Isso porque, momentos antes, quando foram apresentar as músicas que concorriam ao prêmio, a Academia colocou Antonio Banderas e Carlos Santana para apresentar a canção. Como justificativa, disseram que Jorge Drexler era pouco conhecido e, de olho na audiência, deram um tapa no bom senso.
Naquele momento o mundo conhecia Jorge Drexler, um dos mais talentosos cantores e compositores da América do Sul. Nascido em Montevidéu, no Uruguai, em setembro de 1964, Jorge começou a vida profissional como otorrinolaringologista. Mas o que o médico gostava de fazer mesmo era cantar. E, seguindo o conselho do cantor Joaquín Sabina, trocou os consultórios pelos palcos. Hoje, com 10 discos lançados e 1 Oscar na prateleira, vive na Espanha casado com a atriz Leonor Watlingm com quem tem um filho.
Momento fofoca. Em 1985, Jorge veio passar o carnaval na Bahia. Numa viagem entre Porto Seguro e Salvador, o mochileiro conheceu uma mineira chamada Ana Cecília Xavier. Se tornaram amigos, se apaixonaram, namoraram, se desencontraram, seguiram suas vidas. Na canção Eden, Jorge fala sobre Salvador, João Gilberto e outras experiências que viveu com Ana Cecília. Anos depois do namoro, após um show em Belo Horizonte, o cantor comentou com repórteres sobre a ex-namorada. Repórteres, inclusive, que promoveram o reencontro. Em novembro de 2006, o Estado de Minas promoveu um reencontro entre Drexler e Ana Cecília.
Pois bem, voltando ao início do texto, a canção Al Otro Lado del Río é a décima segunda faixa do CD Eco² (2005), uma reedição do CD Eco (2004), com três músicas extras. Com uma sensibilidade única de se encontrar e instrumentações perfeitas, Jorge Drexler atinge um patamar de qualidade cada vez mais raro no atual mercado fonográfico.
Muito influenciado pela música brasileira e argentina, Drexler mistura em Eco² batidas mais pop, como Todo Se Transforma, com um estilo que lembra o tango em Se Va, Se Va, Se Fue além de fazer releituras dos poemas de Pablo Neruda Oda Al Tomate e El Monte y El Río, esta última transformada em canção.
O que diferencia Jorge Drexler dos outros artistas é sua capacidade de captar questões do cotidiano e transformá-las em música que agrada aos ouvidos. Mesmo quando aumenta o rítimo de suas canções, Jorge mantem uma harmonia, especialmente entre a bateria e o violão. Violão que, em questão de instrumentos, rouba a cena na maioria das canções, com destaque para Salvapantallas (que, pessoalmente, acho uma das mais bonitas do disco). E mesmo quando usa instrumentos eletrônicos, não causa um ruído no tom da melodia. Reiterando, suas canções são de uma harmonia tal que agrada aos ouvidos.
Agora, sendo mais pessoal e atribuindo (ainda mais) valor no texto, infelizmente, tal qual acontece com Vander Lee, não dá para entender como Jorge Drexler não é mais tocado nas rádios. Mesmo em rádios mais lounge como Antena 1, JB FM e Paradiso, suas canções não são tão executadas e seus discos são difíceis de se encontrar nas lojas. Para quem quer conhecer seu trabalho, o meio mais fácil (e legal) é recorrer a sites como youtube e last.fm.
Aqui fica a sugestão do Meus Pensamentos. Quem procura música calma e agradável de se ouvir em casa, no carro ou em qualquer outro lugar, procure o cd Eco² de Jorge Drexler. Aproveito para também sugerir os álbuns Sea (este com uma batida mais pop, porém não menos agradável, onde destaco Causa y Efecto e Raquel); 12 Segundos de Oscuridad (com destaque para Sanar, Soledad - com a participação de Maria Rita - e da gravação do sucesso dos Titãs Disneylandia) e Amar La Trama, recém lançado, contando com canções gravadas ao vivo. Mais uma prova da genialidade do artista uruguaio.
Lucas C. Silva
2 comentários:
As mulheres mineiras são as melhores mesmo....
Mas não houve esse reencontro. A repórter procurou a Ana Cecilia, ficou sabendo da história, mas encontro não teve.
Bjs
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