"Edu, olha aquilo" disse Mariana apontando para uma estátua ao lado da estrada, bem no meio da Serra do Cipó.
Eduardo estacionou o carro e o casal caminhou até a estátua de um homem sentado. Seu Juquinha, o homem da estátua, era um andarilho que morava numa gruta na Serra do Cipó. Ele apanhava flores e as presenteava, vivas, aos visitantes da Serra. Em troca, recebia comida e roupas. É considerado o guardião da Serra do Cipó.
O casal tirou uma foto junto da estátua e seguiu seu caminho. Já passava das 4 horas e ainda tinha muito chão até Diamantina. Os salgadinhos que comeram quando estavam perdidos na serra não substituíram um almoço e a fome que sentiam enquanto tentavam achar o caminho certo, estava mais forte.
A Serra do Cipó estava ficando para trás e agora Eduardo e Mariana seguiam a MG 010 paralela à Serra do Espinhaço, cada vez mais para o norte de Minas. 20 quilômetros a diante, estava Conceição do Mato Dentro, onde abasteceriam o carro e comeriam alguma coisa, se não encontrassem alguma lanchonete na estrada. Para sua sorte, encontraram uma.
Comeram uns pães de queijo com refrigerante e compraram mais para levarem no carro. Assim que saíram, Mariana olhou para a serra e viu uma cachoeira altíssima.
"Olha que cachoeira linda, amor!"
Eduardo, que estava dirigindo, deu uma olhada rápida e perguntou à noiva se queria dar uma passada por lá.
"Ah, não sei. Não tá ficando tarde?" disse Mariana.
"Agora são 4:30. O sol só se põe às 7:30, 8... se a gente encontrar um caminho daqui da estrada, dá pra ir."
"Ah, então vamos!"
Eles seguiram a estrada até chegar na cidade, e não viram nenhuma sinalização para chegar à cachoeira. Ao pararem num posto para abastecer, ficaram sabendo que aquela era a Cachoeira do Tabuleiro, a maior de Minas Gerais e terceira maior do Brasil, com 273 metros de altura. Como ficava dentro de um parque que estava fechado no dia, não dava para chegar até ela. E para alcançá-la, era preciso fazer uma caminhada de 1 hora e 20 por uma trilha, além de estar acompanhados de um guia, e tempo era algo que Eduardo e Mariana não tinham.
"Aqui perto tem o Salão de Pedras, fica a uns 3 quilômetros daqui do centro e o caminho é bem sinalizado." disse o frentista.
O casal aceitou a sugestão e fez uma visita ao parque, que ficava numa colina nos arredores da cidade. A formação de pedras era belíssima e o silêncio do local, quebrado apenas pelo barulho do vento, dos pássaros e a conversa de uns escaladores que planejavam subir as pedras mais altas, faziam dali um ótimo lugar para passar o dia.
"É, Mari, acho que não quero ir embora daqui não..." disse Eduardo sentado numa pedra e abraçado a noiva.
"Imagina como deve ser o pôr do sol daqui!"
"Nossa, deve ser lindo! Quer ficar pra ver?"
"Ah, amor, eu até queria ficar, mas ainda falta umas duas horas até Diamantina. Vamos continuar viajando." disse Mariana beijando o noivo
"Tá..."
O casal tirou várias fotos no parque e voltou para o carro. Saíram de Conceição do Mato Dentro às 5. Passaram por Serro por volta das 6 e um pouco mais de uma hora depois estavam chegando a Diamantina, onde procuraram por uma pousada para passarem a noite.
Pela manhã, Eduardo e Mariana saíram para conhecer a cidade. Como o dia estava nublado, com ameaça de chuvas fortes, o casal decidiu não se aventurar pelas estradinhas de terra que os levaria às diversas grutas e riachos da região. E apesar de passarem o dia apenas no perímetro urbano, o passeio não deixou de ser maravilhoso.
Conheceram o casarão onde a famosa Chica da Silva viveu. Entre lenda e realidade, dizem que a linda escrava seduziu o rico contador de diamantes João Fernandes de Oliveira e se tornou uma das mulheres mais ricas - e cruéis - da região. Dentro do casarão, viram dados e quadros da ilustre moradora. Ao saírem, passaram pela igreja barroca de Nossa Senhora do Carmo, a única do gênero no Brasil a ter sua torre nos fundos. Dizem que foi Chica da Silva que mandou construir a torre nessa posição para que os sinos não atrapalhassem seu sono.
"Mas será que ali atrás os sinos não incomodavam a Chica não?" perguntou Eduardo.
Mariana sorriu e o casal continuou seu passeio. Passaram pela Catedral Metropolitana de Santo Antônio da Sé, uma grande igreja construida em 1940, no lugar onde ficava a velha matriz. Ainda passaram pela praça JK, pela casa onde Juscelino Kubitschek nasceu, pela antiga prefeitura entre tantos outros lugares da cidade. No casal, ficava sempre a mesma impressão de terem voltado ao tempo. As pessoas com roupas de época que andavam entre os turistas, combinadas com a arquitetura das casas e as ruas de pedras, davam ainda um clima mais romântico e histórico à cidade.
Depois do almoço, cansados de tanto subir e descer ladeiras, Eduardo e Mariana voltaram para o carro, debaixo de uma forte chuva, e pegaram a estrada de volta a Belo Horizonte. Dessa vez fariam outro caminho para a capital, passando por Curvelo e Sete Lagoas, no lado oposto da Serra do Espinhaço ao que foram para Diamantina.
"Não vejo a hora de chegar em casa e descansar." disse Mariana.
"É, somos dois! Se parasse de chover só um pouquinho, a gente podia chegar em casa mais rápido"
"É verdade."
Mariana deu um beijo em Eduardo e ligou o som do carro. O CD do Victor e Léo que estavam ouvindo na ida já havia terminado e a moça procurava por outro para ouvirem.
"Edu, cadê a bolsa de CDs?"
"Não tá aí no porta-luvas?" perguntou o rapaz olhando rapidamente para a noiva.
"EDUARDO, CUIDADO!!!" gritou Mariana desesperada.
Eduardo não conseguiu frear nem desviar do carro que vinha na contra mão.
Continua...
Lucas C. Silva
ps. Não percam o último episódio da viagem e se vocês quiserem saber mais sobre os lugares visitados (e não visitados também) nessa série, minha dica é o site Desvendar. Foi dele que tirei as informações dessa viagem, que eu nunca fiz, mas espero fazer um dia.
* Fotos de: Emilio Paulo, Fernando Bezerra, rmartinipoa
O casal tirou uma foto junto da estátua e seguiu seu caminho. Já passava das 4 horas e ainda tinha muito chão até Diamantina. Os salgadinhos que comeram quando estavam perdidos na serra não substituíram um almoço e a fome que sentiam enquanto tentavam achar o caminho certo, estava mais forte.
A Serra do Cipó estava ficando para trás e agora Eduardo e Mariana seguiam a MG 010 paralela à Serra do Espinhaço, cada vez mais para o norte de Minas. 20 quilômetros a diante, estava Conceição do Mato Dentro, onde abasteceriam o carro e comeriam alguma coisa, se não encontrassem alguma lanchonete na estrada. Para sua sorte, encontraram uma.
Comeram uns pães de queijo com refrigerante e compraram mais para levarem no carro. Assim que saíram, Mariana olhou para a serra e viu uma cachoeira altíssima.
"Olha que cachoeira linda, amor!"
Eduardo, que estava dirigindo, deu uma olhada rápida e perguntou à noiva se queria dar uma passada por lá.
"Ah, não sei. Não tá ficando tarde?" disse Mariana.
"Agora são 4:30. O sol só se põe às 7:30, 8... se a gente encontrar um caminho daqui da estrada, dá pra ir."
"Ah, então vamos!"
Eles seguiram a estrada até chegar na cidade, e não viram nenhuma sinalização para chegar à cachoeira. Ao pararem num posto para abastecer, ficaram sabendo que aquela era a Cachoeira do Tabuleiro, a maior de Minas Gerais e terceira maior do Brasil, com 273 metros de altura. Como ficava dentro de um parque que estava fechado no dia, não dava para chegar até ela. E para alcançá-la, era preciso fazer uma caminhada de 1 hora e 20 por uma trilha, além de estar acompanhados de um guia, e tempo era algo que Eduardo e Mariana não tinham.
"Aqui perto tem o Salão de Pedras, fica a uns 3 quilômetros daqui do centro e o caminho é bem sinalizado." disse o frentista.
O casal aceitou a sugestão e fez uma visita ao parque, que ficava numa colina nos arredores da cidade. A formação de pedras era belíssima e o silêncio do local, quebrado apenas pelo barulho do vento, dos pássaros e a conversa de uns escaladores que planejavam subir as pedras mais altas, faziam dali um ótimo lugar para passar o dia.
"É, Mari, acho que não quero ir embora daqui não..." disse Eduardo sentado numa pedra e abraçado a noiva.
"Imagina como deve ser o pôr do sol daqui!"
"Nossa, deve ser lindo! Quer ficar pra ver?"
"Ah, amor, eu até queria ficar, mas ainda falta umas duas horas até Diamantina. Vamos continuar viajando." disse Mariana beijando o noivo
"Tá..."
O casal tirou várias fotos no parque e voltou para o carro. Saíram de Conceição do Mato Dentro às 5. Passaram por Serro por volta das 6 e um pouco mais de uma hora depois estavam chegando a Diamantina, onde procuraram por uma pousada para passarem a noite.
Pela manhã, Eduardo e Mariana saíram para conhecer a cidade. Como o dia estava nublado, com ameaça de chuvas fortes, o casal decidiu não se aventurar pelas estradinhas de terra que os levaria às diversas grutas e riachos da região. E apesar de passarem o dia apenas no perímetro urbano, o passeio não deixou de ser maravilhoso.
Conheceram o casarão onde a famosa Chica da Silva viveu. Entre lenda e realidade, dizem que a linda escrava seduziu o rico contador de diamantes João Fernandes de Oliveira e se tornou uma das mulheres mais ricas - e cruéis - da região. Dentro do casarão, viram dados e quadros da ilustre moradora. Ao saírem, passaram pela igreja barroca de Nossa Senhora do Carmo, a única do gênero no Brasil a ter sua torre nos fundos. Dizem que foi Chica da Silva que mandou construir a torre nessa posição para que os sinos não atrapalhassem seu sono.
"Mas será que ali atrás os sinos não incomodavam a Chica não?" perguntou Eduardo.
Mariana sorriu e o casal continuou seu passeio. Passaram pela Catedral Metropolitana de Santo Antônio da Sé, uma grande igreja construida em 1940, no lugar onde ficava a velha matriz. Ainda passaram pela praça JK, pela casa onde Juscelino Kubitschek nasceu, pela antiga prefeitura entre tantos outros lugares da cidade. No casal, ficava sempre a mesma impressão de terem voltado ao tempo. As pessoas com roupas de época que andavam entre os turistas, combinadas com a arquitetura das casas e as ruas de pedras, davam ainda um clima mais romântico e histórico à cidade.
Depois do almoço, cansados de tanto subir e descer ladeiras, Eduardo e Mariana voltaram para o carro, debaixo de uma forte chuva, e pegaram a estrada de volta a Belo Horizonte. Dessa vez fariam outro caminho para a capital, passando por Curvelo e Sete Lagoas, no lado oposto da Serra do Espinhaço ao que foram para Diamantina.
"Não vejo a hora de chegar em casa e descansar." disse Mariana.
"É, somos dois! Se parasse de chover só um pouquinho, a gente podia chegar em casa mais rápido"
"É verdade."
Mariana deu um beijo em Eduardo e ligou o som do carro. O CD do Victor e Léo que estavam ouvindo na ida já havia terminado e a moça procurava por outro para ouvirem.
"Edu, cadê a bolsa de CDs?"
"Não tá aí no porta-luvas?" perguntou o rapaz olhando rapidamente para a noiva.
"EDUARDO, CUIDADO!!!" gritou Mariana desesperada.
Eduardo não conseguiu frear nem desviar do carro que vinha na contra mão.
Continua...
Lucas C. Silva
ps. Não percam o último episódio da viagem e se vocês quiserem saber mais sobre os lugares visitados (e não visitados também) nessa série, minha dica é o site Desvendar. Foi dele que tirei as informações dessa viagem, que eu nunca fiz, mas espero fazer um dia.
* Fotos de: Emilio Paulo, Fernando Bezerra, rmartinipoa
6 comentários:
eeeeeeeedu, presta atençãao homeem !
Oh My God !
cooitados... ficaram perdidos e agora vão sofrer um acidente(?) !!
too dooiiida pra sabeer o finaal :)
A história tá chegando no seu clímax né....
Aqui, a versão que eu conhecia sobre a igreja com os sinos no fundo é que naquela época os negros só podiam entrar na igreja até a torre, então, a chica mandou construir uma igreja com as torres no fundo, assim ela poderia ir até o altar...
Acho que a história era + ou - essa.
Num sei se é verdade ou não, isso faz parte das lendas daqui de MG.
Olá Lucas,
Muito bom o seu texto. Vou acompanhar a história agora... fiquei curiosa.
Acho interessante essa sua iniciativa de criar a história e inseri-la em uma paisagem brasileira passando informações sobre as belezas naturais de nosso país tão extenso.
Eu mesma confesso que conheço melhor Londres, por exemplo, do que o Rio de Janeiro, onde acabei vindo parar.
Parabéns pelo blog e obrigada pelo comentário no Jurisconsulto. Seja sempre bem-vindo e tendo alguma dúvida jurídica dê um grito.
passa la no meu blog, tem um selo para o Meus Pensamentos
www.futebolediscussoes.blogspot.com
Eu tava afim de falar com você desde domingo, você já deve saber porque, né? rs
Quando eu digo que cruzeirense é um bicho vingativo, ninguém acredita. Pois é, demos o troco e ainda com juros de 25%. 5 a 0 é brincadeira, né? rs
Foi mal, mas eu precisava falar. Tô insuportavelmente feliz!!!!!!!
Abraço
Que imagem é essa com aquele visual ao fundo?
Que cachoeira é essa?
Que pedra é aquela?
Gente, uma viagem dessas TEM de ser feitas a dois, com total romantismo...
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