sábado, 15 de janeiro de 2011

Uma desabafo ao som do Aerosmith

4:43 da manhã, estou anestesiado. Não, anestesiado não, meu peito dói, dói com força. Dor física, não da alma, essa porra tá doendo, mas, sinceramente, cago e ando. Na verdade, a minha vontade é essa. Cagar e andar pra tudo e pra todos. Mandar o mundo tomar no cu. Chegar segunda-feira, pedir demissão, trancar a matrícula da faculdade, pegar umas roupas, minha D90, botar na mochila e sair por aí sem rumo e sem contato com ninguém.

Sabe, estou cansado de viver em função das outras pessoas. De ficar insatisfeito para satisfazer às outras. De ceder minha cama para visitas, de ter que dormir em lençol quando a visita dorme em colchão. Estou cansado de fazer favor para as pessoas só para que não fiquem insatisfeitas comigo, de segurar na garganta verdades que as pessoas precisam ouvir, para que eu não fique com a fama de rebelde, arrogante ou mesmo idiota. Estou cansado de adiar meus sonhos para realizar sonhos que imaginava ser conjuntos. Estou cansado de nadar contra a correnteza e de lutar sozinho uma guerra que deveria ser de um exército, cansado de carregar o time nas costas.

Sabe, as pessoas não sonham. Não lutam pelo que desejam. Não lutam pelo que acham certo. As pessoas não querem mudar as coisas, querem apenas aparentar que está tudo bem. Uma coisa que já vinha notando havia muito tempo e que só confirmei recentemente é que o problema não é algo estar errado. É as outras pessoas perceberem que tal coisa está errada. E justamente por essa forma de pensar é que as pessoas vem me falar que me exponho muito quando escrevo um texto desses.

Não escrevamos textos assim. Vamos continuar engolindo sapo! Vamos continuar vivendo de aparência. Não dá para mudar o mundo, então vamos nos encaixar nele. Não dá para combater a corrupção, então vamos nos corromper também. Não dá para encurtar distâncias, então vamos viver nos nossos pequenos aquários, pensando que o mundo acaba no horizonte. Vamos continuar acreditando que horizontes são intransponíveis, que o homem não pisou na lua nem vai pisar em marte e que voar é impossível.

É por essas e outras que (nunca disse isso antes) admiro MUITO o meu irmão. O meu irmão que, mesmo aos 19 anos é fã de Paramore, Restart e outras coisas socialmente não muito aceitas, mas que está cagando e andando para que as pessoas pensam. O meu irmão que acreditou que é possível sim ir aos Estados Unidos, batalhou e conseguiu realizar seu sonho. O meu irmão que na última terça-feira realizou o sonho, o meu sonho, de ver a neve! Eu queria ter a força de vontade dele. Eu queria que as pessoas tivessem a força de vontade dele. Eu queria ter a força que ele tem de ligar o foda-se para tudo e para todos para ser feliz. Até porque eu acho que ser feliz deveria ser a lei fundamental, o direito humano mais defendido.

As pessoas pensam (e tentam me fazer pensar) que para ser feliz, você tem que ser bem sucedido. Deve ser o comunicador pica das galáxias com todos os prêmios do universo, morando num apartamento megafoda num bairro superlegal de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Quando eu falo que não quero fazer intercâmbio, não quero morar em São Paulo ou no Rio de Janeiro e que quero fazer minha vida lá em Belo Horizonte, com a pessoa que amo, fazendo um trabalho acima de tudo HONESTO (principalmente comigo mesmo) as pessoas me olham estranho. Me olham como um maluco, como alguém que quer aparecer ou, pior, como alguém cômodo, que se contenta com pouco. NÃO, PORRA! Não é isso! Para de tentar de ler minha mente! Para de tentar saber mais de mim do que eu mesmo! Para de falar que eu não amo, que eu sou novo demais, que eu sou inexperiente ou fraco demais para isso ou para aquilo! Antes de me interromper e tentar mudar meus gostos, minha forma de vestir, minha forma de falar, minha forma de enxergar o mundo, tenta me ouvir, tenta saber o que eu quero dizer. PARA DE TIRAR CONCLUSÕES PRECIPITADAS, CARALHO!

Sabe, tudo que eu faço nessa vida, os acertos e erros, as brincadeiras e brigas, o certo e o errado, eu só quero uma coisa: ser feliz. Sou completamente a favor da felicidade por si só. Da felicidade, não importa de que fonte, desde que não prejudique outras pessoas. Você quer ouvir Restart? OUÇA! Você quer amar alguém do mesmo sexo? AME! Você quer largar tudo e viver numa cidadezinha isolada do mundo no pé da Serra do Cipó? FAÇA ISSO! Seja feliz sempre!

Mas não pense que os obstáculos são intransponíveis. Não pense que distâncias são impercorríveis (se é que existe essa palavra). Não enxergue a metade vazia do copo. Pare de se derrubar e de derrubar as outras pessoas. Lute, acredite, sinta a Força fluir! E, acima de tudo, seja honesto consigo mesmo, ame-se mais do que ama as outras pessoas.

Se amar acima dos outros não é egoísmo. É sobrevivência.

São 5h09 da manhã e tenho que dormir. Mesmo sem o menor sono.

Lucas C. Silva

3 comentários:

Alyne Bittencourt disse...

Até difícil descrever o texto, mas "incrível" resume um pouco.
Realmente, é foda quando a gente acaba se sacrificando pra fazer bem aos outros, engolimos sapos pra não magoá-los, calamos pra não ferí-los... Mas abrir mão de sonhos é complicado.
E sei bem como é quando a gente quer mudar o mundo mas o resto do mundo não está nem aí, quando tudo o q importa para os outros bilhões de humanos é sexo, drogas e rock'n'roll (ou funk ou Restart).

Pra ser feliz é preciso encarar o q nós achamos q nos faz feliz, a infelicidade é justamente querer q nossos ideais sejam os mesmo q o dos outros, é verdadeiramente feliz quem sabe o q o faz feliz e sabe q não precisa encaixar essa felicidade em qualquer padrão. E é isso q precisamos fazer, e é o q os outros precisam deixar q façamos.

Um abraço

Jacque disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Sensacional, é exatamente como eu penso, tirando o fato de eu ser muito ambicioso, e da mesma maneira de olham estranho, eu falo em fazer faculdade de Astronomia e já me olham estranho, o estranho, o diferente.

Ligar o foda-se é a maior conquista dessa geração atual.