sábado, 26 de setembro de 2009

Você acredita em terráqueos?

- Cara, se eu te falar o que eu vi, você não vai acreditar!
- O que?
- Promete que não vai rir?
- Fala!
- Eu vi um tubo voador!
- Um tubo voador?
- É!
- Daqueles vindos da Terra?
- É...
- O que você bebeu?
- Para de rir! Eu vi mesmo!
- Aham, tá bom...
- Você não acredita mesmo em terráqueos, né?
- Se houvesse vida na Terra, eles já teriam entrado em contato conosco!
- E quem me garante que eles não tentaram?
- Bem, não to vendo nenhum terráqueo aqui...
- E tem algum marciano na Terra?
- Não, mas...
- Então, como você pode ter tanta certeza?
- Bem, primeiro, a Terra é muito quente, tá muito próxima do sol. Qualquer criança sabe que aquela temperatura é impossível para a vida. Segundo, já viu quanta água tem aquele planeta? Como pode existir vida com tanta água? Isso sem contar com a quantidade de nitrogênio e oxigênio da atmosfera deles...
- E se existirem formas de vida adaptadas àquele ambiente?
- Eles já teriam entrado em contato conosco!
- E aquelas sondas misteriosas que andaram pousando por aqui há pouco tempo. Aqueles veículos com 6 rodas e tal?
- Você acredita mesmo naquilo? É invenção dos jornais pra vender mais!
- E os para-quedas?
- Que para-quedas! São balões meteorológicos! Sério, pára de ler ficção científica. Não existe vida na Terra!
- Aham... tá!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O último dos românticos, que nunca amou...

Muitos o consideravam o último dos românticos. Ele não concordava inteiramente. Sabia que os românticos eram uma espécie em extinção, parafraseando seu cantor preferido, mas ele não era o último. Apaixonado, fiel, companheiro, muitas vezes se agarrando com todas as forças a um sentimento não correspondido, ele seguia seu caminho, tocava sua vida a frente.
O considerado último dos românticos também era uma espécie de Policarpo Quaresma. Apaixonado por sua terra, defendia sua bandeira com um fervor visto em poucas pessoas. Para ele, as montanhas de sua terra eram as mais lindas, as cidades eram as mais aconchegantes, o horizonte era o mais belo. Sua terra não tem mar? Não, o mar não tem sua terra.
Algo contante em sua vida era a distância entre ele e seus amores. As mulheres e a terra que tanto amou, sempre estiveram longe dele. Fosse por quilômetros, fosse por pessoas, fosse por sentimentos, seus amores sempre foram shakesperianos.
Ele era assim. Podia não ser feliz sempre, mas não tinha como mudar. Era constantemente alvo de críticas e deboches, mas pouco ligava para isso. O que o incomodava era a incredulidade.
Constantemente ouvia das pessoas frases do gênero:
- Você nunca amou fulana!
- Você fantasia demais!
- Você está solitário/exilado, por isso fantasia, imagina que é tudo tão bom, mas quando estiver lá vai acabar se decepcionando.
- Você nunca amou ninguém!
As pessoas não acreditavam em seu amor. Não duvidavam de sua sinceridade, apenas acreditavam que ele estava tão desesperado que acabava inventando amores, fossem eles por pessoas, fossem por lugares. Como assim ele nunca amou ninguém, nem nada? Como as pessoas podem ter tanta certeza do que ele sentiu ou não sem estar dentro dele, sem passar pelo que ele passou, sem viver o que ele viveu?
Por mais que soubesse que não faziam por mal, o último dos românticos, que nunca amou, foi vivendo cada vez mais fechado, mais exilado em seus sentimentos, se abrindo cada vez menos às pessoas ao redor. Se era pra demonstrar incredulidade sem saber o que se passava dentro dele, melhor então que nem tivessem motivos para esse desconhecimento.

Lucas C. Silva

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O maior problema das pessoas

Ele estava sentado, sozinho, nas escadarias da Igreja Matriz de Santo Antônio. Olhava para aquele céu muito nublado, mas com pequenas partes onde se podia ver o azul.
Seus olhos eram pura nostalgia, e foi isso que ela reparou a se sentar ao seu lado e perguntar:
- Que foi?
- Sabe qual é o maior problema das pessoas?
- Não, qual?
- Elas passam a vida inteira reclamando que o sol não brilha pra elas. Vivem sonhando com o dia que as nuvens vão embora, falando que vão passear, aproveitar a vida e tudo mais. Mas, quando o sol aparece, elas parecem ter medo de sua luz e seu calor. Ficam confinadas em casa até ele se esconder. Aí voltam a se lamentar que o sol não brilha pra elas...
Com essas palavras, ele se levantou e desceu a Rua da Câmara.

Lucas C. Silva

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Devaneios

A situação era, sob certa ótica, irônica. Por mais que tentasse, Lucas não conseguia prestar muita atenção naquela aula, cujo tema era exatamente a atenção. Entre um rabisco e outro, ele pescava trechos de pensamentos foucaultianos, nietzschianos e freudianos sobre um problema do século 19, mas que estava se tornando cada vez mais comum no século 21.
- Qual foi a última frase dele? - perguntou Marcelo.
- Não sei, não consegui anotar. - respondeu Lucas.
Apesar de seus devaneios, Lucas conseguia pegar boa parte da matéria. Mas era extremamente cansativo ficar focado naquele assunto por um período tão longo. Ainda mais com uma mente que não parava de inventar um só minuto.
Quando percebeu, Lucas estava riscando num canto da página aquelas curvas que viriam a se tornar uma serra, que ficava muito distante dali. Aquelas montanhas estavam reproduzidas em inúmeras páginas do caderno, de todas as formas e tamanhos, repetidas quase à obsessão.
Lucas olhou para aquelas montanhas e um filme passou em sua mente. A sala 108 deixou de existir, a voz do professor se tornou silenciosa. Ele não estava mais na ECO, na UFRJ, muito menos no Rio de Janeiro. Estava longe, bem longe e no passado.
Eram suas melhores lembranças, aquelas que ele deveria esconder bem fundo, dentro de si. Aquelas que, se seus amigos soubessem que estavam de volta à sua mente, voltariam com aquele papo furado de empolgação, enganação e de um amor inexistente...
- O termo para "devaneio" em inglês, é muito interessante, "daydream"...
A voz do professor invadiu os ouvidos de Lucas, o trazendo novamente ao presente. Ele olhou ao redor assustado, viu Vanessa, Marcelo e todos os outros alunos prestando atenção ao discurso de Ericson enquanto os olhos de Ieda o estudavam. Ela parecia ler sua mente.
Com medo, Lucas voltou a fazer força para se concentrar na matéria, se odiando por aquele momento de fraqueza.

Lucas C. Silva

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Uma singela homenagem!

Eu costumo brincar com ela que ela é uma mulher da Renascença, assim, multitalentosa. Arranco risadas dela quando falo que ela é atriz, cantora, escritora, jornalista e sei lá mais o que. Ela, com toda a sua modéstia - exagerada, na maioria das vezes - diz que não é bem assim e que eu enxergo demais, que eu a supervalorizo... Aham, tá bom.

Não vou negar que sou apaixonado por ela. Não, não estou falando no sentido romântico da palavra. Não estou falando do amor de Romeu e Julieta, Jack e Rose ou outros do gênero. Não... Se eu falar que esse tipo de paixão não existiu, vou estar mentindo, mas a cada dia que passo, tenho mais certeza do que sinto por ela. Estou falando de amizade mesmo. Sou louco por essa grande amiga que o Destino escolheu de colocar no meu caminho e alegrar minha vida.

Como eu disse lá no começo da postagem, ela é multitalentosa. Já ganhou concurso de redação, já cantou em coral, já participou de inúmeras peças de teatro, estudou no melhor colégio público do país e passou pra QUATRO universidades federais logo no primeiro vestibular! E detalhe, não foi curso moleza não, foi Comunicação Social que, pelo menos aqui na UFRJ, é o terceiro concurso mais concorrido de todos. Mas vai falar isso com ela! Ela vai virar e falar:

- Aiai, você me mata de rir!

Mas o que me faz gostar tanto dela nem é o fato de ter uma redação num livro, um cd gravado com um coral ou ter passado nas federais. O que me encanta nessa menina é seu jeito simples, animado, muito simpático, pé no chão (confesso que é pé no chão até demais, o que me irrita as vezes) e especialmente seu jeito amigo. Amizade como a dela, está cada vez mais difícil de encontrar hoje em dia!

Bruninha, minha querida, te adoro!

Feliz aniversário!!!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009