Guilherme e Marques
São José do Cordeirinho, Minas Gerais. 22 de dezembro de 1999
O Atlético havia acabado de perder a final do Campeonato Brasileiro daquele ano e os torcedores deixavam o bar Canto do Galo desconsolados. Seu Samuca, dono do bar e, provavelmente um dos cinco atleticanos mais fanáticos de Minas, caminhou até o meio da rua e ouviu a festa dos cruzeirenses, que comemoravam o título como se fosse deles. “Engraçado, eles parecem ter-se esquecido que perderam para o mesmo Corinthians no ano passado.” disse para si na hora que seu primo, Eduardo chegava correndo e dizia:
“Samuca, a Estela... parece que a bolsa estourou!”
Eles correram até a cozinha do bar, onde Estela, que esperava gêmeos, estava sentada, com uma expressão de dor.
“Amor, acho que eles tão vindo” disse.
“Edu, fecha o bar pra mim? Vou levar a Estela no hospital que tenho convênio, lá em São João del Rei” disse Samuca para o primo, que concordou em fechar o bar.
Eles levaram Estela ao Tempra do rapaz, que arrancou na direção da cidade vizinha. Quando faltava menos de cinco quilômetros, o carro começou a fazer um barulho estranho e a puxar para a esquerda. “Não, por favor, não...” disse Samuca prevendo o que aconteceu. Ele parou o carro e, para seu desespero, um dos pneus estava vazio.
“Que tá acontecendo, Samuel?” perguntou Estela na hora que seu marido gritou um palavrão.
“O pneu furou...” disse Samuca olhando para o celular, que estava sem sinal.
Naquela hora, Estela deu um grito de dor e disse com uma voz fraca:
“Samuca, eles vão nascer... você vai fazer o parto...”
Samuca, mais desesperado que a esposa concordou e a acomodou no banco traseiro do carro. Ele olhou para os dois lados da estrada, que estava completamente deserta, e pediu para a esposa respirar.
Estela havia acabado de entrar em trabalho de parto. Após algum tempo, que para o casal passou como se fosse horas, Samuca disse:
“Falta pouco, amor, já to vendo a cabeça. Agora faz força!”
Estela empurrou e a primeira criança saiu. Emocionado, Samuca pegou o filho nos braços, desobstruiu sua garganta e o bebê começou a chorar. O rapaz cortou o cordão umbilical e disse:
“Guilherme.”
Mas ainda não havia terminado, colocando cuidadosamente Guilherme no banco do carona, Samuca repetiu o procedimento e pegou seu segundo filho dizendo:
“Marques.”
Ele entregou os bebês à esposa que, tão emocionada quanto ele, o beijou e disse:
“Samuca, eu sempre soube que poderia contar com você. Muito obrigada.”
Naquela hora uma luz surgiu na estrada. Era um carro que se aproximava. Samuca, com a camisa do Atlético suja de sangue e líquido amniótico, correu para o meio da estrada e pediu ajuda para o motorista. Do carro desceu o Dr. André, pediatra do Pronto Socorro de São José do Cordeirinho.
Eles acomodaram Estela e os bebês no banco de trás do carro do médico e trancaram o Tempra de Samuca, que estava preocupado demais com a família para se importar com o carro, e seguiram na direção de São João del Rei.
Ao chegarem no hospital, Samuca estava chorando. Não eram lágrimas de tristeza, como as que chorara mais cedo, na derrota do Atlético, e sim lágrimas de alegria pelo presente que acabara de ganhar: dois filhos saudáveis que receberam o nome da dupla de ataque daquele time que acabara de conquistar o segundo lugar do campeonato: Guilherme e Marques.
São José do Cordeirinho, Minas Gerais. 22 de dezembro de 1999
O Atlético havia acabado de perder a final do Campeonato Brasileiro daquele ano e os torcedores deixavam o bar Canto do Galo desconsolados. Seu Samuca, dono do bar e, provavelmente um dos cinco atleticanos mais fanáticos de Minas, caminhou até o meio da rua e ouviu a festa dos cruzeirenses, que comemoravam o título como se fosse deles. “Engraçado, eles parecem ter-se esquecido que perderam para o mesmo Corinthians no ano passado.” disse para si na hora que seu primo, Eduardo chegava correndo e dizia:
“Samuca, a Estela... parece que a bolsa estourou!”
Eles correram até a cozinha do bar, onde Estela, que esperava gêmeos, estava sentada, com uma expressão de dor.
“Amor, acho que eles tão vindo” disse.
“Edu, fecha o bar pra mim? Vou levar a Estela no hospital que tenho convênio, lá em São João del Rei” disse Samuca para o primo, que concordou em fechar o bar.
Eles levaram Estela ao Tempra do rapaz, que arrancou na direção da cidade vizinha. Quando faltava menos de cinco quilômetros, o carro começou a fazer um barulho estranho e a puxar para a esquerda. “Não, por favor, não...” disse Samuca prevendo o que aconteceu. Ele parou o carro e, para seu desespero, um dos pneus estava vazio.
“Que tá acontecendo, Samuel?” perguntou Estela na hora que seu marido gritou um palavrão.
“O pneu furou...” disse Samuca olhando para o celular, que estava sem sinal.
Naquela hora, Estela deu um grito de dor e disse com uma voz fraca:
“Samuca, eles vão nascer... você vai fazer o parto...”
Samuca, mais desesperado que a esposa concordou e a acomodou no banco traseiro do carro. Ele olhou para os dois lados da estrada, que estava completamente deserta, e pediu para a esposa respirar.
Estela havia acabado de entrar em trabalho de parto. Após algum tempo, que para o casal passou como se fosse horas, Samuca disse:
“Falta pouco, amor, já to vendo a cabeça. Agora faz força!”
Estela empurrou e a primeira criança saiu. Emocionado, Samuca pegou o filho nos braços, desobstruiu sua garganta e o bebê começou a chorar. O rapaz cortou o cordão umbilical e disse:
“Guilherme.”
Mas ainda não havia terminado, colocando cuidadosamente Guilherme no banco do carona, Samuca repetiu o procedimento e pegou seu segundo filho dizendo:
“Marques.”
Ele entregou os bebês à esposa que, tão emocionada quanto ele, o beijou e disse:
“Samuca, eu sempre soube que poderia contar com você. Muito obrigada.”
Naquela hora uma luz surgiu na estrada. Era um carro que se aproximava. Samuca, com a camisa do Atlético suja de sangue e líquido amniótico, correu para o meio da estrada e pediu ajuda para o motorista. Do carro desceu o Dr. André, pediatra do Pronto Socorro de São José do Cordeirinho.
Eles acomodaram Estela e os bebês no banco de trás do carro do médico e trancaram o Tempra de Samuca, que estava preocupado demais com a família para se importar com o carro, e seguiram na direção de São João del Rei.
Ao chegarem no hospital, Samuca estava chorando. Não eram lágrimas de tristeza, como as que chorara mais cedo, na derrota do Atlético, e sim lágrimas de alegria pelo presente que acabara de ganhar: dois filhos saudáveis que receberam o nome da dupla de ataque daquele time que acabara de conquistar o segundo lugar do campeonato: Guilherme e Marques.
(eventos ocorridos logo após Tristeza em Preto e Branco)
Lucas C. Silva
8 comentários:
tirando o envolvimento de futebol na coisa
ficou bonitinha a história
:§
\o/
Muito legal a história, e pra te falar a verdade, já tive e ainda tenho, vontade de colocar o nome de algum filho meu de Marques...
E ainda mais agora que o Messias está de volta!!!
Olê Marques!!Olê Marques!!Olê Marques!!
Marques significa filho de Marcos. E o pai de Marques não era Marcos e sim um fanático por futebol.
E Guilherme significa aquele que protege. Ainda bem que ele foi alguns minutos mais velho! :D
ÓTIMOS TEXTOS!
O Galo perdeu o título e ganhou mais dois atleticanos.
Pergunto-me se seria capaz do mesmo. Bem, tenho que me aventurar nesta vida, certo?
Eu topo a parceria, ok? Com o tanto que você me explique melhor qual a minha função, irei cumpri-la perfeitamenta! (:
Beijo!
Postaa maiiiss! (:
Vai ser fanático assim lá na cidade do Galo!!!!
Cruz Credo.
Grande abraço. De longe atleticano.
Não é fanatismo por futebol, é paixão!
Coisa que só atleticano entende..
Lembro que em 99 eu era bem novinha, tds meus primos reunidos..
E o galo perdeu.. =/
Ow tristeza que foi.. =(
^^
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