domingo, 24 de maio de 2009

O mundo dá voltas...

Jonas, ainda novinho, havia terminado de responder a um questionário que a professora passara no quadro. Seus amiguinhos, faziam paródias de músicas famosas, colocando coisas nojentas na letra. Jonas só via e ria. Era tímido demais pra cantar qualquer besteira.
Então foi tomado por uma coragem e criou uma letrinha na hora. Alguma bobeira com cuzcuz e pus que sua falha memória não lembra. Lúcio se levantou, caminhou até a professora e disse para ela que Jonas estava cantando letras feias.
- Jonas! Para de cantar essas coisas feias na sala! - disse a professora, arrancando risadas dos outros alunos (que também cantavam essas músicas) e principalmente de Lúcio.

* * *

Passaram-se as semanas, os meses... Talvez um ano. Ou foi um ano antes. Tanto faz. O mesmo Jonas, o mesmo Lúcio, a mesma escola, a mesma professora. Eles voltam do recreio. Lúcio passa pela mesa de Jonas e, sorrindo, coloca sobre o estojo uma caneta que pegara enquanto saíam pro pátio. Jonas não diz nada, apenas olha feio pro colega.
Nas semanas seguintes, um lápis de Jonas desapareceu. Lembrando-se da caneta, o garoto acusa Lúcio, que se defende, dizendo que não pegou nada. Jonas não acredita. O garoto tinha feito isso semanas antes, poderia muito bem ter feito de novo.
A professora defende Lúcio. Ele não tinha motivos para ter pegado o lápis de Jonas. Certamente, o dono descuidado do lápis o perdeu por aí.

* * *

No mesmo ano, Jonas vai visitar os parentes. Seu primo, também chamado Lúcio, está lá. Os dois estão brincando. Da brincadeira vem um desentendimento, uma discussão, uma briga. Tapas, socos, palavras ríspidas são trocadas. Os pais de Jonas aparecem, o veem xingando, o castigam. Mais uma vez, numa parada com um Lúcio, Jonas leva a pior.

* * *

Passam-se os anos. Jonas, agora mais velho, não tem mais contato com o Lúcio da escola e um bom relacionamento com seu primo, apesar de se verem muito pouco. Jonas está apaixonado, querendo sair com Helena novamente. Helena não pode, está namorando, um Lúcio.

Meses depois, o garoto volta a cidade de Helena. Segundo seus amigos, ela não namora mais. É uma chance que aparece para Jonas. Eles se encontram, conversam, caminham pela cidade. Jonas toma a iniciativa, tenta se aproximar de Helena. Ela apenas diz que não pode. Depois, Jonas descobre que Helena estava saindo com um cara. Chamado Lúcio.

* * *

Algum tempo depois, Jonas conhece Carolina. Linda, doce, um amor de pessoa. Os dois fazem pré-vestibular e vão para casa juntos. São bons amigos. Jonas nunca contou para a amiga que era apaixonado por ela. Não podia. Ela namorava... um Lúcio!

* * *

Na universidade foi a mesma coisa. Jonas se apaixonou por Renata, mas a garota estava namorando um Lúcio. Contou isso a ele no dia que ele tentou beijá-la, enquanto esperavam o ônibus pra casa.

* * *

Hoje um dia, Jonas é um cara muito feliz. Seu dia tem mais cor, sua vida tem mais graça. Acorda todas as manhãs aproveitando muito mais um dia. Qual é o motivo dessa felicidade?
Uma menina chamada Lúcia!

Lucas C. Silva

Postagem dedicada à Lúcia, que alegra os dias do Jonas!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Livros para-didáticos

Voltando aí bem uns 10 anos, quando eu ainda era um feliz aluno do primário, todo começo de ano era a mesma coisa. Para as aulas de português, as professoras sempre passavam listas com 5 ou 6 livros, geralmente adaptações de obras clássicas da Literatura, ou aqueles da Coleção Vaga-Lume, que marcaram inúmeras gerações, para eu ler. É, esses livros me marcaram profundamente... de forma negativa.
Não, não estou falando mal dos clássicos literários, muito menos da Coleção Vaga-Lume, que aprendi a amar anos mais tarde. O problema nunca esteve nos livros, mas no fato de os professores obrigarem os alunos a ler.
Gente, gosto pela leitura, não é algo que se impõe na escola, com provas e trabalhinhos. Leitura, no meu ponto de vista de leitor e pseudo-escritor, é algo que tem que partir do leitor. O leitor que tem que se interessar pela história e procurar pelo livro. Não algo que faça daquele jeito: "você lê esse livro e faz a prova, senão toma um zero!"
Estou escrevendo isso por experiência própria. Por exemplo, quando eu tava lá pra quarta, quinta séries, me mandaram ler Do Outro Lado da Ilha, Meninos Sem Pátria, Açúcar Amargo e A Primeira Reportagem, da Coleção Vaga-Lume. Na época, li inteiros o Açúcar Amargo e A Primeira Reportagem, de forma obrigatória, sem vontade de ler. Do Outro Lado da Ilha eu li só a metade. Meninos Sem Pátria, nem toquei nele. Não tinha o menor interesse, achava tudo aquilo uma chatice, uma inutilidade. Como que esses livrinhos influenciariam na minha formação?
Acabou que em meados de 2007, 2008, achei, meio empoeirados e esquecidos, o Do Outro Lado da Ilha e o Meninos Sem Pátria, e pensei "quer saber? Vou ler esses livros!". O primeiro, eu achei espetacular, uma história cativante, que não te deixa soltar o livro. Terminei em dois dias. Já o Meninos Sem Pátria, já li, reli e me arrepio quando penso no livro. Tá, é história infantil e tal, mas o livro é maravilhoso, dá vontade de chorar. É um dos livros mais lindos que já li, gostaria demais de encontrar por aí o Luiz Puntel e pedir pra ele autografar meu livro. Não tenho palavras pra descrever... A Primeira Reportagem só não foi lido porque ainda não tive tempo e me arrependo amargamente de ter vendido o Açúcar Amargo para um sebo.
Olha aí o que eu estou falando. Aí que está a diferença entre ler por conta própria e ler obrigado. Professor (agora estou me dirigindo exclusivamente a você), não faz isso com seu aluno. Você acaba despertando mais o desgosto pela leitura do que o gosto (cara, to imaginando a cara dos meus professores quando lerem isso). Sei lá, é um tiro no pé. Tá certo que tem aluno que acaba gostando, mas outros (acho que a maioria) não. Eu, por exemplo, sempre detestei esse papo de ler obrigatoriamente... Eu pretendo um dia ser escritor e peço a todos vocês, mestres: não mandem seus alunos lerem meus livros...
Você, professor, o que acha disso? E você, aluno, o que acha?

Lucas C. Silva