sábado, 24 de maio de 2014

O maior clássico de todos os tempos

Os números do clássico entre Atlético e Cruzeiro são conflitantes. De acordo com os atleticanos, o maior clássico de Minas Gerais aconteceu 484 vezes. Já, de acordo com os cruzeirenses, foram 467 partidas. Mas duvido que alguma tenha sido como a de hoje, no campo do América-RJ, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Pela primeira vez, Cariogalo e Confraria Celeste repetem no Rio de Janeiro o maior clássico de Minas Gerais
(Foto: Lucas Conrado)
De um lado, a Cariogalo, torcida atleticana no Rio de Janeiro. Do outro, a Confraria Celeste do Rio de Janeiro, que reúne cruzeirenses na capital fluminense. Em jogo, uma taça, que marcava o primeiro clássico mineiro em terras cariocas.

Como era de se esperar, foi um jogo pegado. Aliás, eu arriscaria dizer que foi um jogo mais pegado do que os clássicos profissionais, disputados entre Atlético e Cruzeiro. No gramado do Mineirão, Independência, Arena do Jacaré, Lourdes, Barro Preto ou seja lá onde os dois maiores times de Minas pisaram, estavam os profissionais. Jogadores nascidos em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Argentina, Bolívia, Chile... enfim, jogadores profissionais que muitas vezes estavam ali por sua profissão. Nasceram torcedores de outros times e, por algum acaso, estavam ali, defendendo as cores do Atlético e do Cruzeiro.

Na grama sintética do América, a coisa era diferente. Ali estavam torcedores. Torcedores que vibraram quando seus times venceram as Libertadores. Torcedores que lamentaram quando seus times perderam quando a vitória parecia certa. Torcedores que riram e choraram com os gols de costas, com os 6 a 1. Torcedores que cresceram calejados por uma das maiores rivalidades do Brasil. Ali não era um jogo qualquer. Ali era a chance daqueles torcedores não só torcerem, mas também suarem a camisa, atacarem, defenderem, lutarem até o fim para garantir a vitória de seu time. De sua Nação!

Os cruzeirenses começaram mais rápido. Avançavam pela defesa atleticana e obrigavam o goleiro alvinegro a fazer defesas espetaculares. Os atleticanos investiam em contra-ataque. Chegavam ao gol adversário, mas com menos perigo. Foi então que a Confraria Celeste abriu o placar. 1 a 0. Mas os cruzeirenses nem tiveram tempo para comemorar direito. Logo depois, a Cariogalo acertou as redes adversárias! 1 a 1! Fim do primeiro tempo!

No segundo, a torcida da Confraria saiu de trás do gol e se posicionou ao longo da linha lateral. Cantaram, gritaram, apoiaram o time que parece ter sentido esse apoio. Numa cobrança de falta ensaiada, 2 a 1. Pouco depois 3 a 1. O jogo parecia terminado. Mas sabem como é o futebol, né? A Cariogalo não se deu por vencida e partiu para cima. Na segunda metade do segundo tempo, marcou o segundo. E, pouco depois, empatou o jogo. 3 a 3. Fim de jogo, empate no primeiro clássico mineiro disputado em terras cariocas.

No fim, a taça não ficou com ninguém. Será disputada numa melhor de três.

Depois do jogo, atleticanos e cruzeirenses confraternizaram num churrascão com muita cerveja. Assistiram juntos à final da UEFA Champions League, trocaram convites para os adversários visitarem suas torcidas. Relembraram partidas históricas, seja contra o maior rival, seja contra outros times. Tudo na maior paz, na maior felicidade.

Costumo dizer que futebol é alegria, é amizade, é festa. Em um tempo de clássicos com torcida única, brigas de organizadas, racismo, machismo e outros problemas são cada vez mais comuns nas arquibancadas do Brasil e do exterior, uma tarde como a de hoje só me reforça que, no final, o futebol é uma coisa boa.

Torcedores confraternizam ao fim da partida - clique na foto para vê-la maior (foto: autor desconhecido)
Hoje, não houve um empate. Hoje, houve a vitória da Cariogalo e da Confraria Celeste.

E que venham mais jogos!

3 comentários:

Paulão disse...

Parabéns pelo texto... Mto bom!!

Pedro Calais disse...

Muito legal!

André disse...

Show de bola. Bel texto meu caro, parabéns. E que venham os próximos jogos...