segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Livro: Nós Acreditamos - Campeão da Libertadores 2013

Quando você termina de ler um livro muito bom, fica aquela sensação ruim de estar se despedindo de um grande amigo, de uma namorada que vai embora depois de um período inesquecível que vocês passaram juntos. Engraçado, ao terminar de ler o excelente Nós Acreditamos, dos jornalistas Leonardo Bertozzi, Mário Marra e Mauro Beting, senti uma emoção diferente. Bateu aquela tristezinha de terminar de ler o livro, mas, ao mesmo tempo, senti uma grande alegria. Foi muito bom relembrar esses momentos mágicos que todo atleticano passou no primeiro semestre de 2013.

Nós Acreditamos, de Leonardo Bertozzi, Mário Marra e Mauro Beting (foto: Loja do Galo)

Por mais que o Atlético tenha recebido o apoio de vários torcedores de outros times, por mais que outras torcidas também tenham sentido o gosto de ganhar Libertadores, só o atleticano consegue entender o que significou o pênalti defendido pelo Victor aos 48 do segundo tempo, o que foi a virada do time em casa contra o Newell's Old Boys depois do apagar das luzes, o que foi a bola na trave do Gimenez, na última cobrança de pênaltis na disputa mais importante da história do futebol. E é isso que os autores - em especial os atleticanos Bertozzi e Marra - conseguiram expressar tão bem no livro.

Nós Acreditamos não é simplesmente um relato de como foi a campanha atleticana na Libertadores da América 2013. O livro é um diário. Os autores descrevem ao longo do livro como foram os dias que antecederam e sucederam aos jogos, assim como os próprios dias de partidas. Eles relatam as viagens à Argentina, Bolívia e até mesmo a Belo Horizonte (assim como eu, os autores do livro são atleticanos exilados, acompanhando o time morando em outro estado). Conheço bem essa angústia de deixar de ver os jogos por causa do trabalho, de encontrar atleticanos em outras cidades/países. Essa angústia de ser atleticano. Aliás, angústia? Não, isso não existe mais. Desde que o Olimpia garantiu sua freguesia, não existe ser mais feliz nesse universo que o atleticano.


Enquanto Bertozzi e Marra descrevem a Libertadores do ponto de vista do atleticano, crônicas publicadas Mauro Beting ao longo da competição dão uma visão mais "imparcial" da competição. Não sei se "imparcial" é o termo certo, mas Beting relata a Libertadores com a genialidade que apenas um dos melhores jornalistas esportivos do Brasil - quiçá do mundo - poderia fazer!

Ao longo da Libertadores, eu pensava o tempo todo no Roberto Drummond, maior escritor atleticano de todos os tempos. O que ele estaria sentindo? O que estaria descrevendo? Quantas lágrimas ele poderia arrancar com suas linhas, frases, parágrafos, crônicas geniais? Conheci o Drummond por meio do Atlético e, por causa do Atlético, corri atrás de suas crônicas e livros, conheci ali o meu escritor favorito. O compilado de crônicas do Drummond feita pelo Beting às vésperas da final - e reproduzida no livro - é uma grande homenagem ao escritor que, mais do que qualquer um de nós, torceu contra o vento para pegar a camisa no varal. Na ausência do mestre, Bertozzi, Marra e Beting cumpriram bem o seu papel, e descreveram a Libertadores como poucos poderiam fazer.

Não como Roberto Drummond, ele é inalcançável. Mas como poucos atleticanos descreveriam.

Ótimo livro para relembrar, mostrar pros filhos, netos, bisnetos, para eternizar a Libertadores da América de 2013.

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