terça-feira, 7 de abril de 2009

Ciclista também é gente.

Motoristas são engraçados. Vivem reclamando dos motoboys, lhes atribuindo a culpa de todos os problemas do trânsito nas grandes metrópoles (que não se resumem a Rio e São Paulo) do nosso país. Acusam os motoqueiros de encrenqueiros, de não respeitarem ninguém, de promover um pandemônio nas nossas ruas. Mas e vocês, motoristas, que moral vocês têm de acusar alguém de não respeitar as outras pessoas?
Não, não sou motoboy. Apesar de ter meus 20 anos nas costas, ainda não tenho CNH. O que me transforma num ciclista (sinceramente, se houvessem mais ciclistas nas cidades, muita coisa melhorava). E andando pelas ruas, seja da grande cidade do Rio de Janeiro, ou da pequena cidade de Carmo do Cajuru, vejo que, para o motorista, valho menos que um cachorro ou um monte de esterco.
Lá em Cajuru, depois que o senhor prefeito decidiu asfaltar a principal rua da cidade (já estava na hora!), o trânsito virou um inferno. Playboyzinhos querendo se exibir com seus carros, bêbados vindos da Barragem a toda velocidade, caminhoneiros loucos pra entregarem suas encomendas... Certa vez um carro dos Correios, querendo estacionar justamente onde eu andava (no canto da rua), quase me jogou pra cima de um caminhão que vinha a toda. Outra vez, eu descia uma colina e um retardado motorista decidiu que a hora certa de abrir a porta do seu carro era justamente quando eu passava por ele. Tive que jogar a bicicleta pro meio da rua, onde vinha uma caminhonete por distração daquele respeitável senhor.
E aqui no Rio. Quem conhece o bairro de Botafogo sabe que existem duas ruas principais. A Voluntários da Pátria, de mão única e que segue em direção à praia e a São Clemente, também de mão única (costumo dizer que o Rio é uma cidade mal planejada), que segue para Humaitá e Lagoa. No lado esquerdo da São Clemente começa uma rua, a Real Grandeza, que segue para Copacabana. Certa vez, vi que não vinha nenhum carro na faixa da esquerda da São Clemente e fui atravessar, de bicicleta, a Real Grandeza. Um filho da puta "motorista" veio da faixa direita e virou sem dar seta, quase jogando seu luxuosíssimo Honda Civic em cima de mim. Ele freou um pouco antes. Mas, estando em frente a um batalhão da Polícia Militar, queria que ele tivesse me acertado. Não em alta velocidade, mas queria que tivesse acertado. Aí ele ia ver o que dá virar uma rua sem dar seta!
Em outro dia, minha mãe ia passando de bicicleta no cantinho da rua e um caminhão a toda não a pegou por centímetros, igual a um Palio perto do Aeroporto Santos Dumont quase me atingiu.
Motorista não respeita nada. Não respeita ciclista, não respeita motoboy, não respeita sinal, não respeita setas, não respeita a própria mãe. E ainda vem cobrar respeito.
Depois bate o carro, se quebra todo, quebra pessoas inocentes, e não sabe porquê.

Tem motorista que não tem que tirar CNH, tem que tirar porte de arma.

3 comentários:

Jonas Drumond disse...

Eu tenho experiência com motoristas FDP que não respeita ciclista.
Cara isso da uma raiva, principalmente quando eles fazem isso, virar sem dar seta, achando que bicicleta para de uma vez.

Gerson Sicca disse...

O trânsito é um pouco o retrato do comportamento do brasileiro no quotidiano: individualismo, desrespeito ao próximo, falta de ética e outros tantos aspectos negativos sobram no povo que se diz "maravilhoso".
Ah, e obrigado pelos elogios ao texto do centenário colorado!
grande abraço!

Gerson Sicca disse...

Olha essa, vais gostar: http://www.idelberavelar.com/archives/2009/04/belo_horizonte_em_1949.php

Abraço!