Não te conheci pessoalmente. Na verdade, só fui apresentado a você quase cinco anos depois de você ter nos deixado. Não te conheci pessoalmente, mas, sem querer ser pretencioso, acho que poderíamos ter sido bons amigos. Pelo menos de minha parte, existiria... não, existe uma grande admiração e respeito.
Você era mineiro, como eu sou. Amava Minas Gerais e Belo Horizonte loucamente, como eu amo. Morou no Rio de Janeiro por muito tempo, como eu moro. Sonhou sempre com a volta à terra amada, como eu sonho. Você também pensava que todos os aviões que passavam por aqui estavam indo para Minas? E também queria estar num deles? E eu sei que você também era atleticano. Amou o Galo como ninguém mais, torceu contra o vento como ninguém mais...
Roberto, posso ser sincero? Não acho que você tenha partido, vitima daquele ataque cardíaco em 2002 não. Acho que você está bem vivo, tocando uma boiada pelos rincões de Minas, como escreveu certa vez que gostaria de fazer. Acho que cansou do furacão que o vento no varal atleticano se transformou nos últimos anos, e decidiu partir pelo interior, onde as dores de cabeça que nosso Galo nos dá não te afetam. Mas, você não pode voltar rapidinho, não?
Eu, um simples aspirante a grande jornalista e escritor, como você foi, queria bater um papinho com você. Queria saber de onde você tirou tanta sensibilidade, para perceber no cotidiano, fatos tão incomuns, como um papai noel que chora por um amor não correspondido, um casal que discute no meio da madrugada quem marcou o gol do Galo, um cego que torce no Mineirão. Queria tirar, de uma vez por todas, descobrir se a Hilda Furacão existiu mesmo. Queria sua ajuda para escrever uma crônica para aquela linda belo-horizontina, de pele morena e cabelos pretos, que me tira o sono, de amor e saudade. Aquela por quem eu seria capaz de fazer o que o Homem de Óculos Ray-Ban fez pela Lu, em Os Mortos Não Dançam Valsa, seu livro que eu mais gosto.
Li que você era fã do Jorge Amado, e que só fez sucesso quando tentou parar de imitá-lo. Verdade? Essa, então, seria seu conselho para mim? Que eu não tentasse me tornar um novo Roberto Drummond, como eu gostaria? Eh, sim, confesso, apaixonado por Minas e pelo Atlético, futuro jornalista e (se Deus quiser) escritor, eu gostaria de seguir seus passos. É melhor eu investir no meu próprio estilo, né? Seguirei a recomendação.
Roberto, no dia que a saudade de Belo Horizonte apertar e você desejar savassiar novamente, manda um recado. Prometo não ser um tiete, nem ficar te importunando muito. Tá, um autógrafo certamente eu pediria, mas não passaria disso. Acima de tudo, gostaria de te agradecer. Por seus livros maravilhosos. Por ter ajudado a matar um pouco da saudade de Beagá, no meu exílio carioca. Por ter traduzido, como ninguém, o que é ser atleticano.
Um grande abraço do seu fã
Lucas C. Silva
Você era mineiro, como eu sou. Amava Minas Gerais e Belo Horizonte loucamente, como eu amo. Morou no Rio de Janeiro por muito tempo, como eu moro. Sonhou sempre com a volta à terra amada, como eu sonho. Você também pensava que todos os aviões que passavam por aqui estavam indo para Minas? E também queria estar num deles? E eu sei que você também era atleticano. Amou o Galo como ninguém mais, torceu contra o vento como ninguém mais...
Roberto, posso ser sincero? Não acho que você tenha partido, vitima daquele ataque cardíaco em 2002 não. Acho que você está bem vivo, tocando uma boiada pelos rincões de Minas, como escreveu certa vez que gostaria de fazer. Acho que cansou do furacão que o vento no varal atleticano se transformou nos últimos anos, e decidiu partir pelo interior, onde as dores de cabeça que nosso Galo nos dá não te afetam. Mas, você não pode voltar rapidinho, não?
Eu, um simples aspirante a grande jornalista e escritor, como você foi, queria bater um papinho com você. Queria saber de onde você tirou tanta sensibilidade, para perceber no cotidiano, fatos tão incomuns, como um papai noel que chora por um amor não correspondido, um casal que discute no meio da madrugada quem marcou o gol do Galo, um cego que torce no Mineirão. Queria tirar, de uma vez por todas, descobrir se a Hilda Furacão existiu mesmo. Queria sua ajuda para escrever uma crônica para aquela linda belo-horizontina, de pele morena e cabelos pretos, que me tira o sono, de amor e saudade. Aquela por quem eu seria capaz de fazer o que o Homem de Óculos Ray-Ban fez pela Lu, em Os Mortos Não Dançam Valsa, seu livro que eu mais gosto.
Li que você era fã do Jorge Amado, e que só fez sucesso quando tentou parar de imitá-lo. Verdade? Essa, então, seria seu conselho para mim? Que eu não tentasse me tornar um novo Roberto Drummond, como eu gostaria? Eh, sim, confesso, apaixonado por Minas e pelo Atlético, futuro jornalista e (se Deus quiser) escritor, eu gostaria de seguir seus passos. É melhor eu investir no meu próprio estilo, né? Seguirei a recomendação.
Roberto, no dia que a saudade de Belo Horizonte apertar e você desejar savassiar novamente, manda um recado. Prometo não ser um tiete, nem ficar te importunando muito. Tá, um autógrafo certamente eu pediria, mas não passaria disso. Acima de tudo, gostaria de te agradecer. Por seus livros maravilhosos. Por ter ajudado a matar um pouco da saudade de Beagá, no meu exílio carioca. Por ter traduzido, como ninguém, o que é ser atleticano.
Um grande abraço do seu fã
Lucas C. Silva
2 comentários:
Nada como uma boa companhia literária para enfrentar nossos exílios
Ei, Lucas! Obrigada por passar lá no blog (Biscoitos Sortidos). Muito legal seu comentário :)
Letícia
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