Era noite na Urca, uma lua cheia insistia em aparecer naquele céu tão cheio de nuvens. Emanuel Toyé, francês radicado no Rio de Janeiro, voltava para casa após o coquetel de abertura de sua exposição no Museu de Arte Moderna, entitulada A mão na tesoura.
O artista plástico estacionou seu Renault na garagem e assobiando, caminhou para dentro de casa. Ao colocar a chave na fechadura, as luzes se apagaram. Blecaute, breu quase completo. O luar, ofuscado pelas nuvens, permitia enxergar pouco. Assustado, Emanuel entrou em casa.
A escuridão e o silêncio da casa vazia sufocavam e assustavam Emanuel. O artista correu para o segundo andar, onde ficava sua suíte. Com dificuldade, achou a gaveta da estante onde guardava sua lanterna.
Clique.
Uma luz fraca piscou e logo se apagou. O artista lembrou-se de sua nota mental para trocar as pilhas. Troca não realizada. Naquele momento era tarde, Inês era morta e Emanuel estava no escuro.
O artista então correu até as janelas e abriu as cortinas. O fraco luar iluminou um pouco o quarto. Não o suficiente para que Emanuel pudesse enxergar algo, mas o suficiente para espantar um pouco da solidão.
Emanuel não era um homem solitário. Apesar de morar sozinho, recebia sempre visitas. Artistas, intelectuais, jornalistas e amantes eram presenças constantes em sua casa. Mesmo quando estava só, Emanuel não se sentia solitário. As luzes iluminavam as salas, permitiam a leitura. Dostoiévski, Baudelaire, Neruda, Verne, Borges e Foucault eram suas companhias.
Naquele momento, sozinho e no escuro, Emanuel sentiu-se solitário. E com medo.
As nuvens se esparçaram, aumentando a intensidade do luar. O quarto, naquele momento, estava iluminado, assim como o jardim e a rua onde morava. Ao olhar para a frente de casa, Emanuel sentiu um imenso frio na espinha.
Duas sombras pularam a mureta de sua casa e avançaram com agilidade pelo jardim. Emanuel, congelado de medo, sabia que precisava fazer alguma coisa. Recuperado do susto original, correu até o banheiro de sua suíte, pegou uma tesoura e se escondeu em seu armário.
Do armário, Emanuel ouviu a porta da sala se abrir. E ouviu os passos atravessarem a sala. E ouviu os passos subirem as escadas. E ouviu os passos se aproximarem do quarto. Então, da fresa da porta do guarda-roupa, viu a luz de uma lanterna passar pelo chão do quarto, enquanto uma voz cochichava:
- Olha, a janela está aberta! Ele deve estar em casa!
- Agora o cuidado então é redobrado!
As figuras reviraram todas as gavetas. Não encontraram o que procuravam. Então passaram aos guarda-roupas. Iam abrindo porta a porta. Emanuel sabia que a hora estava chegando. As figuras então chegaram na última porta.
Emanuel não soube direito o que aconteceu. Viu apenas as portas se abrindo, uma luz forte na sua cara e a silhueta de sua mão cravando a tesoura em uma das figuras, que soltou um berro. O artista pulou do móvel, empurrando o outro que derrubou o revólver.
Ouvindo tiros, o artista desceu as escadas correndo e se adiantou a seu jardim. O artista via o portão se aproximando, então tudo escureceu e se silenciou.
Na manhã seguinte, um jornal destacava na capa que Emanuel Toyé o artista responsável pela exposição A mão na tesoura fora morto durante um assalto em sua residência, na Urca. Embaixo da manchete, via-se uma foto do artista morto no chão e em sua mão, uma tesoura.
O texto foi um desafio que impus a mim mesmo. Sem inspiração, pedi pra três pessoas darem um título, um lugar e um personagem para que eu criasse um conto. Este foi criado em um pouco mais de meia hora.
Agradeço a colaboração de Clarice Bernardo que sugeriu o título, Jacque Lourinho, que sugeriu o lugar e Gabriel Guimarães que sugeriu o personagem.
O artista plástico estacionou seu Renault na garagem e assobiando, caminhou para dentro de casa. Ao colocar a chave na fechadura, as luzes se apagaram. Blecaute, breu quase completo. O luar, ofuscado pelas nuvens, permitia enxergar pouco. Assustado, Emanuel entrou em casa.
A escuridão e o silêncio da casa vazia sufocavam e assustavam Emanuel. O artista correu para o segundo andar, onde ficava sua suíte. Com dificuldade, achou a gaveta da estante onde guardava sua lanterna.
Clique.
Uma luz fraca piscou e logo se apagou. O artista lembrou-se de sua nota mental para trocar as pilhas. Troca não realizada. Naquele momento era tarde, Inês era morta e Emanuel estava no escuro.
O artista então correu até as janelas e abriu as cortinas. O fraco luar iluminou um pouco o quarto. Não o suficiente para que Emanuel pudesse enxergar algo, mas o suficiente para espantar um pouco da solidão.
Emanuel não era um homem solitário. Apesar de morar sozinho, recebia sempre visitas. Artistas, intelectuais, jornalistas e amantes eram presenças constantes em sua casa. Mesmo quando estava só, Emanuel não se sentia solitário. As luzes iluminavam as salas, permitiam a leitura. Dostoiévski, Baudelaire, Neruda, Verne, Borges e Foucault eram suas companhias.
Naquele momento, sozinho e no escuro, Emanuel sentiu-se solitário. E com medo.
As nuvens se esparçaram, aumentando a intensidade do luar. O quarto, naquele momento, estava iluminado, assim como o jardim e a rua onde morava. Ao olhar para a frente de casa, Emanuel sentiu um imenso frio na espinha.
Duas sombras pularam a mureta de sua casa e avançaram com agilidade pelo jardim. Emanuel, congelado de medo, sabia que precisava fazer alguma coisa. Recuperado do susto original, correu até o banheiro de sua suíte, pegou uma tesoura e se escondeu em seu armário.
Do armário, Emanuel ouviu a porta da sala se abrir. E ouviu os passos atravessarem a sala. E ouviu os passos subirem as escadas. E ouviu os passos se aproximarem do quarto. Então, da fresa da porta do guarda-roupa, viu a luz de uma lanterna passar pelo chão do quarto, enquanto uma voz cochichava:
- Olha, a janela está aberta! Ele deve estar em casa!
- Agora o cuidado então é redobrado!
As figuras reviraram todas as gavetas. Não encontraram o que procuravam. Então passaram aos guarda-roupas. Iam abrindo porta a porta. Emanuel sabia que a hora estava chegando. As figuras então chegaram na última porta.
Emanuel não soube direito o que aconteceu. Viu apenas as portas se abrindo, uma luz forte na sua cara e a silhueta de sua mão cravando a tesoura em uma das figuras, que soltou um berro. O artista pulou do móvel, empurrando o outro que derrubou o revólver.
Ouvindo tiros, o artista desceu as escadas correndo e se adiantou a seu jardim. O artista via o portão se aproximando, então tudo escureceu e se silenciou.
Na manhã seguinte, um jornal destacava na capa que Emanuel Toyé o artista responsável pela exposição A mão na tesoura fora morto durante um assalto em sua residência, na Urca. Embaixo da manchete, via-se uma foto do artista morto no chão e em sua mão, uma tesoura.
O texto foi um desafio que impus a mim mesmo. Sem inspiração, pedi pra três pessoas darem um título, um lugar e um personagem para que eu criasse um conto. Este foi criado em um pouco mais de meia hora.
Agradeço a colaboração de Clarice Bernardo que sugeriu o título, Jacque Lourinho, que sugeriu o lugar e Gabriel Guimarães que sugeriu o personagem.