sexta-feira, 16 de julho de 2010

A tristeza do coração, de Drummond e do mar

Hoje, 16 de julho, é Dia de Minas Gerais. Para marcar a data, republicarei essa crônica que escrevi no começo do ano passado.

Hoje meu coração acordou triste. Ele batia lamentando, batia com saudade, mas saudade de que?

Seria da menina ruiva? Sim, a menina ruiva. Aquela que quando sorri, faz ele bater alegre, como se fosse explodir de felicidade. Não, aquela saudade não era da menina ruiva.


Então era de que?

Fui dar uma voltinha em Copacabana pra ver se ele se animava um pouco. Afinal, que coração não se anima com um pouco de exercício? Eu andava pelo calçadão quando olhei para cima, para o céu. Ele estava azul, um azul desbotado, desanimado e o mais engraçado, não tinha nuvens. Onde foram parar as nuvens, meu Deus? Porque, se eu quisesse deitar na areia e olhar pra cima, o que eu ia ver? Um azul triste? E onde foram parar os pássaros? Sim, os pássaros! Cadê os pardais, os bem-te-vis, as maritacas ou pelo menos as gaivotas?

E vendo o céu meu coração ficou ainda mais triste, ainda mais murchinho. Decidi então olhar para a paisagem. Vi os morros, alguns salpicados de casinhas, os prédios chegando mais perto, passando pela avenida, calçadão e o mar. Aquele marzão sem fim, com água até onde a vista alcança. Foi então que reparei outra coisa, o mar também estava lamentando.

Do mesmo jeito do meu coração, as ondas do mar quebravam tristes, lamentando algo familiar, mas que eu não percebia o que era. Cada onda nova era um lamento, quase como se estivesse chorando e suas lágrimas molhando os banhistas, que nada percebiam.

Continuei caminhando pelo calçadão e, chegando perto do arpoador, encontrei Carlos Drummond sentado naquele famoso banco de Copacabana. Pernas cruzadas, livro no colo, os óculos faltando e um olhar sério, perdido. Parecia que sentia falta de algo. Olhei em seu rosto, fitei seus olhos perdidos naquele horizonte tão bonito, então percebi do que todos sentiam falta.

Meu coração, o mar, Carlos Drummond viam um horizonte bonito, mas não um belo horizonte. Eles estavam longe de onde queriam estar, eles sentiam falta de Minas Gerais.

Lucas C. Silva

Um comentário:

Tânia Takao ^_^ disse...

Olá. Navegando pela net me deparei com o seu blog.
As idéias loucas de um cara normal? De repente suas idéias nem sejam tão loucas ou vc nem seja tão normal =D

Fato é que gostei do seu texto. A gente até chega a sentir saudade ao lê-lo.
Saudade de uma coisa, saudade de um lugar, saudade de um alguém que próximo deveria, mas não está =/

Me fez lembrar de uma frase que certa vez li: "A saudade é a memória do coração" (Coelho Neto)

Até a próxima visita, hehe.

=)

Tânia Takao