segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Por que torcemos?

Mudei de cidade
Mudei de partido político
Mudei de religião e ao catolicismo voltei
(...)
Eu só não mudei de time. Faça sol, faça chuva, anoiteça ou amanheça, na alegria e na dor, eu só não mudei de time.
Roberto Drummond - Amor em preto e branco


Sempre me perguntei por que idolatramos um time de futebol. Tentando racionalizar, não ganhamos nada quando nosso time vence. Não perdemos nada quando nosso time é derrotado. Ainda assim, nosso domingo pode ser salvo com uma vitória ou podemos passar a semana mal-humorados após uma derrota. Pessoas terminam relacionamentos pelo futebol. Se matam pelo futebol. Viajam centenas de quilômetros e gastam grana preta por um time de futebol. Na hora do gol, pessoas desconhecidas se abraçam como grandes amigos. A pergunta que não cala: Por quê?

Hoje, vindo para casa, passei numa livraria e comprei o livro "Bilhões e Bilhões" de Carl Sagan. No livro, o astrônomo fala sobre diversos temas, desde a possibilidade de existência de vida em Marte até aquecimento global, quase 10 anos antes de o tema cair nas graças da grande mídia. No terceiro capítulo "os caçadores de segunda-feira à noite", Sagan se propõe a explicar justamente por que milhões de pessoas torcem por um time.

As Olimpíadas surgiram na Grécia Antiga como uma alternativa pacífica à guerra. Ao invés de se degladiarem num campo de batalha, os homens gregos passaram a disputar quem era mais apto em diversas categorias, muitas delas, simulações de aspectos do campo de batalha. Por exemplo, arremesso de dardo, corrida, arco e flecha e as lutas num geral. Os homens com melhor pontaria, força no braço e maior velocidade eram, teoricamente, os mais aptos ao campo de batalha.

Hoje, os esportes não têm essa conotação, pelo menos não tão claramente. Mas eles nos despertam uma sensação de união, de civismo e, em muitos casos, de identificação com uma cidade ou com um povo, especialmente nos Estados Unidos, onde cada cidade tem seu time de futebol americano, basquete e beisebol. No Brasil, onde as principais capitais têm 2 ou 4 times grandes e a mídia colabora muito para a construção da torcida de alguns times no país inteiro, essa sensação de identificação com a cidade/estado é menor, mas não é inexistente.

Vamos ao Sul do Brasil. Sem querer esteriotipar, mas já esteriotipando, o gaúcho é muito ligado a seu estado. Quando o Grêmio ou o Internacional entra em campo contra um time de fora do estado, surge em muitos torcedores a sensação de que é o Rio Grande do Sul contra alguém de fora. Me lembro da narração de um gol do Inter na Libertadores da América, onde o narrador gritava a plenos pulmões que era um gol do estado. Tem como não dizer que o time pode representar um povo? Há ainda aquela situação onde uma equipe chega à final de uma competição internacional, como a própria Libertadores, e muita gente, que torce por outros times, torce por ela durante aqueles 105 minutos. Afinal, como diria Galvão Bueno "É o Brasil em campo!"

A vontade de torcer vem da nossa necessidade de estarmos envolvidos numa vitória em uma "batalha", mesmo que isso não nos provoque esforço ou cansaço. É um resquício da época em que nossos ancestrais precisavam caçar e trabalhar em equipe para sobreviver. Aqueles que caçavam, passavam seus genes mais a diante e, milênios depois, chegamos nas torcidas de futebol, vôlei, basquete ou seja lá que esporte for.

Claro que aqui dei uma pincelada no tema, com uma explicação muito superficial. Sem querer fazer propaganda, caso queira saber sobre o tema mais profundamente, dê uma olhada no livro. Se é verdade ou não, eu não sei, mas é muito interessante.
Lucas C. Silva

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem que não mudou de time
Parabéns o blog é lindo
Eu te sigo faz algum tempo.