Voltando aí bem uns 10 anos, quando eu ainda era um feliz aluno do primário, todo começo de ano era a mesma coisa. Para as aulas de português, as professoras sempre passavam listas com 5 ou 6 livros, geralmente adaptações de obras clássicas da Literatura, ou aqueles da Coleção Vaga-Lume, que marcaram inúmeras gerações, para eu ler. É, esses livros me marcaram profundamente... de forma negativa.
Não, não estou falando mal dos clássicos literários, muito menos da Coleção Vaga-Lume, que aprendi a amar anos mais tarde. O problema nunca esteve nos livros, mas no fato de os professores obrigarem os alunos a ler.
Gente, gosto pela leitura, não é algo que se impõe na escola, com provas e trabalhinhos. Leitura, no meu ponto de vista de leitor e pseudo-escritor, é algo que tem que partir do leitor. O leitor que tem que se interessar pela história e procurar pelo livro. Não algo que faça daquele jeito: "você lê esse livro e faz a prova, senão toma um zero!"
Estou escrevendo isso por experiência própria. Por exemplo, quando eu tava lá pra quarta, quinta séries, me mandaram ler Do Outro Lado da Ilha, Meninos Sem Pátria, Açúcar Amargo e A Primeira Reportagem, da Coleção Vaga-Lume. Na época, li inteiros o Açúcar Amargo e A Primeira Reportagem, de forma obrigatória, sem vontade de ler. Do Outro Lado da Ilha eu li só a metade. Meninos Sem Pátria, nem toquei nele. Não tinha o menor interesse, achava tudo aquilo uma chatice, uma inutilidade. Como que esses livrinhos influenciariam na minha formação?
Acabou que em meados de 2007, 2008, achei, meio empoeirados e esquecidos, o Do Outro Lado da Ilha e o Meninos Sem Pátria, e pensei "quer saber? Vou ler esses livros!". O primeiro, eu achei espetacular, uma história cativante, que não te deixa soltar o livro. Terminei em dois dias. Já o Meninos Sem Pátria, já li, reli e me arrepio quando penso no livro. Tá, é história infantil e tal, mas o livro é maravilhoso, dá vontade de chorar. É um dos livros mais lindos que já li, gostaria demais de encontrar por aí o Luiz Puntel e pedir pra ele autografar meu livro. Não tenho palavras pra descrever... A Primeira Reportagem só não foi lido porque ainda não tive tempo e me arrependo amargamente de ter vendido o Açúcar Amargo para um sebo.
Olha aí o que eu estou falando. Aí que está a diferença entre ler por conta própria e ler obrigado. Professor (agora estou me dirigindo exclusivamente a você), não faz isso com seu aluno. Você acaba despertando mais o desgosto pela leitura do que o gosto (cara, to imaginando a cara dos meus professores quando lerem isso). Sei lá, é um tiro no pé. Tá certo que tem aluno que acaba gostando, mas outros (acho que a maioria) não. Eu, por exemplo, sempre detestei esse papo de ler obrigatoriamente... Eu pretendo um dia ser escritor e peço a todos vocês, mestres: não mandem seus alunos lerem meus livros...
Você, professor, o que acha disso? E você, aluno, o que acha?
Lucas C. Silva
Não, não estou falando mal dos clássicos literários, muito menos da Coleção Vaga-Lume, que aprendi a amar anos mais tarde. O problema nunca esteve nos livros, mas no fato de os professores obrigarem os alunos a ler.
Gente, gosto pela leitura, não é algo que se impõe na escola, com provas e trabalhinhos. Leitura, no meu ponto de vista de leitor e pseudo-escritor, é algo que tem que partir do leitor. O leitor que tem que se interessar pela história e procurar pelo livro. Não algo que faça daquele jeito: "você lê esse livro e faz a prova, senão toma um zero!"
Estou escrevendo isso por experiência própria. Por exemplo, quando eu tava lá pra quarta, quinta séries, me mandaram ler Do Outro Lado da Ilha, Meninos Sem Pátria, Açúcar Amargo e A Primeira Reportagem, da Coleção Vaga-Lume. Na época, li inteiros o Açúcar Amargo e A Primeira Reportagem, de forma obrigatória, sem vontade de ler. Do Outro Lado da Ilha eu li só a metade. Meninos Sem Pátria, nem toquei nele. Não tinha o menor interesse, achava tudo aquilo uma chatice, uma inutilidade. Como que esses livrinhos influenciariam na minha formação?
Acabou que em meados de 2007, 2008, achei, meio empoeirados e esquecidos, o Do Outro Lado da Ilha e o Meninos Sem Pátria, e pensei "quer saber? Vou ler esses livros!". O primeiro, eu achei espetacular, uma história cativante, que não te deixa soltar o livro. Terminei em dois dias. Já o Meninos Sem Pátria, já li, reli e me arrepio quando penso no livro. Tá, é história infantil e tal, mas o livro é maravilhoso, dá vontade de chorar. É um dos livros mais lindos que já li, gostaria demais de encontrar por aí o Luiz Puntel e pedir pra ele autografar meu livro. Não tenho palavras pra descrever... A Primeira Reportagem só não foi lido porque ainda não tive tempo e me arrependo amargamente de ter vendido o Açúcar Amargo para um sebo.
Olha aí o que eu estou falando. Aí que está a diferença entre ler por conta própria e ler obrigado. Professor (agora estou me dirigindo exclusivamente a você), não faz isso com seu aluno. Você acaba despertando mais o desgosto pela leitura do que o gosto (cara, to imaginando a cara dos meus professores quando lerem isso). Sei lá, é um tiro no pé. Tá certo que tem aluno que acaba gostando, mas outros (acho que a maioria) não. Eu, por exemplo, sempre detestei esse papo de ler obrigatoriamente... Eu pretendo um dia ser escritor e peço a todos vocês, mestres: não mandem seus alunos lerem meus livros...
Você, professor, o que acha disso? E você, aluno, o que acha?
Lucas C. Silva
11 comentários:
Você pediu a minha opinião, então, lá vai:
O hábito da leitura NÃO VAI surgir naturalmente em ninguém. Seria maravilhoso se funcionasse assim, mas não funciona. Perceba que você só resolveu ler aqueles livros empoeirados da coleção Vaga-lume pór conta própria depois de anos de amadurecimento, e, de alguma forma, aquele professor do ensino fundamental que te obrigava a ler exerceu influência para esse seu amadurecimento. A gente começa a gostar de ler por causa dos professores que nos obrigavam a ler, por causa de influência dos pais em alguns casos, talvez até por influência da mtv com aquela mensagem na tela dizendo: "Desligue a tv e vá ler um livro"
Mas isso não vai ser espontâneo, e os professores têm mesmo que exigir.
Ah..eu estou dos dois lados...professora e aluna.. Na escola tive pessiam experiencia com livros... Se gosto d ler hoje, foi pq meus pais incentivavam e liam comigo livros d acordo com minha idade...Quando atingi a maturidade pra escolher minhas proprias leituras, já tinha o habito de ler. Obrigaçao realmnete mata, causa repulsa qualquer habito de leitura que possa ser desenvolvido por uma criança.
Ok Cesar, os professores podem ate ajudar sim, obrigando, quando escolhem livros interessantes para as crianças,que sejam do universo infantil.Fora isso, o efeito é contrario ao desejado.
Parabens Lucas...adoreii!!
Discordo do César, caro Lucas. Exigir é muito pesado. Uma criança de 11 anos toma ódio do mestre Machado de Assis por que? Porque é obrigado a ler Dom Casmurro na quinta série. Eu sempre odeio os livros que me são impostos. Custei a gostar de UM dos cinco da minha lista de vestibular. O hábito da leitura deve ser despertado por estimulos. A minha escola de ensino fundamental muito trabalhou isso. Feira de livros, contação de história. Outra coisa muito comum nas escolas: OS PROFESSORES NÃO ACOMPANHAM A LITERATURA DO GOSTO DO ALUNO. Harry Potter é visto como uma praga no meio literário quando, na verdade, deveria ser incorporado ao processo da criança. É preciso varlorizar o que o aluno gosta tamb´´em Eu, por exemplo, só comecei a ler livros que continham maior número de páginas depois do Harry Potter. Não foi nenhum Grande Sertão: Veredas. Se o aluno gosta de mangá, ÓTIMO! Já é uma forma de leitura. Gibi? Maravilha. Melhor se for o da Turma da MÔNICA. Com o tempo ele vai querer novos ares, novos mundos e vai acabar indo procurar algum clássico, tenha certeza.
Reafirmo: IMPOSIÇÃO NÃO. INCENTIVO, SIM!
Estive pensando: SERÁ QUE NÓS SEREMOS OS PR´POXIMOS AUTORES DA COLEÇÃO VAGALUME? QUE TAL PENSARMOS EU, VOCÊ, O CÉSAR NESTA IDEIA...
Exatamente, Raysner. Eu também só comecei a ler livros mais longos depois de ler Harry Potter. Acho que dá, sim, para estimular as crianças a começarem a ler, sem ter de obrigá-las a nada.
E quanto à autoria da coleção vaga-lume, penso nisso há muito tempo. Até tenho uma história mais ou menos desenvolvida, que acho que se encaixa direitinho nessa coleção extraordinária!
Eu sou da opinião de que crianças (assim como adultos, e quaisquer outros seres humanos) são diferentes, e por isso tem métodos diversos de serem estimuladas e influenciadas.
Não dá para generalizar.
Algumas crianças talvez até consigam ser influenciadas de modo forçoso, se ñ ligarem mto para o fato de estarem fazendo algo q ñ foi de sua escolha total.
Mas ainda acho que a grande maioria acaba sendo completamente desestimulada pela leitura compulsória.
Como disse mto bem o Raysner d' Paula o negócio é ler, sem demonizar os textos mais amigáveis às crianças (como gibis, mangás, livros infanto-juvenis mais "pop"). Não adianta enfiar os pés pelas mãos, exigindo q um menino de 10 anos leia uma obra complexa como Dom Casmurro e ainda saia por aí dizendo q é melhor que Harry Potter. É uma questão de bom-senso.
Eu msma, sempre fui uma leitora ávida de gibis, por estimulo de meus pais principalmente, de um modo lúdico. Isso só foi evoluindo, até um ponto em q hj amo quase tudo disponível à leitura (desde mangá a clássicos como Dom Quixote).
Se eu gostava dos livros escolares? Francamente, meu amor à leitura é anterior ao colégio então acho q não desenvolvi tanta repulsa.
Mas com certeza, o método tb não ajudou em nada.
Bem, como professor formado (mas não atuante XD), e como leitor, acredito que realmente não é pedagógico forçar um aluno a ler qlquer coisa. Quer dizer, até certa idade. Uma criança só vai gostar de ler se ela tiver a escolha de ler o que quiser, ou não ler nada. mas é importante fazer com que o ambiente de ensino seja produtivo tb. por exemplo, a experiencia educativa tem mostrado que crianças que a principio não lêem, passam a se interessar mais qndo vêe, seus colegas lendo. é importante que o professor saiba quais livros serão mais interassantes para a faixa etária dos seus alunos, para poder trazer livros que os próprios alunos vão escolher para ler.
Por outro lado, é importante, quando se chegar a uma determinada série, seguir certas diretrizes pedagógicas. Quando se chega no ensino médio, a literatura passa a ser obragatória no curriculo. Então nessa hora o professor tem q obrigar mesmo o aluno a ler. e não pode ser harry potter da vida não; nada contra, mas como estamos no brasil, o importante é estudar literatura brasileira. ou se vamos estudar literatura universal, q estude-se os clássicos. porque é importante fazer um recorte no conteúdo de ensino, e por isso se deve estudar o q ficou consagrado pela crítica; esudar harry potter no colégio seria como estudar Romero Britto em história das artes plásticas. mesmo q o aluno ache ruim, o problema é maior: é questão de mudar todo o ensino. afinal, ninguém cogita em não obrigar o aluno a aprender o teorema de pitágoras...
eu cogito! acho de péssimo gosto que na idade do ensino médio, no qual muitos já definem quem vão beijar, com quem vão fazer sexo (sim, já chegamos a esta era!), o que vão tentar no vestibular, etc, não se pode ainda direcionar o que quer estudar. E a questão não é estudar Harry Potter, definitivamente. É não desvalorizar a bagagem que o aluno traz.
Raysner,
"Não desvalorizar a bagagem que o aluno traz"?
Acho que você quis dizer valorizar, né? XD
Concordo que a opinião dos alunos deva contar na hora de definir o que se deve estudar ou não. Mas é preciso também levar em conta o conteúdo programático das disciplinas. Existe um conteúdo mínimo que o MEC deine que deva ser dado em cada disciplina, que eu acho q deveria ser seguido. De resto, seria muito interessante que o professor escutasse os alunos e lesse com eles os livros que eles estão querendo estudar. Mas é necessário uma coisa: estudar! não é só deixar que os alunos leiam e não se aproveite nada disso, além de fazer uma prova com questões ridículas sobre o enredo do livro. o professor deve ir além disso, ou então deixar que os alunos leiam em casa mesmo =P
Oi, Lucas!
Desculpa a invasão, mas vi seu comentário lá no Grooeland e decidi passar por aqui...
Rapaz... quanta recordação boa você me trouxe! Li praticamente toda a coleção Vaga-Lume e tenho saudades desse tipo de leitura descompromissada, fluída e sem grandes pretensões... Divertir era o principal, né?
Não acho Meninos Sem Pátria um livro infantil. Li lá pelos meus 14 anos e até hoje lembro que cheguei no fim às lágrimas. Aquela parte em que ele canta o Hino Nacional... Caraca, de arrepiar!
Saudade boa aqui. Valeu mesmo por isso! Vou ver se cato e o encontro...
Uahhahahhahaaaaaaa!!!
Se puder me honrar com sua visita:
www.marcelo-antunes.blogspot.com
Valeu mesmo, velho!
Abração!
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