quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Distopia

O que é uma distopia? É uma utopia às avessas, isso é, um lugar imaginário onde tudo é negativo.
Por que estou falando de distopia? É porque ontem eu tive mais um sinal de que o futuro da humanidade está caminhando para a distopia que sempre temi, uma distopia onde as máquinas controlam o mundo.
Não, não estou falando de controle no estilo O Exterminador do Futuro. O controle que eu imagino é ainda pior, já que, ao contrário do filme do governador da Califórnia (cujo nome não sei escrever e tô com preguiça - ou pressa - demais pra procurar), nessa minha distopia não haverá resistência humana, e quando percebermos o perigo que está sendo construído, será tarde demais.
Como será esse futuro tão apocalíptico? Você já viu WALL-E? O filme mostra exatamente como imagino que seremos em alguns séculos: Pessoas que, na verdade, não precisam se cansar pra se locomover. Viverão em cadeiras flutuantes (ou não) que se movimentam sozinhas, tirando assim a necessidade de andar com as próprias pernas. Passarão o dia sendo servidas por robôs, que farão todo o trabalho. Você precisa de um copo d'água? Um robô traz pra você. Seus dentes precisam ser escovados? Traga aquela escova automática. Um órgão seu está com problemas de funcionamento? Coloque algo bioeletrônico no lugar!
Pra que ter uma estante de livros? Basta carregar um aparelhinho onde uma biblioteca inteira estará armazenada! Pra quê perder o tempo discando no telefone pra falar com alguém? Uma telinha holográfica fará você ter contato com qualquer pessoa em qualquer lugar no mundo! Mesmo ela estando a um metro de você!
Até que um mundo onde não precisamos nos esforçar, onde órgãos são substituídos por máquinas sem perigo de rejeição, etcetera e tal parece algo muito bom. E é, não fosse a dependência em relação as máquinas, máquinas que sempre falham.
Nossos antepassados viviam perfeitamente sem tecnologia digital. Hoje em dia, um dia que o Twitter passa fora do ar, causa um deus nos acuda. Quem aqui nunca ficou desesperado ao cair o MSN durante uma conversa importante (ou não) que atire o primeiro mouse! Imagina o que aconteceria hoje se todas as máquinas falhassem, assim, de repente? Aliás, imagina o que seria dos nossos descendentes distópicos num cenário desses?
Isso sem contar com a maior frieza que seria a relação entre as pessoas. Afinal, no filme (e no futuro, pelo andar da carruagem) as pessoas só se comunicarão através de tecnologia digital. Falar pelo MSN é muito mais barato e cômodo que passar um interurbano. Mandar um e-mail é muito mais rápido e barato que enviar uma carta. Mais barato, cômodo e frio... Mas uma tendência.
Sim, estou sendo pessimista, mas acredito que existe a possibilidade de nossos relacionamentos no futuro serem cada vez mais digitais. E quando falo em relacionamento, estou falando de namoro mesmo (se é que vai existir namoro). Conversaremos em um mundo digital, nos relacionaremos num mundo digital e filhos? Com manipulação genética poderemos escolher nossos melhores genes, e com fertilização in vitro, poderemos produzir filhos sem o risco de aborto... e sem sexo! Já pensou?
Ah, e o que eu tô falando aqui não é novidade não. Desde o século 19 já tem gente preocupada com isso. Em A Guerra dos Mundos, H. G. Wells já dizia isso. No livro, os marcianos que invadem a Terra são apenas cérebros, sem emoção ou qualquer tipo de sentimento, apenas razão e totalmente dependentes de máquinas. Se alimentam injetando sangue dentro de seus corpos (paladar pra que?), se reproduzem através de manipulação genética (amor pra que?) e foram mortos por uma simples bactéria. O próprio Wells disse que, pela evolução (ou não) humana no século 19, em algumas centenas ou milhares de anos, os homens seriam cada vez mais semelhantes aos marcianos. Vendo a explosão da tecnologia digital e sua cada vez maior presença em nossas vidas, alguém duvida disso?
Como eu disse, estou sendo pessimista nessa minha "previsão". Pode ser que no futuro as coisas não sejam tão apocalípticas. Mas, no meu ponto de vista, pelo andar da carruagem, em breve estaremos numa espaçonave, sendo servidos por robôs enquanto outros robozinhos limpam a sujeira que deixamos na Terra...

Ah, e antes que eu me esqueça, ontem saí em cima da hora para ir pra aula e peguei o elevador. Elevador esse que ficou preso entre o térreo e o G1. É isso que acontece quando dependemos das máquinas!
A partir de hoje, pra mim é só na escada!

5 comentários:

Debora Ferreira disse...

Eu tb acho que a gente anda dependendo demais das tecnologias, mas já acho impossível viver sem...
mas eu não acredito que a gente consiga chegar a esse extremo não. até porque o nosso planeta nem aguenta todo esse lixo que não dá pra aproveitar...

p.s.: descer de escada emagrece. se joga!

Lucas disse...

Bem, pelo menos o preconceito com os gordinhos vai acabar XD

Bruna disse...

É uma pena que tecnologia seja o principal (e talvez unico) sinônimo de desenvolvimento...eu concordo com você, o meu futuro é uma distopia, onde máquinas controlam os homens e o índice de desemprego vai ser o maior da história!

Ahh, obrigada pela indicação! =] beijos

Bruna disse...

Ah, não acho que toda essa subordinação ao mundo digital vai ocorrer não.

É óbvio que nos tornaremos muito mais dependentes das tecnologias e que o desenvolvimento tecnológico vai nos permitir todo o mundo descrito por você.

Mas as pessoas não são seres tão passivos quanto uma teoria da total subordinação humana à tecnologia prevê.

Os sentimentos são intrínsecos aos seres humanos e a comunicação face a face ainda é (e na minha opinião será sempre) a melhor forma de se comunicar. E imagens holográficas que projetam faces não propiciam o "face a face".

Acho que por mais que vivamos em uma sociedade individualista, o ser humano não será egoísta e preguiçoso o bastante para abrir mão das relações sociais.

Pode até ser que eu seja ingênua, mas a tecnologia está ai para auxiliar e não para nos escravizar.

De qualquer modo esse World High- Tech está distante....porque antes das tecnologias abarcarem o mundo, todo o mundo precisa abarcar as tecnologias.

Lucas Conrado disse...

Bruna Acácio, o problema está justamente aí. A tecnologia realmente está aí pra nos ajudar. O problema é que o homem está cada vez mais dependente dela, não apenas pra ajudar, mas para agir em seu lugar. Tem gente que, de tanto escrever em computadores não lembra sequer o desenho das letras cursivas. Aí está um caso de uma tecnologia que, ao invés de ajudar, acabou criando uma dependencia tamanhã que não permite mais o homem "se virar sozinho".