sexta-feira, 26 de março de 2010

Com vocês: Pablo Neruda.

Confesso que nunca fui muito fã de poesia. Mas tem uma que, desde que a li pela primeira vez, eu gostei. E a cada vez que leio, gosto ainda mais. Sei que já a postei no blog, mas pra não deixá-lo parado, postarei novamente.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

Já ouviu uma música que diz o que você pensa?

terça-feira, 9 de março de 2010

O Anão, o Pirata e o Palhaço

Texto de Fernando Pereira André.

Já contei pra vocês a história do Anão, do Pirata e do Palhaço?
Não?

Pois então: era uma vez um Anão, um Pirata e um Palhaço que moravam em uma bela cidade do interior. Apesar dos três se conhecerem, nutriam um pelo outro um sentimento de desconfiança e, por que não dizer, ódio. Sim, eram amigos e freqüentadores das mesmas rodas sociais,mas não conseguiam realmente serem simpáticos entre si.

O motivo da desconfiança entre os eles era o amor de uma jovem dançarina que os três tão avidamente disputavam. Seu nome era Darya, mas era conhecida entre os amigos como Dolly. Era uma linda mulher cujos detalhes físicos não valem a pena serem citados, pois já basta o Anão, o Pirata e o Palhaço correndo atrás da moça.