- Gostaríamos de informar que o vôo Gol 3795 procedente de Confins acaba de aterrissar e em instantes começará o desembarque no portão 3.
O coração de Paulo disparou quando o sistema de som do Aeroporto Internacional do Galeão anunciou a chegada daquele vôo. Uma mistura de nervosismo e alívio tomaram conta do rapaz que caminhou até o portão de desembarque, onde outros amigos e parentes esperavam por seus entes queridos.
Suas mãos suavam frio, seu coração parecia que pularia do peito, a garganta estava seca e seu estômago revirava. Por mais que tentasse esconder - até de si mesmo - ele estava ansioso. A revista, que comprara meia hora antes para tentar se distrair, estava amassada entre suas mãos de tanto que ele a apertava. Quem a visse, não diria que ainda não havia sido lida.
Os segundos passavam como horas, e ninguém saía do portão. "Que merda! Cadê esse povo?" se perguntou em voz baixa, enquanto observava as pessoas ao seu redor que também esperavam. Então os primeiros passageiros surgiram.
Alguns saíam sem falar com ninguém. Outros corriam para os amigos e parentes e com abraços e beijos matavam a saudade. Um ou outro parecia desanimado, como se não quisesse ter deixado Belo Horizonte para trás.
Foi então que uma moça surgiu com duas malas imensas. Seu olhar se cruzou com o de Paulo e um sorriso radiante surgiu em seu belo rosto. Um frio na barriga que não sentia havia muito tempo atingiu Paulo que, sorrindo, foi ao encontro da ex-namorada e a abraçou, como se houvesse esperado por aquele abraço sua vida inteira.
- Bia! Há quanto tempo! - disse Paulo abraçando Beatriz, se perguntando se a soltaria.
- Nossa, Paulinho, que saudade!
- Pois é, eu também tava morrendo de saudade!
Os dois se soltaram e se olharam. Havia uma certa emoção naquela troca de olhares e nenhum dos dois conseguiu falar. Então Paulo quebrou o silêncio.
- Eu não disse que vinha te buscar?
- Pois é... Obrigada! Queria tanto ficar com alguém conhecido nas horas que ia passar aqui no aeroporto...
- Pra onde você vai mesmo?
- Itália. - respondeu a moça sorrindo.
- É verdade... você tinha me dito mesmo que queria fazer intercâmbio por lá. Parabéns!
- Obrigada!
O vôo de Beatriz sairia em um pouco mais de três horas, tempo que eles teriam para colocar as conversas em dia. Os amigos caminharam até uma lanchonete cujas janelas davam para o pátio de manutenção das aeronaves e lá falaram de tudo que havia acontecido naqueles tempos que andaram separados, ela em Minas e ele no Rio. Falaram sobre suas famílias, suas faculdades, estágios, viagens e afins. O único assunto que não tocaram foi o rápido namoro que tiveram quando mais jovens.
- Mas e aí, Bia, o que achou de voar? Gostou? - perguntou Paulo.
- Ai, é muito legal! Pena que foi rapidinho! - respondeu Beatriz sorrindo.
- Ah, mas o vôo pra Itália vai ser mais longo...
- É... - respondeu Beatriz olhando para o relógio. Então ela disse - Paulinho, acho que tá na hora...
- É verdade... - respondeu o rapaz desanimado, conferindo seu relógio de pulso.
Beatriz pegou uma de suas malas e Paulo pegou a outra. Do mesmo modo que os segundos passaram como horas enquanto ela não chegava, as horas passaram como segundos enquanto estiveram juntos E, em silêncio, os amigos atravessaram o aeroporto, até o guichê da Alitalia. Assim que Beatriz fez seu check in, virou-se para Paulo e disse, com um abraço:
- Paulinho, muito obrigada! Adorei passar esse tempo com você!
- Eu também adorei te ver! Você sabe que eu sempre me preocupo quando você viaja, então chegando em Roma, me liga!
- Aiai, você não muda! - disse Beatriz rindo - Fica tranquilo. Assim que eu chegar, te ligo sim.
Os dois se deram um abraço apertado. Beatriz ia virando para o portão de entrada quando Paulo pegou seu braço e, ao virá-la, beijou a moça do mesmo modo que o casal havia se beijado em sua primeira despedida, anos antes na rodoviária de Belo Horizonte. Beatriz, ao contrário do que imaginava Paulo, não resistiu. Passou os braços por trás do pescoço do rapaz, retribuindo todo o carinho que ele ainda tinha por ela.
O casal só terminou o beijo quando os alto-falantes anunciaram que aquela era a última chamada para o vôo de Beatriz. Ao se soltarem, Paulo disse:
- Ainda te amo, tá?
A moça sorriu com tristeza e lhe deu outro beijo. Então se virou e, sem olhar para trás, caminhou até o avião.
Do observatório panorâmico do Galeão, Paulo acompanhou com os olhos, cheios de lágrimas, o Boenig 747 que levava Beatriz. O rapaz, que nunca aceitou o fim do namoro, ficou ali até o avião sumir entre as nuvens, voando na direção do Oceano Atlântico.
Lucas C. Silva
O coração de Paulo disparou quando o sistema de som do Aeroporto Internacional do Galeão anunciou a chegada daquele vôo. Uma mistura de nervosismo e alívio tomaram conta do rapaz que caminhou até o portão de desembarque, onde outros amigos e parentes esperavam por seus entes queridos.
Suas mãos suavam frio, seu coração parecia que pularia do peito, a garganta estava seca e seu estômago revirava. Por mais que tentasse esconder - até de si mesmo - ele estava ansioso. A revista, que comprara meia hora antes para tentar se distrair, estava amassada entre suas mãos de tanto que ele a apertava. Quem a visse, não diria que ainda não havia sido lida.
Os segundos passavam como horas, e ninguém saía do portão. "Que merda! Cadê esse povo?" se perguntou em voz baixa, enquanto observava as pessoas ao seu redor que também esperavam. Então os primeiros passageiros surgiram.
Alguns saíam sem falar com ninguém. Outros corriam para os amigos e parentes e com abraços e beijos matavam a saudade. Um ou outro parecia desanimado, como se não quisesse ter deixado Belo Horizonte para trás.
Foi então que uma moça surgiu com duas malas imensas. Seu olhar se cruzou com o de Paulo e um sorriso radiante surgiu em seu belo rosto. Um frio na barriga que não sentia havia muito tempo atingiu Paulo que, sorrindo, foi ao encontro da ex-namorada e a abraçou, como se houvesse esperado por aquele abraço sua vida inteira.
- Bia! Há quanto tempo! - disse Paulo abraçando Beatriz, se perguntando se a soltaria.
- Nossa, Paulinho, que saudade!
- Pois é, eu também tava morrendo de saudade!
Os dois se soltaram e se olharam. Havia uma certa emoção naquela troca de olhares e nenhum dos dois conseguiu falar. Então Paulo quebrou o silêncio.
- Eu não disse que vinha te buscar?
- Pois é... Obrigada! Queria tanto ficar com alguém conhecido nas horas que ia passar aqui no aeroporto...
- Pra onde você vai mesmo?
- Itália. - respondeu a moça sorrindo.
- É verdade... você tinha me dito mesmo que queria fazer intercâmbio por lá. Parabéns!
- Obrigada!
O vôo de Beatriz sairia em um pouco mais de três horas, tempo que eles teriam para colocar as conversas em dia. Os amigos caminharam até uma lanchonete cujas janelas davam para o pátio de manutenção das aeronaves e lá falaram de tudo que havia acontecido naqueles tempos que andaram separados, ela em Minas e ele no Rio. Falaram sobre suas famílias, suas faculdades, estágios, viagens e afins. O único assunto que não tocaram foi o rápido namoro que tiveram quando mais jovens.
- Mas e aí, Bia, o que achou de voar? Gostou? - perguntou Paulo.
- Ai, é muito legal! Pena que foi rapidinho! - respondeu Beatriz sorrindo.
- Ah, mas o vôo pra Itália vai ser mais longo...
- É... - respondeu Beatriz olhando para o relógio. Então ela disse - Paulinho, acho que tá na hora...
- É verdade... - respondeu o rapaz desanimado, conferindo seu relógio de pulso.
Beatriz pegou uma de suas malas e Paulo pegou a outra. Do mesmo modo que os segundos passaram como horas enquanto ela não chegava, as horas passaram como segundos enquanto estiveram juntos E, em silêncio, os amigos atravessaram o aeroporto, até o guichê da Alitalia. Assim que Beatriz fez seu check in, virou-se para Paulo e disse, com um abraço:
- Paulinho, muito obrigada! Adorei passar esse tempo com você!
- Eu também adorei te ver! Você sabe que eu sempre me preocupo quando você viaja, então chegando em Roma, me liga!
- Aiai, você não muda! - disse Beatriz rindo - Fica tranquilo. Assim que eu chegar, te ligo sim.
Os dois se deram um abraço apertado. Beatriz ia virando para o portão de entrada quando Paulo pegou seu braço e, ao virá-la, beijou a moça do mesmo modo que o casal havia se beijado em sua primeira despedida, anos antes na rodoviária de Belo Horizonte. Beatriz, ao contrário do que imaginava Paulo, não resistiu. Passou os braços por trás do pescoço do rapaz, retribuindo todo o carinho que ele ainda tinha por ela.
O casal só terminou o beijo quando os alto-falantes anunciaram que aquela era a última chamada para o vôo de Beatriz. Ao se soltarem, Paulo disse:
- Ainda te amo, tá?
A moça sorriu com tristeza e lhe deu outro beijo. Então se virou e, sem olhar para trás, caminhou até o avião.
Do observatório panorâmico do Galeão, Paulo acompanhou com os olhos, cheios de lágrimas, o Boenig 747 que levava Beatriz. O rapaz, que nunca aceitou o fim do namoro, ficou ali até o avião sumir entre as nuvens, voando na direção do Oceano Atlântico.
Lucas C. Silva
16 comentários:
Um oceano de saudades, incertezas, esperanças, dúvidas, planos, desejos separa dois corações que não terminaram uma história de amor.
Apenas escreveram, cada um ao seu modo, um capítulo onde não havia espaço para dois protagonistas; apenas um.
E, a seu modo, cada um evoluiu para, quem sabe nos capítulos finais, poderem protagonizar, juntos, apenas um destino.
clap!claP!clap!
Então somos dois que sabemos lidar com os sentimentos. Pena que o responsável por escrever certos destinos adore distâncias oceânicas para distanciar amores.
Espero que Roma dure pouco.
E que o amor de 'Paulo' retorne logo...para vários beijos apaixonados.
"E eu conversei com o Vander Lee dia desses, acredita.
Gostei muito da sua prosa nesse conto. Não sei exatamente o que mudou, mas me pareceu mais fluida e direta do que a de suas histórias anteriores.
Bonito e tocante...
E o que acontecerá com os dois? Será q Beatriz vai retribuir os sentimentos? Afinal de contas, um amor é feito de duas pessoas, e não é pq não seja um romance q necessariamente deixe de existir algum sentimento.
E se não...? O que fará Paulo?
O bom dos contos é que permitem uma grande amplitude de respostas não colocadas na história. Acho que sua história acaba bem. Aberta e indefinida... Do jeito que a vida é.
Oi, Lucas!
Nem precisa falar o quanto vc escreve super e tem "time" nos seus textos. Quando vou ao aeroporto também fico pensando sobre essa coisa de encontros e despedidas. Adorei o texto!
Ah, depois passa lá no Café com Notícias que tem promoção especial no aniversário de 2 ANOS! Tenho certeza que vc vai gostar.
Abração,
http://cafecomnoticias.blogspot.com
Beatriz para Paulo: "eu queria poder te dizer sem palavras..."
...
mas o oceano os separa, e o que lhes resta são só palavras.
À Beatriz também restam esperanças:
*de que a amizade não naufrague nesse oceano ou suma entre as nuvens, como um avião.
*e a de que Paulo não deixe de ser "Românticos", e que conheça o gosto raro de amar sem medo
de outra desilusão...
Não sabia que você tava escrevendo contos. Bem legal esse.
Eu particularmente não gosto dessas histórias que não têm um final definitivo. Fica sempre uma esperança vazia.... sei lá.
Encontros e despedidas...Me lembra Maria Rita. Aeroporto carrega uns sentimentos estranhos assim mesmo...
O texto está ótimo, muito bem escrito pra variar um pouco. :) Obrigada pelo comentário e o apoio lá no blog, Lucas! :DDD de verdade.
Beijos,
Bia
Tyler, o amor é uma esperança vazia.
E obrigado a todos que comentaram e que comentarão!
E a sacada do texto é a incerteza final. O beijo é o fato que poderia mudar a história do amor que ficou perdido na distância. Mas não. Ele é apenas um capítulo dessa relação, e um capítulo que não consegue fazer cessar o distanciamento.
Ou será que vai conseguir?
Muito bom!
Abraço
Toda vez que leio um texto seu fico sem palavras e esse em especial foi realmente um dos melhores que já li aqui. Você escreveu de modo a tocar e emocionar qualquer leitor. O título não podia ser mais apropriado, ainda mais tendo relação com a maravilhosa melodia de Vander Lee. Adorei mesmo!
Beijo!!
A pior coisa do namoro é a saudade que não pode ser matada... e quem tá falando é a experiente no assunto!
E a gente nem pode mandar no coração... se os dois estiverem vivos, a Bia ainda volta, morrendo de saudade, pros braços do Paulo!
beeijo Lucas!
Cara, eu já tinha lido esse texto antes, quando você postou... mas não lembro porque eu não comentei nele. Lembro que quando eu li fiquei com a mesma impressão que tive agora ao relê-lo: que, embora ele esteja muito bem escrito, eu acho que ele ia ficar melhor ainda se você tivesse feito ele em primeira pessoa. Porque eu acho que ficaria mais bonito se a gente pudesse ter acesso direto ao que o Paulo tá pensando, sabe? Acho que o impacto emocional do texto (que, eu acho, foi algo que você procurou dar bastante ênfase) ficaraia maior... mas é só uma opnião pessoal, depois tu pensa aí se faz sentido ou não, heheh.
Pensando nisso e depois de ler um dos comentário que fizeram ao seu texto, pensei numa outra coisa: de você meio que reescrever o conto do ponto de vista da menina. Mesmo que você não publique, mas talvez seja um bom exercício de criação, né? O que tu acha? Seria interessante pra contrabalancear os pensamentos/sentimentos do Paulo com os de Bia... Bem, é outra sugestão, heheh, desculpa se eu tô metendo o bedelho demais XD
Te todo jeito o texto tá massa. Mesmo que eu não tenha comentado antes, acho que foi melhor agora, pq me deu mais ideias =) Abração xará!
Muito bom o texto, cara!
Vi a indicação no twitter pelo Vander Lee.
tenho um blog pessoal também que são só de textos inspirados em músicas. Tem umas 3 do Vander,hehe.
passa la depois, comenta e indique!
http://barracodezinco.blogspot.com
valeu!
abç
Sensacional o texto. A trama é boa, as palavras fluem...E o resultado é ótimo. Parabéns! Gosto mt de ler as crônicas dos outros. Só lamento ter demorado tanto tempo para conhecê-la. Salva por sua indicação rs.
Lucas! Maravilhoso o texto, rapaz. Curto, mas com uma potencialidade emocional e imagética absurdas. Daria um curta-metragem certamente. Grande abraço!
Postar um comentário