São José do Cordeirinho, Minas Gerais. 22 de dezembro de 1999
A ansiedade tomava conta de boa parte da população da cidade. Inúmeros foguetes, quilos de carne, caixas de cerveja, garrafas de refrigerantes e sacos de carvão haviam sido comprados. A cidade se preparava para uma festa que não era vista desde dezembro de 1971.
O Atlético estava na final do Campeonato Brasileiro daquele ano. E os torcedores atleticanos estavam se preparando para o bi-campeonato do time que, segundo eles, chegaria naquela noite. O bar Canto do Galo, reduto da torcida atleticana, estava enfeitado com bandeiras, faixas e balões alvi-negros. Seu Samuca, dono do bar, havia preparado tudo direitinho para receber os torcedores e para a festa do título.
Os primeiros atleticanos chegaram no bar por volta das seis. Meia hora depois, já haviam por volta de 20 pessoas. Com autorização do prefeito, a rua Minas Gerais foi fechada no quarteirão do bar e um telão foi colocado do lado de fora, assim como outras cadeiras. Mais de 50 pessoas estavam lá na hora que Carlos Eugênio Simon deu o apito inicial daquela final. Se o Atlético vencesse por apenas um gol de diferença, seria o campeão. Com Guilherme e Marques no ataque, a confiança dos atleticanos estava em alta.
Foi passando o tempo... 15 do primeiro tempo, 20... 30... e nada de gol. Num lance, Marcelinho Carioca e Gallo foram disputar uma bola alta. Marcelinho acertou uma cotovelada no rosto do atleticano levando a torcida em Cordeirinho ao desespero. Simon, não deu sequer um amarelo. Vai entender...
Chegou o intervalo. 0 a 0 ainda. Se continuasse assim, o Corinthians seria o campeão. Seu Samuca, passava pelas mesas servindo cerveja e petiscos aos torcedores enquanto tentava acalmá-los. "Calma, gente. No segundo tempo a gente marca o gol e o caneco é nosso..."
Chegou o segundo tempo. Os dois times estavam atacando mais. O Galo chegava cada vez mais perto, com chutes cada vez mais precisos... O gol seria apenas uma questão de tempo. Os corações batiam acelerados, os olhos não saíam das telas das TVs, nem sequer piscavam... A cerveja esquentava, o refrigerante perdia o gás, os salgadinhos esfriavam e o gol não saía.
Aos 38 do segundo tempo, alguns torcedores já estavam perdendo as esperanças. Marcelinho Carioca corria com a bola pela lateral do campo quando Belletti lhe acertou um carrinho. Sem pensar duas vezes, o mesmo Simon que não deu cartão ao corintiano ao esmurrar Gallo, expulsou Belleti.
"FILHO DA PUTA! LADRÃO SAFADO! PILANTRA VENDIDO!" Gritou Samuca e muitos outros (assim como fariam 8 anos depois, na Copa do Brasil... mas deixemos isso pra depois) ao ver Simon com o braço erguido, mostrando o cartão para Belletti. Chegou os 40 minutos, 41, 42... As lágrimas rolavam enquanto os torcedores viam as chances desesperadas do ataque atleticano em tentar marcar o gol do título. Então a TV mostrou Belletti, de costas, encostado sozinho na parede do túnel de acesso ao gramado chorando. Ao ver aquela cena, muitos torcedores, que até ali se seguraram, começaram a chorar também.
Simon olhou para o relógio, levou o apito à boca e apitou o fim do jogo. Corinthians era campeão brasileiro. A decepção tomou conta de boa parte da população. Os cruzeirenses comemoravam como se tivessem sido campeões. "Engraçado, eles parecem ter-se esquecido que perderam para o mesmo Corinthians ano passado" disse Samuca, desolado, olhando para o céu estrelado. Os torcedores atleticanos voltaram para casa chorando e se consolando enquanto a TV mostrava, sem ninguém assistir, a festa dos paulistas.
Lucas C. Silva
O Atlético estava na final do Campeonato Brasileiro daquele ano. E os torcedores atleticanos estavam se preparando para o bi-campeonato do time que, segundo eles, chegaria naquela noite. O bar Canto do Galo, reduto da torcida atleticana, estava enfeitado com bandeiras, faixas e balões alvi-negros. Seu Samuca, dono do bar, havia preparado tudo direitinho para receber os torcedores e para a festa do título.
Os primeiros atleticanos chegaram no bar por volta das seis. Meia hora depois, já haviam por volta de 20 pessoas. Com autorização do prefeito, a rua Minas Gerais foi fechada no quarteirão do bar e um telão foi colocado do lado de fora, assim como outras cadeiras. Mais de 50 pessoas estavam lá na hora que Carlos Eugênio Simon deu o apito inicial daquela final. Se o Atlético vencesse por apenas um gol de diferença, seria o campeão. Com Guilherme e Marques no ataque, a confiança dos atleticanos estava em alta.
Foi passando o tempo... 15 do primeiro tempo, 20... 30... e nada de gol. Num lance, Marcelinho Carioca e Gallo foram disputar uma bola alta. Marcelinho acertou uma cotovelada no rosto do atleticano levando a torcida em Cordeirinho ao desespero. Simon, não deu sequer um amarelo. Vai entender...
Chegou o intervalo. 0 a 0 ainda. Se continuasse assim, o Corinthians seria o campeão. Seu Samuca, passava pelas mesas servindo cerveja e petiscos aos torcedores enquanto tentava acalmá-los. "Calma, gente. No segundo tempo a gente marca o gol e o caneco é nosso..."
Chegou o segundo tempo. Os dois times estavam atacando mais. O Galo chegava cada vez mais perto, com chutes cada vez mais precisos... O gol seria apenas uma questão de tempo. Os corações batiam acelerados, os olhos não saíam das telas das TVs, nem sequer piscavam... A cerveja esquentava, o refrigerante perdia o gás, os salgadinhos esfriavam e o gol não saía.
Aos 38 do segundo tempo, alguns torcedores já estavam perdendo as esperanças. Marcelinho Carioca corria com a bola pela lateral do campo quando Belletti lhe acertou um carrinho. Sem pensar duas vezes, o mesmo Simon que não deu cartão ao corintiano ao esmurrar Gallo, expulsou Belleti.
"FILHO DA PUTA! LADRÃO SAFADO! PILANTRA VENDIDO!" Gritou Samuca e muitos outros (assim como fariam 8 anos depois, na Copa do Brasil... mas deixemos isso pra depois) ao ver Simon com o braço erguido, mostrando o cartão para Belletti. Chegou os 40 minutos, 41, 42... As lágrimas rolavam enquanto os torcedores viam as chances desesperadas do ataque atleticano em tentar marcar o gol do título. Então a TV mostrou Belletti, de costas, encostado sozinho na parede do túnel de acesso ao gramado chorando. Ao ver aquela cena, muitos torcedores, que até ali se seguraram, começaram a chorar também.
Simon olhou para o relógio, levou o apito à boca e apitou o fim do jogo. Corinthians era campeão brasileiro. A decepção tomou conta de boa parte da população. Os cruzeirenses comemoravam como se tivessem sido campeões. "Engraçado, eles parecem ter-se esquecido que perderam para o mesmo Corinthians ano passado" disse Samuca, desolado, olhando para o céu estrelado. Os torcedores atleticanos voltaram para casa chorando e se consolando enquanto a TV mostrava, sem ninguém assistir, a festa dos paulistas.
Lucas C. Silva
Um comentário:
Lembro bem desse jogo, e até hoje não me conformo. Não podemos nos esquecer de um senhor que não direi o nome, e que hoje é comentarista de arbitragem, não marou um penalti pro nosso time. E não satisfeito veio roubar o Inter alguns anos depois.
Ps: Que tristeza o clássico desse domingo hein!
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