sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Livro: Filhos do Fim do Mundo

Acabei de ler Filhos do Fim do Mundo, livro de estreia do escritor, jornalista e podcaster Fabio M. Barreto (vocês podem ouvi-lo no Rapaduracast). Quando comecei a ler, sabia muito pouco da história. Apenas o que tinha ouvido ser comentado num ou em outro podcast. Então, meio que dando um salto no escuro, comecei a ler o livro. E tive uma surpresa ótima.
Fabio Barreto e eu, na tarde de autógrafos de Filhos do Fim do Mundo (foto: Leandro Sá)
Comprei o livro numa tarde de autógrafos com o próprio autor. Conversei rapidamente com o Fabio que, sinceramente, foi muito simpático (o fato de ele ter me revelado estar torcendo pelo Atlético na final da Libertadores fez ele ganhar alguns pontos hehehe). Comecei a ler o livro no dia seguinte, indo para o trabalho e fui fisgado logo nas primeiras páginas. Tanto que, nesses dias, era comum eu chegar na mesa do trabalho e terminar uma página, um parágrafo ou uma situação que fosse...

OK, mas qual é a história? A partir da meia-noite do que parece ser o dia 21 de dezembro de 2012, todos os bebês com menos de um ano de idade começam a morrer. Os que nascem a partir dessa hora, nascem mortos. Na história, acompanhamos um Jornalista - que está esperando o primeiro filho nascer - investigar a causa dessas mortes e a provável cura, que pode salvar a vida de milhões de crianças pelo mundo, inclusive a de seu filho. A medida que a história avança, vamos percebendo que, não só as crianças humanas, mas também animais e vegetais com menos de um ano também morreram naquela noite. E aí que a situação se torna mais grave. Sem novos animais e vegetais, a comida vai acabar. E se a solução não aparecer logo, os mais velhos também começarão a morrer...

Como toda ficção científica que se preze, Filhos do Fim do Mundo é uma excelente análise da nossa sociedade. Como um amigo - que também leu o livro - acabou de me dizer, o livro é um exercício de "e se...". E o Barreto se saiu muito bem nesse exercício. Além de sua escrita envolvente, que não te deixa largar o livro e te dá uma aflição absurda (sério, fiquei tenso em vários momentos da história), o autor se sai bem em imaginar o que aconteceria nas grandes cidades se, de repente, uma gigantesca catástrofe assim acontecesse. E não é fácil imaginar os desdobramentos de tal catástrofe. É algo acima da nossa compreensão e o Fabio descreve as situações com muita verossimilhança.

Aliás, nem tudo foi muito verossimil... achei que o livro peca um pouco na construção de alguns personagens. Por exemplo, em certo momento, algumas adolescentes vão protestar porque o governo cortou a internet e porque as autoridades estão escondendo a verdade, em uma grande conspiração. As garotas protestam assim baseadas no que uma cantora que elas idolatram escreveu na internet. Realmente, tem muita gente alienada por aí. E, num geral, os mais jovens não conseguem fazer uma análise mais profunda das coisas. Mas achei que a crítica ficou meio escancarada demais. Se tivesse sido um pouco mais sutil, nas entrelinhas, teria me agradado mais. (Aqui é uma opinião totalmente pessoal, Fabio. Pode ignorar solenemente)

Também não me convenceram tanto os personagens do Diretor do Jornal e do Governador. Achei ambos idealizados demais, paladinos demais. Pessoas justas, imaculadas, que estão procurando o bem da população acima de tudo... Não sei se é por causa da minha desilusão, especialmente com política, mas, sei lá, achei os dois personagens meio perfeitos demais... 

Por outro lado, o personagem principal, o Jornalista, é muito bem construído. Achei o personagem mais completo, mais humano da história. Ele tem medo e é movido por esse medo. É capaz de tudo para salvar a família. Apesar de ter uma boa intenção, ele é teimoso, em certo ponto da história, é arrogante, até meio egoísta. Mas sabemos por que ele tem essas características e, sem falsos moralismos, muitos de nós faríamos a mesma coisa que ele nessa situação. Acho que é isso que faltou no Diretor e especialmente no Governador, essas manchas, esse lado mais negativo.

Mas isso não estraga a história. Quer ler um livro apocaliptico, com várias referências nerds (Posto de Distribuição A-113; Aeronave Alpha um um três são algumas que entendedores entenderão), envolvente, mas que foge do padrão (quase modinha) de apocalipse atual com zumbis, leia o livro do Fabio M. Barreto. Aliás, Fabio, quando vi a palavra "zumbi" na história, quase larguei o livro. Sério, tirando o clássico Zombies Ate My Neighbors e Left 4 Dead, as obras que têm zumbis me afastam... Mas o livro estava tão bom que continuei lendo e a explicação para eles foi excelente.

De toda forma, leitor do blog, fica a sugestão do Meus Pensamentos!

Um comentário:

A Garota da Pinta Azul disse...

Seus comentários sobre o livro só aumentou a minha curiosidade e interesse. Certamente será minha próxima compra na livraria. Beijos!