sábado, 27 de julho de 2013

O voo do Galo

Texto anterior: Me mantenha voando

Desde criança, sempre ouvi os adultos dizerem que o galo não voa. Sem uma estrutura que lhe desse condições de voo, a ave seria capaz apenas de dar pequenos saltos, planar alguns metros para fugir de inimigos. O suficiente para se manter vivo. Ledo engano...
Atlético campeão da Libertadores (Foto: Bruno Cantini/ Flickr do Clube Atlético Mineiro)
Na noite de quarta para quinta-feira, vi que todos estavam errados e que o galo era capaz de voar alto. Alto como o condor. Para quem não sabe, ou não se lembra, condor é quase uma ave-símbolo do continente. Com 3,2 metros de envergadura e 14 quilos, ele pode ser encontrado na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Ele habita a Cordilheira dos Andes, geralmente em locais acima de 5 mil metros de altitude. O condor habita o topo das Américas.

O topo das Américas...

Condor, dá-licença que agora quem está voando aí no topo das Américas é outra ave. Preta e branca, com bico, espora e uma crista que nunca esteve tão alta, tão imponente. O Galo mostrou não só aos brasileiros, mas também aos paraguaios, argentinos, mexicanos, bolivianos, chilenos, colombianos, enfim, a toda América Latina que é capaz de voar. Calou morsas em São Paulo que defecavam pela boca, falando que era cavalo paraguaio. Calou a boca de críticos que diziam que era uma ave pequena e caquética, que nunca mais venceria nada além das pelejas locais. Mostrou a todos que o apoiavam que era preciso ter fé, era preciso acreditar, que um dia, nosso dia ia chegar.

Atlético, vem cá. Sente-se a meu lado novamente. Vamos ter outra conversa séria. Desde quarta-feira à noite, visto seu Manto Sagrado. Só tiro para tomar banho e visto novamente. Sem ele, me sinto leve, sem um peso de quase 42 toneladas nas costas. Com ele, me sinto pesado novamente. Essa camisa nunca pesou tanto.

Atlético, mais do que parabenizá-lo, gostaria de te agradecer. Agradecer pela água do Ronaldinho. Pelo 4 a 1 que calou a soberba paulistana. Pelo 2 a 2 salvador na grama sintética mexicana. Pelo pé esquerdo salvador do São Victor aos 47 contra o Tijuana. Pelas mão salvadoras do São Victor na disputa de pênaltis contra o Newell's Old Boys. Pela garra e fé inabaláveis do Cuca. Obrigado pelos gols do Jô e do Leonardo Silva nessa partida final. Obrigado pelo pé salvador novamente do São Victor. Enfim, obrigado pela cena inesquecível do Réver - meu maior ídolo no futebol atual - levantando a taça.

Gostaria de agradecê-lo pelos momentos inesquecíveis que passei ao lado dos meus amigos da Cariogalo nos últimos meses. Pelos abraços apertados que dei naquela garota nos gols de Atlético 2 x 0 Newell's. Pelo respeito que os outros torcedores me olham, quando visto seu Manto Sagrado. E, lembrando daquele dia que te pedi para me manter voando, pelo "Galô!" gritado pelo flamenguista e pelo botafoguense aqui no Rio de Janeiro.

Obrigado por me manter voando. Por me mostrar que fiz bem ao quebrar minha promessa de nunca mais vestir seu Manto Sagrado.

Agora, todos podemos dormir tranquilos. E sonhar com aquela noite inesquecível, de 24-25 de julho de 2013. A noite em que o Galo mostrou que sabe voar e chegou no topo da América.

ATUALIZAÇÃO!

Filmei a Cariogalo, torcida atleticana no Rio de Janeiro, assistindo aos pênaltis na final da Libertadores. Reviva os pênaltis!


Cariogalo - Disputa de Pênaltis por OLucasConrado

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