Parte 6 - Carta de Despedida de Minas
Belo Horizonte, Minas Gerais. 4 de julho de 2008
Um mês se passou. Se passou nos relógios e calendários, porque na minha memória, esse mês vai estar sempre vivo. Um mês de alegrias, tristezas, vitórias e derrotas. Um mês quando eu finalmente pude sentir o que é ser mineiro.
Nesse mês eu viajei. Viajei muito. Carmo do Cajuru, Divinópolis, Juatuba, Betim e Belo Horizonte foram meus destinos. Adiei a volta para casa tanto quanto viajei por aqui. Minha estadia, que devia ser de apenas uma semana, adiei pra duas. De duas, passei pra três. Quando me assustei, estava aqui há um mês!
Se esse período em Minas fosse um filme, teria todos os ingredientes de um grande sucesso. Teve ação, aventura, comédia, suspense, umas gotinhas de romance e por muito pouco (acreditem em mim, por pouco mesmo), não teve tiros. Nesse tempo brinquei e briguei. Xinguei e orei. Senti no meu coração a mais pura paixão e a mais dura solidão. Ri muito e passei um pouco de raiva. Senti medo, muito medo. Tive sonhos e pesadelos. Dancei, sem saber dançar, cantei sem saber cantar, joguei bola sem saber jogar. Desejei estar em casa e não voltar nunca mais para lá. Descobri uma vida longe de computadores, internet e blogs. Conversei com pessoas fora do MSN. Fui no cinema, joguei video-game, postei no meu blog e comemorei seu primeiro aniversário. Ajudei a construir um muro, a dar banho em cachorro, a varrer a cozinha e a fazer gols. Fiz gols, tomei gols, defendi o gol. Fui atacante, goleiro, meia e zagueiro. Fui estrela do rock, piloto de avião e soldado da Segunda Guerra. Andei de bicicleta, andei a pé, andei de carro e de ônibus. Subi numa locomotiva, buzinei uma locomotiva. Fui à festas e à igreja. Me perguntei o por quê das coisas e qual era a verdade absoluta. Me perguntei e ainda me pergunto se existe uma verdade absoluta. Tomei decisões importantes e estou aprendendo o caminho para uma nova vida.
Conheci muita gente. Pessoas de todos os credos, origens, histórias e times. Pessoas maravilhosas, que levarei na memória e no coração para sempre. Ah, o coração... Para variar um pouco esse pobre coitado, já tão machucado, foi inventar de se apaixonar de novo. Por aquela que ele pedia havia muito tempo, a mineirinha de cachinhos, a Letícia do Jonas... Mas como não mandamos no coração alheio, nem mesmo no nosso, ele continua procurando. Mas agora, com uma nova amiga. Aprendi a dar ainda mais valor à família. Senti na pele o que não é tê-los por perto para consolar, ensinar, brincar e o mais importante, amar. Amigos vêm e vão, mas família não. Ela é única. A coisa mais importante que temos em toda nossa vida e só quando não a temos por perto é que descobrimos sua importância.
Como eu disse no começo do texto, senti o que é ser mineiro. Aquele mineiro que chegou aqui sem falar uai, sô, trem e tudo mais, hoje fala como mineiro, pensa como mineiro... Minas, apesar de tudo faz bem pra saúde. Vou embora com a certeza de que aqui é o melhor lugar do mundo e que é aqui que quero morar...
Pra resumir, só tenho que dizer obrigado por tudo, desculpa pelas minhas besteiras e adeus...
Ou melhor. Adeus não, até breve!
Lucas C. Silva