terça-feira, 27 de novembro de 2012

Livro: Não Foi Nada - Antonio Skármeta

Comprei, semana passada, o livro Não Foi Nada, do escritor chileno Antonio Skármeta (autor de O Carteiro e o Poeta). Estava num sebo, procurando autores sulamericanos, quando vi esse. Fininho, com letras grandes, cheio de "Chiles" escritos em suas páginas, do jeito que eu queria/podia ler nessa época de monografia para ser feita. Perfeito!
Não Foi Nada. Uma versão chilena de Meninos Sem Pátria?
Não mesmo! (Foto: Lucas Conrado)
O pouco que li no ônibus, me deu a impressão de que era uma versão chilena do clássico da coleção Vaga-Lume Meninos Sem Pátria. A história de um garoto que fugiu com sua família da ditadura militar e tem que viver na Europa, convivendo com os questionamentos de crescer longe do país de origem, lidando com a saudade da família, costumes diferentes, novos amigos e um amor preso pela certeza de que, cedo ou tarde, teria de voltar ao país de origem e terminar o relacionamento... LEDO ENGANO, CARO AMIGO!

Vamos lá, à história. Ela é contada por Lucho, filho mais velho de um casal de chilenos que fugiram de Santiago pouco tempo depois do golpe militar de Augusto Pinochet, em 11 de setembro de 1973. O garoto vive com os pais e seu irmão mais novo, Daniel, em um apartamento simples de Berlim. Entre um cascudo e outro do pai, Lucho vai vivendo sua vida na boa, conversando com os amigos gregos Sócrates e Homero, jogando futebol no colégio (como todo sulamericano que se preze), tendo encontros escondidos com uma linda garota de cabelos cacheados, a Edith, fumando um cigarrinho, e passando pelas dúvidas e inseguranças de todo garoto de 14 anos. 

A história não é linear, então, na metade do livro, voltamos algumas semanas, rumo ao clímax. Antes de se encontrar com Edith, Lucho saía com outra garota, Sophia. Em um desses encontros, o chileno leva a melhor numa briga... ou não! Isso, porque o irmão do cara que foi derrotado na briga, passa a perseguir Lucho.

Como eu disse lá em cima, contrariando minhas expectativas, o foco da história não está tanto nas experiências que um exilado passa longe de seu país. É a história de um garoto de 14 anos que, por acaso, é chileno e mora em Berlim. A história poderia se passar em Santiago do Chile, Washington, Belo Horizonte ou mesmo em Berlim que não faria muita diferença. Apesar de a questão do exílio estar presente em todo o livro, é quase que uma questão secundária, que poderia ser cortada sem fazer muita diferença.

Isso faz do livro ruim? Não. Muito pelo contrário, é um livro leve, de ritmo frenético e bem divertido. Ele está cheio de piadinhas e é escrito de uma forma que parece ser contado, realmente, por um garoto de 14 anos, bem hiperativo. O sequenciamento de ideias, abusando das vírgulas, dá essa sensação se que o Lucho está sentado ao seu lado, comendo uma empanada e contando o que aconteceu com ele em Berlim.

Gostei bastante do livro. Tanto que o peguei para ler agora à noite e, em um pouco mais de uma hora e meia, já estava todo lido. Acho que vale a pena dar uma conferida. Não vá esperando uma obra prima digna de um Prêmio Nobel, como Pablo Neruda ou Gabriela Mistral. Mas é uma história bem divertida, leve e gostosa de se ler.

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