quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Luzes no céu

Já era noite quando ele chegou do trabalho. Pegou a câmera recém comprada, o tripé e subiu na cobertura do prédio, para fotografar a noite. Gostava de brincar com a longa-exposição e, já havia alguns dias, queria tirar fotos noturnas do bairro.

30 segundos de exposição, abertura 29, 30. Suficiente para pegar os rastros dos aviões que pousavam no Rio de Janeiro, cujos prédios se iluminavam para ele. Após algumas fotos, afixou a câmera no tripé e apontou para o Cristo Redentor. Naquela noite em especial, o céu estava fantástico. A lua nova, já havia descido no horizonte. O ponto mais brilhante, um planeta, talvez Júpiter, Saturno ou Vênus estava brilhando bem perto do monumento.


Ele mirou, Ajustou o foco, ajustou a iluminação, apertou o obturador. 30 segundos de espera. Foto tremida, muito clara, não era o que ele queria. Ainda não havia aprendido a ajustar aquela câmera.

Ele, então, ajustou a abertura do diafragma. Deixou o mais fechado que podia, para que a foto ficasse mais escura e o Cristo Redentor aparecesse nitidamente, não apenas uma mancha branca no visor. Ajustou o foco, disparou o obturador novamente, mais 30 segundos de espera até ver o resultado.

Enquanto esperava pela foto, ele olhava ao redor. Estava com a mente longe, talvez no relatório que tinha para entregar no trabalho, no dia seguinte, talvez na menina belo-horizontina que não amava mais, talvez nos documentos sobre OVNIs liberados pelo governo na noite anterior. Olhou então para o Cristo Redentor e teve uma surpresa.

Atrás da estátua, uma luz descia em velocidade constante. Não era um avião, não era um helicóptero, muito menos um balão. Descia em linha reta, cortando o céu com um brilho dourado. Ele arregalou os olhos. Seu queixo caiu. Tinha certeza, aquela luz cortara o céu, não era obra de sua imaginação.

O obturador da câmera continuava aberto, era inacreditável, ele estava tirando foto daquele fenômeno. Não sabia o que era, poderia ser uma estrela cadente, poderia ser um disco voador, poderia ser um satélite caindo, a nave Coração de Ouro, pouco importava. Fosse o que fosse, aquela coisa veio do espaço, esteve no espaço. Aquela era a foto de sua vida! Após mais alguns segundos, que pareciam uma eternidade, o obturador se fechou.

Ele correu a pegar a câmera, apertou o botão de rever as fotos. Decepção. Outra foto tremida, outro Cristo Redentor superexposto, nenhuma luz estranha no céu. Apenas as duas estrelas próximas, também tremidas. Ele xingou baixinho. Era o único naquela metrópole de 6 milhões de pessoas que havia visto aquilo e, sem a foto para provar, se contasse, ninguém acreditaria.

Decepcionado, guardou a câmera, desceu até seu apartamento, ligou o computador e escreveu em seu blog uma ficção sobre um fotógrafo que não conseguiu registrar um, para todos os efeitos, objeto voador não identificado, cruzando o céu do Rio de Janeiro...

Talvez como uma ficção, não pensassem que ele era louco, ou mentiroso.


Lucas C. Silva

Um comentário:

Renata Fontanetto. disse...

Estamos para dividir experiência ovnísticas, entonces ahuhahahauuahuahhahaha