domingo, 9 de janeiro de 2011

Quando ir a Belo Horizonte significava ir a Belo Horizonte

Era uma vez uma cidade, e um garoto que amava essa cidade. Amava a distância, mais idealizando do que vivendo a cidade. Amava mais ainda nas raras visitas que fazia, geralmente nas férias de fim de ano quando, se muito, passava uma semana. E que semana...

Dividia os dias entre passeios no centro, partidas intermináveis de Medal of Honor regada a Coca-Cola e cachorro-quente até duas ou três da manhã e idas ao estádio de futebol para ver seu time do coração jogar. Uma vida boa, apesar de tudo. Acordar cedo e olhar a serra pela janela, ouvir o silêncio do bairro durante a noite, sentar no quintal, olhar o céu bastante estrelado para uma capital brasileira, pensando nos amores impossíveis, que deixou no Rio...

Mas, eis que, de uma hora para outra, o rapaz se apaixona por uma menina que mora ali. E ela também se apaixona por ele. E ele passa a ir àquela cidade para se encontrar com ela. Tudo se torna ainda mais bonito, a montanha mais verde, a lagoa mais brilhante, o céu mais estrelado... os programas mudam. Sai o PlayStation, entra o cinema. Sai o cachorro quente, entram os jantares a dois. Sai o estádio de futebol, entram os museus. E assim a relação do rapaz com a cidade se transforma.

A partir de então, quando ele ia à cidade e não a encontrava, nada mais tinha graça. As partidas de Medal of Honor (e Black, como posso me esquecer?) já não têm tanta graça, o cachorro-quente com Coca-Cola da madrugada lhe causa azia, os passeios pelo centro da cidade o faz pensar na presença ausente da menina amada, é assim que a cidade se transforma... (Claro, só as idas ao estádio para ver o alvi-negro jogar que não perdem a graça nunca!)

Mas é engraçado... nessa noite, enquanto o rapaz escreve seus pensamentos, ele sente falta da cidade que aprendeu a amar antes de amar a menina. Não, isso não quer dizer que ele não queira mais encontrá-la (a menina), ou deixou de amá-la, muito pelo contrário. Ele está louco para reencontrá-la lá ou aqui. Só bateu uma nostalgia dos tempos que ir a Belo Horizonte significava ir a Belo Horizonte, e nada mais...



Ah, essa nostalgia bateu quando ouvi Eu disse a Ela, do Skank, música que descobri numa vez que fui a BH para encontrá-la, mas que pra mim tem gosto da BH das antigas!

Lucas C. Silva

Um comentário:

Jonas Drumond disse...

Lembro muito bem das partidas de Medal of Honor e vc com raiva quando me via jogando Black, Headshot...
Cara não sou uma pessoa orgulhosa, mais tenho esse de ser Mineiro e morar na Capital dela, Belo Horizonte para mim e tudo...
Só falta uma parte para torna-lá inesquecível.......