Agradecimento especial à Diana Ruiz e ao Igor Rodrigues do podcast The White Robot, podcast que me fez querer ler o livro!
Mesmo sozinho e na pior, o astronauta Mark Watney não perde o bom humor! (ilustração: Artem Rhads Cheboha) |
Mark Watney está ferrado. Ferrado como nenhum outro ser humano esteve antes. Ele está ferido, com recursos limitadíssimos, sem comunicação e sozinho em um deserto. O maior agravante, o deserto no qual ele está é Acidalia Planitia, em Marte! Agora, ele vai precisar sobreviver por quatro anos, até o resgate chegar. Como ele se meteu nessa situação? Como vai sair dela? Esse é o enredo de Perdido em Marte, livro de estreia do autor estadunidense Andy Weir e que chegou no Brasil pela Editora Arqueiro.
Sério, há muito tempo, eu não lia um livro que me prendesse tanto assim. É um livro nerd, com um grande embasamento científico e que explica o funcionamento de diversos equipamentos e de reações químicas que mantêm os astronautas vivos em suas missões. Mas não é chato, pelo contrário, o livro é divertidíssimo! Me fez rir em diversas situações e me deixou aflito em outras. O final de Perdido em Marte me deixou ansioso, ansioso como eu não ficava desde a final da Copa Libertadores da América de 2013. Sério, isso é algo grande.
Mas vamos lá, à história. Num futuro próximo, a terceira missão a Marte é interrompida no sexto dia, graças a uma tempestade de areia muito forte, mais forte do que a NASA poderia prever quando planejou as missões. Para evitar que a nave que levaria as pessoas de volta a Terra fosse destruída, os astronautas decidiram abortar a missão. Na fuga, Mark Watney é atingido por um destroço e desaparece na tempestade. Os companheiros, julgando que ele estivesse morto, foram embora. Mark acorda sozinho, precisando se virar.
Pouco depois de terminar o livro, ainda em êxtase, tirei essa foto dele com a Lua no fundo! |
É nesse ponto em que o livro começa a mostrar seu lado mais interessante. Sabe aquelas obras que você aprende ao mesmo tempo que se diverte? Pois é, Perdido em Marte tem essa característica. Por exemplo, um dia marciano tem pouco mais de 24 horas. Essa informação é importante para Mark conseguir produzir a eletricidade a partir do Sol. O solo marciano é rico em nutrientes, mas precisa de bactérias para fazer sua plantação de batatas. Como ele vai conseguir essas bactérias? A medida que a trama vai fluindo, você vai aprendendo sobre Marte, equipamentos, o dia a dia da NASA, até sobre relações públicas.
Nesse ponto, o livro me lembrou bastante as obras de Júlio Verne. Suas obras, lançadas entre a segunda metade do século 19 e os primeiros anos do século 20, usavam o conhecimento científico da época como base para as aventuras. Fazia pequenas extrapolações, mas nenhum grande absurdo. É o que acontece em Perdido em Marte. As tecnologias existentes no livro ou já existem ou são poucos passos além do que temos hoje. Não vá esperando naves que voam à velocidade da luz ou comunicação por holografia. Essa limitação é o que te tira o fôlego.
O que torna toda essa ciência interessante e engraçada é a personalidade do astronauta principal, Mark Watney. Abandonado em Marte, quase sem perspectivas de sobrevivência, ele não fica recluso, pensativo. Tampouco irritado, xingando o mundo por sua situação. Ele encara a maior parte dos problemas com bom humor, de uma forma meio sarcástica. Além do ponto de vista de Mark (contado na maior parte do tempo como um diário), o livro mostra a visão da equipe da NASA na Terra e da tripulação da espaçonave, voltando de Marte.
As tecnologias descritas no livro são baseadas no que já existe. (imagem: NASA) |
A escrita é leve, engraçada e cheia de tensão. Mark resolve um problema, mas logo depois surge outro ainda maior. E quando ele resolve, surge outro. Sei lá, mergulhei tanto na história que, mesmo sabendo que era uma ficção, que o Mark não existia, eu ficava agoniado, querendo saber o que aconteceria, como ele sairia dessa situação, se ele voltaria para casa ou não! Perdido em Marte é o melhor livro que leio em muito tempo, é daqueles que eu queria apagar da memória para reler e voltar a sentir essa agonia.
Recomendo para todos. Especialmente para quem gosta de astronomia e astronáutica. Vai fazer você querer saber tudo sobre Marte, mais ou menos o que aconteceu comigo!
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