".
Semana seguinte, historiador, filósofo, matemático, sociólogo e especialista em física quântica estavan em pleno Mineirão. Provando do feijão-tropeiro. E daquele sonho de 22 meninos que fundaram o Clube Atlético Mineiro em 25 de março de 1908 e repartiram aquela chama de esperança com milhões, milhões de atleticanos.

Eduardo Murta

terça-feira, 8 de abril de 2008

O mar de Minas são as montanhas e suas sereias são as mineiras


Já amei uma goiana. Já me apaixonei perdidamente por uma gaúcha. Uma brasiliense e uma paraense já me encantaram profundamente. Paulistas e cariocas, nossa, amei várias! É, mas não há no Brasil, ou melhor, no mundo, mulher igual à mulher mineira.
Quem já teve a sorte de ir pra Minas sabe, a mulher mineira tem algo que nenhuma outra tem. E se já tiveram o privilégio de conhecer aquela típica mineirinha do interiorzão mesmo, com a pele clarinha, os cabelos lisinhos e pretos, olhos escuros, uma fala doce e mansa e um jeitinho tímido, meigo e carinhoso aí vão saber mesmo do que eu estou falando.
Mas que magia é essa que as mineiras têm? O que as faz diferente das mulheres do resto do mundo?
Talvez seja um reflexo da beleza do lugar. Afinal, tudo é belo em Minas, até o horizonte é belo. Se as mineiras não fossem tão lindas quanto as paisagens, criaria um contraste tão forte, que quebraria a harmonia do lugar. Os biólogos costumam dizer que o ambiente não modifica o ser, então como eles explicam que as mulheres bonitas, se nascem em Minas, são ainda mais bonitas e as feias nascem menos feias quando são mineiras?
Bem, pode ser que a magia delas esteja no jeitinho doce e inocente mesmo. Porque não há criatura mais doce e meiga que uma mineirinha típica. Elas, no princípio podem parecer esnobes. Mas não é isso. É que, como todo bom mineiro, no princípio a menina fica calada, quieta, desconfiada, só observando. Mas logo isso passa. E aquela mineirinha calada, em pouco tempo, se torna uma pessoa muito receptiva e boa de conversa. Porque mineira que se preze, sempre tem boas histórias pra contar.
Talvez, a magia das mineiras esteja no sotaque. Porque, nossa, que sotaque o das mineiras! Dizem que o mar de Minas são as montanhas. Se isso é verdade, esse mar tem as mais encantadoras sereias do mundo. Mas, ao contrário das sereias das lendas, essas, ao invés do canto, têm uma fala que apaixona os homens que por ali passam. Lembra daquela mineirinha típica do interior que eu descrevi agorinha mesmo? Pois é, não há coisa mais apaixonante do que chegar na casa dela e ouvi-la dizer, com aquela vozinha meiga e doce "Ei, tudo jóia?" É tiro e queda, pode estar tudo ruim que, na hora que ela te fizer aquela pergunta, tudo vai ficar jóia. Aí conversa vai, conversa vem, o tempo vai passando e você vai se apaixonando... Ela, simpaticamente, te oferece um pão de queijo com café, um biscoitinho de polvilho, um bolo de fubá e quando você olha para o relógio já passou (e muito) da hora de ir embora. A mineirinha, triste, dirá "Depois cê volta mais..." Ai meu Deus, não sei você, mas nessa hora eu não resisto! Eu volto na casa dela, só pra ouvir mais um "Ei, tudo jóia?" e mais um "Depois cê volta mais."
Ai, não sei o que faz das mineirinhas tão especiais. Acho que é tudo isso e um pouquinho mais. Se você soubesse como é torturante falar da mulher mineira quando você está longe de Minas... Dá vontade de arrumar as malas e sair correndo pra lá... Agora, me dá licença que vou ali arrumar minhas malas pra pegar o primeiro ônibus pra Minas. Talvez eu descubra agora o que a mineira tem.

Lucas C. Silva

sábado, 5 de abril de 2008

O repórter e a modelo

Ele era um bom aluno. Não estava entre os melhores da turma, mas sempre tirava boas notas. Ela não era uma má aluna. Não tinha as notas do colega, mas sempre passou de ano.
Ele era louco por ela. Sonhava com ela todas as noites, a queria mais do que tudo no mundo. Ela o via apenas como um amigo. A garota mais linda do colégio tinha namorado e não via nada demais naquele garoto.
Eles terminaram o colégio. Ele se formou em jornalismo e conseguiu um emprego na emissora de TV local. Ora cobria crimes, ora cobria esportes, ora cobria política e ora cobria o mundo das celebridades. Ela, como era de se esperar, se tornou modelo. Foi para a Europa, onde desfilou nas principais passarelas do mundo. Tentou carreira musical, gravando dois CDs e conseguiu um certo sucesso. Agora ela ia voltar a sua cidade para desfilar e promover seu novo disco. Que coisa interessante o destino!
Ele chegou na redação e soube que faria uma entrevista especial naquela noite. Uma modelo e cantora estava chegando e ele faria a cobertura de sua visita ao país. Foi uma surpresa descobrir que era aquela linda garota, que estudou com ele anos antes e apenas o via como amigo.
Ela chegou no estúdio, ele a encontrou. Conversaram um pouco sobre suas vidas e gravaram a entrevista. Depois do compromisso, um jantar. Foram ao restaurante mais caro da cidade.
No restaurante, cada um contou seu trajeto. Falaram sobre suas conquistas, seus fracassos, acertos e erros. Falaram de suas viagens, das pessoas que conheceram e dos velhos amigos de escola.
Ao terminarem o jantar, ele a levou em casa, na área mais nobre da cidade. Ela o convidou para subir. Ele recusou, tinha que fazer a edição da entrevista. Depois da insistência, ele acabou aceitando. Da cobertura do prédio, tinham uma vista linda da cidade.
Ela disse que se sentia sozinha, que era difícil manter um relacionamento quando se dividia a vida entre passarelas, palcos e gravadoras. Disse que via algo nele que nunca tinha visto antes e pediu para que ele passasse a noite ali.
Ele estava tonto. A garota que sempre o desprezou, agora que era uma supermodelo e estrela da música o queria. Sem pensar duas vezes, ele aceitou e realizou aquele desejo que nutria desde os tempos de garoto.
Acordou na manhã seguinte imaginando que tinha sonhado. Não, ela estava ali, dormindo a seu lado. Sem dizer nada, ele a beijou e saiu do apartamento.
Eles seguiram suas vidas. Ela voltou para a Europa na mesma tarde. Voltou às passarelas, aos palcos e às gravadoras. Ele voltou a suas reportagens nas ruas, nos estádios, nos morros e nos estúdios. Cada um voltou a sua vida normal. Chegaram a se encontrar algumas vezes, mas jamais falaram sobre aquela noite que passaram juntos.

Lucas C. Silva

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A Ilha Misteriosa

Essa é a segunda história da série "Textos antigos", onde pego textos que escrevi quando tinha 9 anos e os reproduzo aqui na íntegra. O que achei mais legal nesse, é que ele tem o nome de um de meus livros preferidos, "A Ilha Misteriosa" de Júlio Verne. Lendo a história, reparei que tem um toque verniano na aventura de uma família que vai parar numa ilha desconhecida. O uso de palavras técnicas (por exemplo, "estegossauro", "Panthera Onça" - o nome científico da onça pintada - e "arquipelago" com direito a explicação), além do aparecimento de dinossauros e um homem misterioso numa redação de terceira série (estranhamente chamado de quarto ano hoje em dia) não deixa de lembrar as histórias de Verne.

A Ilha Misteriosa

Quando chegaram na ilha, viram uma coisa se mexendo.
Sr Renato (o dono do barco) disse:
- Cuidado, pode ser uma cobra.
Todo mundo já ficou assustado.
De repente... de repente.
Buuuuuuu!!!!!!!!
Um estegossauro aparece!
- Ahhhhhhh - gritaram todos enquanto pulavam na água
O dinossauro veio e pulou no barco.
As pessoas fugiram.
Dobarco so sobrou madeiras flutuando.
O dinossauro voltou á ilha quando ia pegar Pedro, ele caiu num buraco.
Pedro e sua turma continuaram andando e viram uma Onça Pintada ela media 2 metros. A onça pulou em cima de pedro. só que um homem que morava na ilha disse:
- Venha Panthera Onça!
- Quem é você? - disse Renato
- Eu sou um cientista que estava voando de avião e o avião caiu na ilha, eu não pude voltar, então fiz uma casa aqui
- Pode me mostrar a ilha?
- Claro!
- No arquipélago, isto é, conjunto de ilhas tem uma ilha super boa, que eu chamei de Havaí - disse o cientista.
Pedro perguntou
- A onça é sua?
- É, a onça se chama Panthera Onça
Depois de muitas horas.
- Aqui está Havaí!
- Ebaaa!!!
Enquanto as crianças nadam Renato e o cientista fazem um barco. Quando estava atardinha terminavam o barco e embarcaram quando chegaram na praia foi uma festa e nunca mais andaram de barco.

Lucas C. Silva

terça-feira, 1 de abril de 2008

Primeiro Meme de 2008, eu acho...

25 de março foi um grande dia pra mim. Centenário do meu amado Galo Mineiro, primeiro Dia do Atleticano (é lei em BH), peguei autógrafos com João Leite, Reinaldo, Ubaldo Miranda (grande Miquica!!!) e do Bolivar, do programa Alterosa Esporte. Mas não foi só por isso (se é que pegar autógrafos dessas lendas do futebol mundial pode ser chamado de "só") que o 25/03 foi um ótimo dia. A noite, quando eu tava indo dormir, Euzer, do Metendo o Bedelho, pediu pra eu passar em seu blog. E lá vi algo que se eu dissesse que não queria receber, estaria mentindo.

Aqui está um meme, se não me engano, o primeiro de 2008.

Valeu Euzer!!!

1 - Por que resolveu criar o blog?
O Meus Pensamentos surgiu em 2005 com o nome de Dedo na Ferida. Como dá pra se ter uma idéia, eu escrevia textos críticos sobre alguns assuntos em folhas de caderno e pedia pras pessoas comentarem no verso, o que foi uma coincidência, porque nunca tinha entrado num blog nessa época. Com o tempo, os textos ficaram mais leves e o Dedo na Ferida passou a se chamar Os loucos pensamentos de um cara normal, que passou a ser o subtítulo do Meus Pensamentos, na versão digital. O blog propriamente dito surgiu em junho do ano passado, quando minha professora de português e literatura do pré vestibular (beijão Ju!) me incentivou a fazer um blog. E assim surgiu o Meus Pensamentos que vocês conhecem.

2 - O que te dá mais prazer em blogar?
Os comentários de quem realmente leu meus textos. É muito bom saber que tem gente que, mesmo que não concorda com minhas opiniões, pelo menos as ouviram, ou leram se preferirem, e refletiram sobre esses assuntos.

3 – Indique um blog bom e um do qual você não goste e por quê?
Acho sacanagem indicar um blog bom. São tantos que eu gosto e tantos bons que não visitei. Se querem saber quais são meus preferidos, dêem uma olhada nos links na coluna à direita. Do mesmo jeito que não indiquei um blog bom, não inidicarei um ruim. Ficaria chateado se lesse que meu blog é ruim do mesmo jeito que o blogueiro de algum que eu venha a não gostar ficaria ao ler isso aqui.

4 – Qual tipo de música e quais suas bandas favoritas?
Sempre gostei muito das internacionais dos anos 80 e 90. Curto muito Phil Collins, Bryan Adams, Elton John e a banda britânica Lighthouse Family. Já música nacional, curto um pouco de tudo, com exceção de funk. Minhas preferências são o sertanejo (Victor e Léo na veia!!!) e o pop rock das bandas Jota Quest, Skank, Titãs, Legião e mais recentemente o rock bem humorado e crítico da banda mineira Os Seminovos (que pretendo citar em uma postagem em breve).

5 – Qual o assunto que você mais gosta de postar?
Uai, eu gosto de postar um pouco de tudo... Mas tenho um carinho especial pelas Histórias de Cordeirinho e as crônicas de Jonas.

6 -Seaquinevassevocêusariaesqui?
Seaquinevasseeuseriaocaramaisfelizdmundo. Adorofrio!!!

7 – Você é: casado, solteiro, separado, enrolado, desquitado, chutado, viúvo ou outros?
Olha, sou e sempre fui chutado. Antes eu achava que as meninas que eu gostava escolhiam os caras errados. Hoje em dia, acredito que eu escolho as meninas erradas.

8 - Por que você deu esse nome ao seu blog?
É um nome um tanto auto-explicativo. Aqui coloco o que penso e não posso dizer perto das pessoas que conheço, seja por timidez (vejam os textos de amor) ou seja porque não quero mesmo...

9 - Qual o último blog que você visitou?
Confessionário

10 - Por que resolveu participar deste Memê?
Uai, gosto de perguntas e sempre via esse Meme nos outros blogs e morria de vontade de respondê-lo.

Os meus indicados são:
O blog da Bahh (quando ela fizer)
Candy
Confessionário
Devaneios Literários
Perhaps a Coffee
Olhanças